domingo, 29 de junho de 2008

Festa Junina pede Chá do Padre!

Último fim de semana de junho. Último fim de semana de Festas Juninas. Das comemorações e feriados de nosso calendário, as festas de São Pedro, Santo Antônio e São João dão um banho em termos de oferta de guloseimas!!Nenhuma se compara. Além disso, diferentemente de outras, comemoramos o mês todo. São quatro finais de semana de quermesses em bairros, sítios, igrejas, salões e até mesmo em casa, já que há milhões de receitas típicas e praticamente todas são facílimas de fazer . É sem dúvida a festa mais gostosa e mais calórica do ano todo.
Nada é light, muito pelo contrário, o cardápio típico reúne uma gama imensa de ingredientes de concentrações calóricas assustadoras: pinhão, amendoim, canjica com coco, doce de leite, doce de abóbora, pé-de-moleque, compotas e mais compotas, arroz doce com leite condensado, pipoca doce, quentão, vinho quente e até mesmo uma simples maçã ganha uma crosta de caramelo para virar uma super maçã do amor!!

A lista é enorme e há iguarias que, assim como o a rabanada e o panetone no Natal e os ovos de páscoa na Páscoa, só são apreciadas em época certa com data marcada. Não que não possam ser feitas ao longo do ano todo, mas não têm o mesmo sabor. Um exemplo?! O meu preferido das Festas Juninas: o Chá do Padre!! Ele combina perfeitamente com o clima de festa de interior, além de ser um excelente aquecedor interno para o clima gelado de junho. É a pedida perfeita para quem está dirigindo, afinal, um quentão ou vinho quente pode dar cadeia caso o bebedor esteja de motorista!! Então, para que o motorista não precise ficar choramingando nem maldizendo a lei, dá-lhe Chá do Padre!!

Os ingredientes são simples e fáceis de encontrar, a receita não requer grandes talentos na cozinha e é rapidíssima de ser preparada. Há, evidentemente, inúmeras variações, mas vou dar uma receitinha semi-light* e urbana**. Anote aí e aproveite o último domingo de junho para se aquecer:

1 paçoquinha Paçoquita (gosto dessa porque não é muito doce e tem pedacinhos maiores de amendoim pelo meio, o que deixa a bebida mais charmosinha, mas se não encontrar pode ser qualquer outra de mais ou menos 10 gramas!!)
300 ml de leite desnatado
1/2 colher de sobremesa de leite condensado desnatado
1 poeirinha de canela em pó (dosagem a gosto, só tome cuidado para não exagerar e sufocar o gosto do amendoim que deve predominar!)
Coloque todos ingredientes numa caneca (esfarele a paçoca para facilitar a mistura!) e leve ao fogo. Mexa sempre. Assim que levantar fervura, continue mexendo por mais ou menos dois minutos para que a bebida fique cremosa e bem quente!! Se achar necessário, depois de pronto e na caneca, pingue três ou quatro gotinhas de adoçante para deixar bem docinho. Prontinho! É só se deliciar! Cuidado para não queimar a língua!! Bebida feita, só nos resta a pergunta: porque essa bebida se chama Chá do Padre? Deve ser uma ironia daquelas, afinal, essa combinação de leite quente, amendoim e canela dá uma energiiiiiia!!! hehehe

*...afinal, nenhuma iguaria que leva amendoim na receita pode ser completamente light!!
**dose pequena para uma ou duas pessoas e feita com ingredientes que podem ser encontrados em qualquer supermercado ou doceria, além de ter grau de dificuldade zero!!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Um ano de Clara em Neve!!


Vejam só! Parece que foi ontem que escrevi o primeiro texto e
hoje este blog está completando UM ANO!!
Espero que seja o primeiro de muitos anos!
Obrigada a todos pela leitura!
FELIZ ANIVERSÁRIO PARA O
CLARA EM NEVEEEE!!!

domingo, 22 de junho de 2008

Café Girondino


No melhor estilo máquina do tempo, o Café Girondino (Rua Boa Vista, 365, esquina com a Rua São Bento, Centro, SP, tel.: 3229-4574) do século XXI cumpre com muita delicadeza e competência a missão de reproduzir a atmosfera do Café Girondino que existiu no fim do século XIX e início do XX.

O ambiente é absolutamente encantador. Iluminação aconchegante, privilegiando a luz natural que entra pelas diversas janelas que circundam o espaço e que é filtrada pelas românticas cortinas de renda de meia janela. A decoração toda remete à São Paulo glamourosa da era cafeeira, com fotos dessa época espalhadas pelo salão. No piso térreo funciona o café e a lanchonete, no mezanino há o bar e no andar superior funciona o restaurante.

Além de gracioso, versátil. No almoço oferece pratos quentes, grelhados e massas. À tarde, o restaurante cede a vez ao café. Grãos Bravo! num espresso bem tirado e um pão de queijo simplesmente de-li-ci-o-so (verdadeiramente delicioso... impossível contentar-se com apenas um!), além de outras bebidas à base de café, chás e doces. Tão logo a tarde se vai, vem chegando a happy hour. É nessa hora que a tranqüilidade do café vai sendo substituída pela movimentação de quem terminou mais um dia de trabalho e está louco por um choppinho gelado! O ambiente fica repleto de gente bonita! Boa pedida, heim!!

O atendimento é um caso à parte. Assim que se entra, um garçom simpaticíssimo dá as boas-vindas e conduz todos à mesa. Impossível não ser visto e atendido! Fica claro que se tratam de garçons com alguns anos de experiência e que fazem com maestria seu serviço. Atendem com simpatia sincera e atenção necessária e na medida. Dão sugestões, limpam a mesa educadamente, servem com rapidez. Têm muito a ensinar aos novatos de cafés moderninhos!! A coisa só complica quando a casa começa a encher, é nesse momento que pedir a conta se torna um exercício de paciência e honestidade!! Depois de algumas tentativas em vão, decidi pagar a conta diretamente no caixa e um dos garçons, de tão simpático, nem se deu conta de que a conta ainda não havia sido paga, deu até um boa noite e obrigado!! Acontece! A casa estava, de fato, lotada.

Ambiente bonito e confortável. Excelente atendimento. Bom café. Fantástico pão de queijo. Gente bonita circulando. O Café Girondino é um lugar para chegar na hora do almoço e querer sair só quando as cadeiras começam a ser viradas. Pra lá de recomendado!!


domingo, 15 de junho de 2008

Efeito Plebe Rude num Metabolismo Mazzaropi

Sou uma pessoa diurna, sendo assim, acredito que as noites foram feitas para dormir. Meu metabolismo é do tipo Mazzaropi: gosto de acordar cedo e dormir antes do dia seguinte começar. É que nem todo mundo mundo nasceu com metabolismo de coruja, existem aqueles que, como eu, começam a operar tão logo o Sol nasça no horizonte e vai parando de funcionar quando a dona Lua dá o ar da graça!

Procuro não lutar contra isso. Respeitar o próprio metabolismo - tendo boas horas de sono, se alimentando em horários adequados - é um dos segredos para uma vida equilibrada. Há dias, porém, que mando essa teoria às favas!! Plebe Rude*, a melhor banda nacional de todos os tempos, é um bom motivo para dar um olé na vida equilibrada e na rotina alimentar. Sou fã e quando tem show em São Paulo, lá estou eu: pronta, feliz e disposta para virar a noite.

Foi o que aconteceu nesse fim de semana. Sexta-feira (13!!) no CB Bar e sábado no Kazebre Rock Bar. Dois dias agitando de noite, bebendo de madrugada, dormindo de dia e comendo nos horários mais bizarros possíveis.

Da sexta para o sábado, algumas cervejas e nada de comida. Voltando pra casa, com o Sol devidamente instalado e brilhando no céu, a visão do paraíso: uma máquina da Nescafé e o estômago agradecendo a dose de Mocaccino quentinho!! Já em casa, banho e cama. Algumas horinhas de sono. Meio-dia, hora de... café da manhã!! Afinal, um dia só começa quando se toma o dejejum. Feita a primeira refeição, hora de organizar a vida! Antes, melhor tirar mais um cochilo. Acordando, hora de almoçar. Passa o dia e já é hora de sair de novo. Antes, um lanchinho rápido.

Do sábado para o domingo, papo vai, papo vem. Mais papo, música, uma cerveja, muita água. Nada de fome. O estômago não reclama e nem me lembro que o coitado existe. O metabolismo insiste em pensar que estou dormindo e, portanto, não preciso comer. Lá pelas quatro, cinco da manhã, o manjar dos deuses: a pizza do Kazebre!! Não sei dizer exatamente se essa é, de fato, a melhor pizza do mundo, mas nessas circunstâncias, nada seria mais apetitoso!! Em casa, banho e cama, com certeza!! Repostas as energias, mais ou menos, à uma da tarde, café da manhã. O almoço?! Ah! foi às seis da tarde!! E só!

O shows foram maravilhosos, irreparáveis. O melhor do rock. O metabolismo ficou meio doido, mas, valeu a pena, certamente, além disso, amanhã é segunda-feira, dia oficial de... retomar a rotina. Feliz da vida!
*nasceu ontem e não sabe de quem estou falando??! Que absurdo! Para reparar tamanha ofensa ao bom gosto musical, informem-se: www.pleberude.com.br e www.xdaquestao.blogspot.com

domingo, 8 de junho de 2008

Bolo Capuccino!!

E não é que fazia um século e meio que eu não publicava uma receitinha??!! Para reparar o deslize, aí vai uma receita com todas as dicas possíveis para que ela dê certo!! Ontem, estava com vontade de comer bolo de chocolate (como sempre!!), mas quis agregar outros sabores. Pensei logo no café... humm... chocolate, café... por que não colocar também canela?! Resolvi, então, unir o útil (?) ao agradável para levar ao forno um cheirosíssimo bolo capuccino. Para dar um toque de crocância, coloquei nozes picadinhas. Deu água na boca?! Veja como é facinho de fazer:

1 ovo;
3/4 de xícara de chá de café beeeeeeem forte;
1/4 de xícara de chá de leite desnatado (caso prefira, use o integral...fazer o quê?!);
1/2 colher de sopa de margarina light (vale o mesmo conselho...);
4 colheres de sopa de açúcar light para forno e fogão (...mas se não tiver, use o açúcar gordinho, coloque 7 colheres... este não é um bolo muito doce);
3 colheres de sopa de cacau em pó (caso opte por achocolatado em pó, use 4 colheres e diminua uma de açúcar pois esses achocolatados já contêm açúcar na composição);
1 colher de sobremesa rasa de canela em pó;
1 xícara bem cheia de farinha de trigo (costumo fracionar, uso 1/2 xíc. de farinha branca e 1/2 de integral);
1 colher de sobremesa de fermento em pó;
5 ou 6 nozes picadas grosseiramente.

Antes de qualquer coisa, faça a parte mais chatinha: unte a assadeira. Como é uma receita pequena, usei uma fôrma de bolo inglês (21x9,5x4,5cm). Em seguida, numa tigela, misture a farinha e o fermento em pó (use um fuet*) para que fiquem bem distribuídos. Esse pequeno cuidado fará com que seu bolo cresça de maneira uniforme. Em seguida, no liqüidificador, coloque o ovo, o café, o leite, o cacau em pó, o açúcar, a canela em pó e a margarina. Bata por aproximadamente 1 minuto; isso irá aerar o líquido, contribuindo para o crescimento do bolo. Em outra tigela, coloque o líquido e, com o auxílio do fuet, vá agregando, aos pouco, calma e tranqüilamente, com muita delicadeza, a farinha que já foi misturada ao fermento. Por último, coloque as nozes picadinhas e dê a derradeira misturadinha. A massa deve ficar homogênea, cheia de bolhinhas (...sinal de que o processo de fermentação já começou!!!! O que significa que seu bolo tem grandes chances de crescer!!!!!). Não se assuste, a massa é meio líquida mesmo, mas, caso ela tenha ficado líquida demais por causa do tamanho do ovo**, coloque mais uma ou duas colheres de farinha de trigo e vá misturando com a mesma delicadeza de outrora***. Coloque essa maravilha de massa na assadeira e leve ao forno médio por aproximadamente 40 minutos. Assei no forninho elétrico e como a resistência fica bem pertinho da massa, depois de 20 minutos coloquei papel alumínio, delicadamente, sobre a fôrma para que não ficasse bronzeado demais por cima e cru no meio, mas cada um sabe o forno que tem, então vale o teste do palito depois de 30 minutos. Enquanto espera, passe um café fresquinho para acompanhar a espera e, depois, o bolo!! Fica delicioso, acredite: massa saborosa e bem molhadinha. Aaah... no dia seguinte ele fica ainda melhor ... o difícil é sobrar!!

DICAS INCRÍVEIS PARA ANOTAR E USAR SEMPRE:
1- quando o bolo for de chocolate, unte a assadeira com margarina ou manteira e, ao invés de usar farinha para polvilhar, use chocolate em pó, achocolatado ou cacau em pó. Assim, quando você desenformar, ele ficará todo pretinho, sem aquele branco do excesso de farinha!! Genial!!
2 - sempre que for fazer bolo, utilize ingredinetes em temperatura ambiente e o leite, água, café ou outro líquido que a receita pedir, amorne antes de usar. Isso irá adiantar o processo de fermentação. A massa não levará tanto tempo para esquentar no forno, desse modo ele não desperdiçará o calor que deve ser usado para fazer seu bolo crescer feliz e satisfeito!!

*nome chique para o batedor de arame;
**isso é realmente um problema e já foi abordado nesse blog em: http://claraemneve.blogspot.com/2008/02/uma-receita-da-minha-me.html ;
***quais as chances de você ler "outrora" numa receita de bolo??!! Só mesmo em uma receita escrita por uma ligüista, né?!

domingo, 1 de junho de 2008

Édipo na cozinha



Fizeram tudo de maneira bem típica: conheceram-se, namoraram, engravidaram, noivaram e casaram-se. Tanto ela quanto ele saíram da casa dos pais para começar uma nova família.

Ela, moça inteligente, dedicada e prendada como não se vê mais hoje em dia. Estava no último semestre de engenharia de alimentos quando engravidou. Foi à formatura de barrigão.

Ele, rapaz bem educado, paparicado e criado sobre os mimos e cuidados da mãe. Estava no último semestre de engenharia civil quando descobriu que não seria mais o neném da mamãe e passaria a ser o papai do neném da vovó. Foi à formatura com enxaqueca.

Caídas todas as fichas, hora de encarar a nova vida. Ele, sortudamente, conseguiu vaga numa grande construtora. Ela, gravidíssima, teria de adiar um pouquinho o início da vida profissional. Aos poucos, as coisas iam se ajeitando: ele estava adorando o emprego, a vida de casado e a idéia de ser pai; ela até que via certo charme em poder desfrutar traqüilamente da gravidez e ter tempo para se dedicar aos cuidados da casa.

Ele, como bom filhinho da mamãe, não sabia ferver a água para um chá. Ela, como boa moça prendada, esmerava-se nos cuidados com o desajeitado marido. Aos domingos, rigorosamente, convidavam os pais de ambos para a macarronada que ela fazia questão de preparar. Ela adorava cozinhar e fazia isso de maneira primorosa, aliando tudo o que aprendeu com a mãe aos conhecimentos técnicos da faculdade. As famílias se davam bem, o que tornava as reuniões sempre muito agradáveis... não fossem os insistentes comentários dele depois que todos iam embora:

- Amorzinho, o almoço estava delicioso, mas a macarronada da mamãe é insuperável.

ou:

- Querida, sua comida é uma delícia, mas ninguém faz macarronada como a minha mãe.

ou ainda:

- Meu chuchuzinho, bem que você poderia aprender como minha mãe faz macarronada, né?

Aquilo, para ela, era uma afronta. Como assim aprender a fazer macarronada com a mãe dele?! Ela aprendeu a fazer macarronada com sua mãe, que, por sua vez, aprendeu com sua avó, que era italiana legítima! Sabia fazer macarrão de modo caseiro, preparava o molho com horas de cozimento, temperos colhidos em sua mini horta. Tudo com amor, técnica, história e preciosismo. E era a mãe dele quem fazia a melhor macarronada???? Tomou aquilo como desafio. Superaria a macarronada da sogra custasse o que custasse e sem pedir a receita.

Começou a pesquisar. Leu livros e mais livros de receitas. Freqüentou cursos, workshops, conferências. Fez aulas com um tri-estrelado chef italiano que visitava o Brasil. Passou a fazer macarronada todos os dias. Já estavam oito quilos mais gordos e nada. Ele continuava dizendo que a macarronada da mãe era melhor.

Um dia, um daqueles dias que tudo resolve dar errado, ela, quase doida, preparava o jantar: macarronada. Entrega das compras do supermercado chegando, cozinha tomada por sacolinhas, a vizinha pedindo uma xícara de açúcar emprestada, os gatos brincando alucinadamente com as sacolinhas do supermercado e o bebê chorando freneticamente, clamando por atenção. Com o molho já quase pronto, colocou a massa para cozinhar e resolveu colocar ordem no caos. Despachou a vizinha dizendo que só tinha adoçante, deu dezessete sacolinhas vazias para os gatos brincarem na varanda, escondeu as comprar no armário e foi acudir o filho que berrava como uma sirene. Como o caso era de fralda vencida, quando terminou de higienizar o herdeiro, o molho já estava num princípio de incêndio e o espaguete já estava da espessura de um braço. Exausta, irritada e furiosa, resolveu servir aquela massaroca no jantar.

Ao engolir a primeira garfada, ele fechou os olhos, suspirou e de joelhos disse à ela:

- Minha vida, finalmente sua macarronada ficou como a da mamãe!!

Ela pediu o divórcio na mesma noite.

Ele voltou para a casa da mãe e ela casou-se com o tal chef italiano.