domingo, 26 de abril de 2009

Apetite


Quer coisinha mais temperamental do que o apetite?! Varia não apenas de pessoa para pessoa, mas também numa mesma pessoa dependendo da situação. Intimamente ligado às emoções, o apetite oscila ao sabor dos sentimentos.

Durante a infância, uma das grandes brigas das mamães é abrir o apetite de seus rebentos. Nessa fase, no entanto, o apetite dos pimpolhos é pelas brincadeiras, pelas descobertas, não por comida... comer é apenas um detalhe e só há apetência por salgadinhos, bolachas, refrigerantes. Apetite de criança é bem espertinho! Diante de um prato de arroz e feijão ele faz bico, diz que não quer, chora e vai embora, mas a coitada da criança, que não pode simplesmente sair andando, acaba tendo que mandar aquele pratão para dentro, mesmo sem o tempero do apetite.

Apetite é assim: se abre ou se fecha e nunca se sabe qual é a chave que usa.

Na vida adulta, quando as mamães não mais obrigam seus bebês a comer (ou quase isso!), são os probleminhas que passam a ser a chave dessa porta. Num momento de grande ansiedade, o tal do apetite pode fazer uma pessoa sentir engulhos ao ver o mais sucolento dos pratos ou pode fazê-la querer comer não só o prato, como também os talheres, guardanapo e tudo mais. Junta-se à ansiedade, a irritação, o estresse, o nervosismo, a depressão e por aí vai.

As meninas, que maravilha, têm um item a mais nessa listinha: a tpm! Nesse período, há a fase do enjoo, perda total do apetite - nela, nem uma lasanha quentinha e cheirosa, na hora do almoço, parece apetitosa. E a fase 'draga', apetite com força total vezes 10 ao cubo - nessa o apetite faz tudo, tudo, absolutamente tudo parecer o manjar dos deuses.

Mas, não são só as emoções desagradáveis que fazem o apetite variar. A amor, por exemplo, faz o apetite dos pombinhos apaixonados oscilar mais do que o índice Down Jones em tempos de crise, inclusive o sabor dos alimentos fica mais agradável, embora nem sempre se esteja com apetite para devorar a pizza do encontro do sábado à noite, por haver coisas mais interessantes para fazer.

E por falar em sabor, o apetite geralmente vai embora quando não se pode sentir exatamente o gosto do que se come. Isso acontece quando se está doente. Aquela gripona não leva apenas o ânimo pra longe, ela faz tudo ganhar sabor de isopor e não anima o apetite, por isso ele vai dar uma voltinha e só retorna quando os lenços de papel são aposentados. Por outro lado, a fato de ter de ficar de molho, se recuperando, pode abrir o apetite do pobre enfermo.

Apetite oscilando muito?! Bom parar e pensar nos motivos. Comer com prazer, não por obrigação, com o apetite convidando você aos melhores pratos, com moderação, não para satisfazer a gula, faz o organismo receber melhor tudo aquilo que está entando nele. Os nutrientes são absorvidos com mais eficiência e as refeições tornam-se muito mais satisfatórias... embora não estejamos completamente livres das vontades inexplicáveis, né?!

domingo, 19 de abril de 2009

Efeitos Especiais

Há algum tempo, eu e alguns amigos nos encontramos para visitar a super-mega-blaster exposição de Pablo Picasso na Oca do Parque do Ibirapuera em São Paulo. Exposição divina, embora eu seja suspeita para falar, já que sou fã do Pablito!
Por razões que a própria razão desconhece e motivos até hoje não explicados, muito menos entendidos, demoramos uma encarnação e meia para chegar ao Parque, mais meia vida para chegar à Oca. No entanto, a vontade de imergir na arte cubista era tamanha que pulamos um detalhe que, mais tarde, se revelou de suma importância: uma boquinha antes de iniciarmos a visita.

Ao contrário da maioria das ocas indígenas, a do Ibirapuera é gigantesca... não tão grande quanto a reserva Raposa Serra do Sol, mas, certamente, bem maior que a maioria das casas populares. Enfim, o fato é que o percurso por toda a exposição levou horas e horas e horas, afinal, além do espaço ser imenso, como bem se sabe, uma obra de arte deve ser apreciada com certo vagar, o que então se dirá de centenas delas? E assim, com vagar e atenção, a fizemos.

Olha daqui, olha de lá, obra daqui, obra de lá. Depois de algumas horas, notamos que nossos comentários sobre as obras começaram a ficar um tanto delirantes. O próprio olhar sobre elas tornou-se diferente, quase psicodélico. Coisas esquisitíssimas começaram acontecer. Certas partes saltavam das telas tal como nos filmes em 3D. Era quase possível tocar as imagens que flutuavam no ar. A arte tornava-se etérea bem diante de nossos olhos, nossos corpos estavam leves. Não andávamos mais pela Oca... ela andava em torno de nós.

Teria a arte tomado conta de nós a ponto de podermos vivenciá-la fisicamente?!

Hummm, não.

Aquelas sensações tinham um nome: fome. Fome das brabas! Fome de nos deixar vesgos. Fome de baixar a pressão a zero. Fome de nos fazer ver o próprio Pablo ao nosso lado (...uma das amigas jura até hoje que ele mesmo explicou uma obra para ela... medo!).

Somando o tempo de percurso mais o tempo de caminhada dentro da Oca, estávamos há pelo menos 10 horas sem colocar nem uma gota d'água na boca. Parece pouco, mas para nós foi o suficiente para vivenciarmos a arte cubista de uma outra forma! Antes que passássemos dos delírios às agressões verbais e/ou físicas, fizemos uma pausinha para um lanche reforçado.

Depois do recreio, a exposição foi vista com outros olhos... não tinha mais o efeito 3D e o Pablo não nos quis falar mais nada!!

Agora estou na dúvida: dou a dica de comer antes de visitar uma exposição de arte ou digo para visitar a tal exposição num jejum mínimo de 12 horas?! Escolham a opção que mais atraí-los, certo?! Depois dessa, prefiro fazer um lanche reforçado... fiquei com medo do Pablo!hehehehe
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Ah! E por falar em oca... Feliz Dia do Índio!

domingo, 12 de abril de 2009

É Páscoa!!


Depois da Sexta-feira do Peixão*, do Sábado de Aleluia... finalmente é Páscoa! Gastronomicamente, o feriado mais delicioso, perfumado, crocante, trufado, cremoso de todos. O prato principal?! Chocolate! Muito chocolate, o dia todo, de todos os tipos. Chocolate no café da manhã, no almoço, no lanche da tarde, no jantar e antes de dormir. Ueba!

Tão logo o carnaval solte sua última serpentina no ar, o comércio já se veste de coelho e sai exibindo chocolates de todas as formas por aí. É impossível passar impune. A lambança já começa na quaresma: um 'bombonzinho' aqui, um 'tabletinho' acolá. São quarenta dias de tendas infinitas de ovos nos supermercados, litros de chocolate sendo derramados nos comerciais da tv, folhetos na porta de casa tentando nos convencer de que, pagando em 12 vezes no cartão, os ovos que queremos não saem tãããão caros quanto parecem (ah, tá!)... e assim aguardamos ansiosamente o domingo de Páscoa.

Quando finalmente chega, todo mundo vira criança nesse dia. Não que os marmanjos saiam seguindo patinhas de coelho pela casa em busca de ovos escondidos, não, não, longe disso. Quando crescemos, ficamos mais velhos, sábios e maduros, sabemos perfeitamente onde ficam os ovos de chocolate e vamos direto ao ponto: o armário da cozinha!! Também descobrimos que não são os coelhos que 'botam' os ovos de chocolate no armário e para que cheguem lá, depois de adultos, passamos a desejar ter uma galinha que bote ovos de ouro para comprarmos os ovos de chocolate que têm ficado cada vez mais caros! E por mais 'maduros' que estejamos, sempre esperamos ganhar muitos ovos do pai, da mãe, dos tios, dos padrinhos... ganhar ovos de Páscoa sempre nos deixa mais crianças, mais inocentes... a ponto de nem ficarmos pensando em quantos trilhões de calorias estamos ingerindo num único dia!

Mas, ainda que os ovos de chocolate predominem os pensamentos, Páscoa não é só isso, pois não?! A Páscoa é um dia do ano para pensarmos no renascimento. Independentemente de religiões e crenças, que esse seja um momento para pensarmos em tudo de bom que pode e deve renascer. Que renasçam a esperança em si e nos outros, a fé em dias melhores, a generosidade nos atos. Renasçamos mais felizes, mais fortes, mais otimistas (mais!). Renasçamos com o mundo, para o mundo. Não vamos deixar que a Páscoa, esse ano, marque apenas o renascimento das espinhas no rosto e dos quilinhos por todo o corpo, heim?! Feliz Páscoa a todos!


*com todo respeito à paixão de Cristo, mas diz aí se toda Sexta-feira Santa não rola um peixão no almoço, heim, heim?!

domingo, 5 de abril de 2009

Top 5: estratégias de sobrevivência num boteco de quinta durante um ataque alucinante de fome no meio do nada


1° o teste do balcão - a fome é grande, a localidade não oferece opções, o jeito é entrar no único 'estabelecimento' que oferece 'coisas' de comer. Assim que entrar, de modo algum sente-se a mesa (se houver), antes, vá ao balcão para um rápido teste: encoste seu antebraço balcão e conte até 3. Se sua pele não aderir à gordura acumulada do balcão, fique parcialmente feliz, sinal de que ele foi limpo há pelo menos 6 meses. Caso sua pele fique grudada, mas se solte depois um leve puxãozinho, é um sinal de que ele foi limpo há 1 ou 2 anos atrás, hora de decidir se sua fome é maior do que o nojo dessa informação. No entanto, se seu antebraço ficar completamente grudado no balcão e não se soltar nem com a ajuda do balconista, peça um pouco de água morna, jogue entre a pele e o balcão, assim que a gordura amolecer, recolha seu bracinho querido e saia o mais rápido possível do local, sem olhar para trás;

2° copo descartável - na hipótese de ter permanecido no local, peça algo para beber, talvez sua fome seja apenas sede! Comece pedindo uma água. Peça uma cujo copo ou garrafa venha lacrado, vedado, isolado da atmosfera do boteco. Caso o balconista diga que ele não 'trabalha' com esse tipo de mercadoria, pergunte qual seria a procedência da água vendida. Se ele disser que a procedência é uma bica que fica logo ali, no mínimo peça que ele use um copo descartável! Mas pense na possibilidade de pedir que ele abra um pacote novo, nem que para isso você tenha que pagar por todo o pacote... afinal, existe a possiblidade do digníssimo balconista ser do tipo que 'reutiliza' copos descartáveis!

3° talheres descartáveis - você é a pessoa mais corajosa e faminta do mundo, o copinho d'água só abriu ainda mais seu apetite, o único jeito de resolver o problema é comer! Prefira coisas que podem ser comidas com as mãos, como lanche, esfirra, pastel. No caso desse último, o lado bom é que o óleo quente pode ter matado todas as bactérias, mas o lado ruim é que o óleo super-hiper-mega-ultra-saturado completando 5 anos no tacho pode matar você. Se o balconista disser que não frita, não assa e não prepara nada na hora, repense. Pergunte pelo PF, com muita, muita, muita sorte o 'maitrê' irá dizer que fica pronto em 15 minutos... isso será um ótimo sinal de que está sendo preparado no mesmo dia! Caso sua fome já esteja grande a ponto salivar só de pensar no 'cheirinho' do 'bife' sendo frito, aceite um conselho: peça talheres de plástico. Do contrário, seu bife pode ganhar sabor de dobradinha... que estava no cardápio de ontem!

4° ovo cozido - o bom e velho ovo, herói no combate a tantos momentos de fome, ele pode salvar você mais uma vez! Pense bem: ele tem embalagem própria e lacrada, pode ser comido sem talheres, é rica fonte de proteínas e vitaminas, não precisando de muito para matar (ainda que temporariamente) sua fome, não é frito nem assado, é cozido! Mas é preciso que seu poder de persuasão seja forte, afinal, você terá de convencer o balconista de que faz questão que seu ovinho seja cozido na hora e por pelo menos uma hora (pra garantir a eliminação de qualquer tipo de bactérias). Diga que é uma receita da sua mãe! Caso consiga, vá fundo!

5° o bom e velho Fandangos - o balconista se nega a cozer um ovinho, não serve pf, o único pastel que tem é de ontem, só tem copos de vidro, sua pressão caiu, sua fome já está embaçando sua visão. O que fazer?! De repente, não mais do que de rente, você avista um pacote vermelho, escondido atrás de algumas garrafas de 51, Velho Barreiro e Pitu... sim, sim! É um pacote de Fandangos de presunto!!! Peça-o! Cheque se está na validade, sacuda o pó da embalagem, pague, nem que custe 5 vezes mais que o normal, e saia correndo! Com certeza um pacote de Fandangos ( que rende mais do que qualquer outro salgadinho!) vai conseguir aplacar sua fome, de quebra, vai resolver seu problema de súbita queda de pressão arterial já que possui níveis ressuscitadores de sódio!