quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Café com Suplicy

Aconteceu no V. Café da Cultura. “Ué! Mas não foi no Suplicy?!” . Café COM Suplicy. O Eduardo. O de prosa sonífera! Eu e uma amiga, em pleno sábado, fim de tarde, cismamos de tomar um café depois de termos mergulhado em milhares de livros interessantíssimos e caríssimos na belíssima livraria Cultura. Já que estávamos lá, nada mais fácil do que nos acomodarmos no V. Café, certo?! Errado. Muito errado. Saibam que aquele é o point mais badalado em São Paulo nos fins de tarde... sábado, então, nem se fale! Tem de tudo um pouco: jornalistas, apresentadores, intelectuais, pseudo-intelectuais (desses, aos montes!), políticos, cidadãos comuns e pessoas-desavisadas-que-achavam-que-iam-tomar-um-café (adivinha quem??!!).
Em pé, só mesmo um pingado no copo americano no balcão engordurado de um boteco, não no V. Café. Tendo isso em mente, eu e a amiga decidimos lutar (luta mesmo, tipo homem a homem, mesmo!) por uma mesa. Luta injusta. Assim que avistávamos uma movimentação caminhávamos em direção a mesa que imaginávamos que seria nossa. Nada. Nem bem nos aproximávamos da mesa, materializava-se um casal que já nos olhava com aqueles olhos: “se-f****-essa-é-nossa!”. Sem problemas, podemos esperar mais um pouquinho. Oba! Mais uma mesa! Quando já comemorávamos, vindos de uma nuvem de fumaça, dois velhinhos, bem velhinhos, beeeeeem velhinhos, de bengala e andador e tudo. Aaaaah! Sacanagem: “Podem se sentar aqui!”.
Imaginamos que a gentileza seria retribuída pela lei da ação e reação. Nada! Mais uma mesa. Assim que tocamos no encosto da cadeira para sentar, uma mulher senta-se dizendo “Ah, me desculpem, eu estava esperando há horas por essa mesa!”. A boa educação e o espírito evoluído fizeram com que nossos corações se apaziguassem e não quiséssemos partir pro braço. Resolvemos ficar ali do ladinho e mentalizar o mantra da mesa vaga. Vendo nossas carinhas de desalojadas, a tal mulher resolveu bancar a gentil: “Olha, estou com mais dois amigos, se vocês quiserem pegar mais uma cadeira, podem se sentar com a gente.” “Não obrigada, não precisa se incomodar! Depois que você roubou nossa mesa na maior cara de pau do universo, não adianta querer consertar, o que é seu tá guardado!!” - evidentemente, essa última parte do diálogo foi mental!.
Castigo vem a cavalo e nesse caso veio a galope! Pouco tempo depois, vimos quem era um dos amigos da mulher: Eduardo Suplicy!! Obrigada, Senhor pelo livramento!! Ainda bem que não aceitamos o convite de nos sentarmos com eles. Já imaginou um bate papo descontraído com o homem que recita Racionais Mc's???????? Já imaginou quantos litros de café teríamos de tomar pra nos mantermos acordadas????!

Fomos tomar café no Fran’s da Fnac.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Lembranças do Rio...

Geralmente, quem visita o Rio de Janeiro pela primeira vez traz consigo boas lembranças de lindas paisagens, do céu azul e ensolarado, do Cristo Redentor, do Pão-de-Açúcar. Eu não. Fui ao Rio pela primeira vez em 1986, era bem criancinha, e, ao contrário da maioria, guardo dolorosas lembranças de lá. Assalto? Tiroteio? Bala perdida? Nada! Nesse tempo nem existiam bandidos no Rio de Janeiro. Meu trauma fica por conta da comida!!
Quem já passou dos 20 e poucos anos deve se lembrar que nessa época a economia ia muito, muito, muito mal das pernas: inflação galopante, congelamento de preços (quem aí foi fiscal do Sarney?!!!) e racionamento de alimentos. Carne e leite viraram artigo de luxo disputado a tapa em portas de açougues e padarias às 5 horas da manhã. Mas, até mesmo em tempos difíceis, as pessoas precisam de um pouco de diversão. E vamos nós viajar, ficar longe de casa, longe da cozinha de casa, longe do açougue confiável de perto de casa!
Cidade maravilhosa, solão de dezembro, passeando o dia todo, a uma certa altura do dia, os turistas, que também são gente, têm de parar para recarregar as baterias. Lógico que, como já devem supor, Mc Donald’s não era opção. Paramos numa lanchonete (...que as lanchonetes não me ouçam...) e papi fez o pedido pra toda a família: “X salada pra todo mundo!”. “Ueba!”, gritou meu estômago nesse instante, obviamente, antes de ver do que se tratava. Quando o pedido chegou, a cara do pseudo-x-pseudo-salada já não era nada boa: pão-francês murcho da primeira fornada do dia (era tardezinha, quase noite), uma folha de alface (que sabe Deus se viu água antes de ir parar ali) e um “bife” solado-esturricado fazendo as vezes de hambúrguer. Opa! Bife em pleno racionamento de carne?! Fé!
Primeira mordida. Além de amolecer meu dente-de-leite, já pude sentir que tinha algo de muito estranho e diferente com aquela carne. Olhei pra minha mãe com lágrimas nos olhos e sem dizer uma palavra, implorei para não ter de comer aquele alien até o fim. Com meu pai por perto?! Nem pensar. Comi. Comi. Comi. Entre uma mordida e outra, respirava fundo e pedia ao Cristo Redentor misericórdia e uma boa digestão. Nem uma, nem outra.
Até hoje, passados mais de vinte anos, fico me perguntando: carne de que bicho era aquela? Cachorro? Gato? Cavalo? Impossível dizer. Acredito que o “x” não se referia ao “cheese”, mas, assim como na matemática, indicava a incógnita a ser descoberta. Qual a origem de “x”? Não sei. Não há cálculo capaz de responder. Só sei que o gosto está até hoje na minha lembrança e acho até que ainda estou digerindo o tal bife. Lembranças do Rio que me marcaram pra sempre...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Caffè Latte

O Centro Velho de São Paulo reserva gratas surpresas, mesmo sendo barulhento com seus camelôs e pastores aos berros e o mar de gente apressada circulando sem olhar para os lados pelas estreitas ruas. Quando se anda por aqueles lados, do Largo de São Bento ao Teatro Municipal, com um pouco mais de paciência, atenção e boa vontade, é possível se encantar com as lindas construções e o doce charme do passado de uma cidade.
Além das opções culturais como o Museu do Pátio do Colégio, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Instituto Cultural da Caixa, dentre outras, e das opções financeiras como a Bovespa e a BM&F, o Centro Velho é ainda capaz de satisfazer os mais diversos paladares e necessidades gastronômicas de quem trabalha ou passa por ali.
Há vários restaurantes (dos que servem o bom e fresquinho PF aos que têm buffets com 78525698 opções de saladas, massas e carnes), botecos e bares (como o lindo, agradável e bem freqüentado Salve Jorge) e inúmeros cafés, que são o que de fato interessam, afinal, nada, além de um bom café, de oferecer prazer duradouro e alívio imediato para as mazelas da vida ao mesmo tempo!!
Uma boa pedida é o Caffè Latte (Rua do Comércio, 58 – tel.:3242-1700) que fica escondidinho numa quase-viela ao lado da Bovespa. Assim que se dobra a esquina, parece que o mundo fica mais tranqüilo ao som do sax do músico de rua. Ao entrar no café, a sensação de tranqüilidade se mantém. Ambiente claro, elegante e suave, pequeno, mas de boa circulação, há opções de mesas, poltronas e banquetas (no balcão ou olhando o movimento da rua). Jazz de fundo. Há bastante burburinho no horário de almoço (o pessoal do mercado financeiro continua o pregão no café!!!). Os grãos são da Fazenda Pessegueiro (bem suave, mas de sabor e aroma marcantes). Boa carta. Adoçante da marca Gold... estraga o café (lembrete: levar o Zerocal de casa na próxima!). O atendimento é bom: simpático (sem paparicos), rápido (tanto na entrada quanto na saída: assim que a intenção de se levantar da mesa é manifestada, a xícara sai antes de você!) e o bolo de limão... hummm... parece uma nuvem azedinha... de-li-ci-o-so!! Recomendo.
Passear pelo Centro Velho de São Paulo é garantia de boas descobertas. Caminhar devagar, ver de perto, apurar os sentido*: eis a estratégia para tirar proveito desse lado da cidade.


*menos o olfato porque em certos pontos o cheiro de urina-mendiga é cruel. Apure os outros quatro que já está de bom tamanho!!!

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Feliz Ano Novo!!

Podem chamar do que quiser, mas no fim/início de cada ano sou tomada por uma onda avassaladora de otimismo que me faz achar que tuuuuuudo vai dar certo. E me parece que a energia geral é essa. Noto que as pessoas ficam mesmo mais esperançosas, felizes e dispostas a promover mudanças. Reveillon pra mim é marco de mudança, de fim e começo de ciclo. Tempo de repensar, replanejar e recarregar as energias positivas pra os próximos dias que virão! E tudo, tudo, tudo que possa contribuir para que as coisas corram bem são bem vindas!! Nessa passagem de ano confesso e admito que estava particularmente supersticiosa!
Minha tia, primo e prima resolveram virar o ano aqui em casa. Como não havíamos planejado nada com antecedência a coisa rolou mais ou menos no improviso. Decidimos fazer um ceiazinha básica, então a tia, educadamente, se ofereceu pra trazer um franguinho:
- GALINHA CISQUENTA NA MINHA CASA NO REVEILLON NÃO!! - bradei - Gente! Não se come ave na passagem de ano! Já pensou a vida ficar ciscando o ano todo?? Deus nos livre disso!! Traga porco, boi, peixe... qualquer outra coisa!
Muitos e muitos e muitos argumentos depois, consegui convercer a todos que frango, caranguejo e outros alimentos agourentos não deveriam fazer parte da primeira refeição do ano novo. Verdade ou não, prefiro não comprovar empiricamente tal teoria alimentar. Há tantas outras coisas pra se comer, não é mesmo?!
Lentilhas, por exemplo! Tão lindinhas... parecem moedinhas e dizem por aí que dá uma sorte danada!! Fartura, Sucesso, muito dinheiro o ano todo! Garanti uma panelada de lentilhas e à meia noite fiz meu pratinho, tirei os pés do chão (sabia dessa?! dizem que pra coisa funcionar 100% você que tem de tirar os pés do chão enquanto traça as lentilhotas e visualiza rios de dinehiro entrando em sua conta bancária: subi numa cadeira!!) e mandei ver!! Pra beber, champanhe, claro! Para que o ano seja leve, suave e nos faça rir à toa (diz a lenda que quanto mais você bebe mais você ri... e olha que essa foi comprovada empiricamente!!!).
Para completar o repertório da noite, roupas brancas (branca e lilás!), um colar de cristais (uma gama imensa dos mais variados cristais para atrair boas vibrações!!), uma nota gorducha no bolso (que foi posta de volta na carteira, cuidadosamente, para pagar contas de começo de ano...) e o coração aberto pra um ano novo lindo, feliz e cheio de realizações e muita disposição pra fazer com que cada uma das metas traçadas sejam alcançadas. Com ou sem superstição, temos um ano todinho (com direito a bônus de um dia!) para sermos felizes e fazermos o sucesso acontecer por meio de muito trabalho, dedicação e muitas ações e pensamentos positivos!! E que o otimismo se faça presente no miolo, entre o começo e o fim, desse ano!!!! Feliz 2008 a todos!