domingo, 27 de dezembro de 2009

Dúvida


Último domingo de 2009! Domingo esquisitíssimo... bem no meio, entre o Natal e o Ano Novo. Além daquela boa revisão do ano que finda... uma outra coisa deve perturbar as mentes daqueles que cozinham: o que fazer para o almoço?! Ui.

Difícil, né?! O restos mortais do peru da ceia já devem ter sido reciclados no almoço do dia 26 (se ainda sobrou... jogue fora, por favor! o bichinho já venceu!). Aquele pernilzão divino que está no freezer será a estrela do Reveillon.

Se você não recebeu nenhum convite para um churrasco ou não tiver tido a ideia de organizar um, não se sinta largado, abandonado, excluído, nem faminto! Vá para cozinha de peito e geladeira abertos!

Sim, sim... a preguiça de fazer algo muito elaborado toma conta... embora o domingo seja o dia de dar aquela caprichada no cardápio. Resta partir para o tal meio termo, já que é domingo demais para um arroz com feijão e domingo de menos para um super almoço.

A solução?! Esse é o último domingo do ano, pra que sujar panelas?! Vá àquele restaurante gostosinho ou àquele que você só vai uma vez por ano porque a conta quase causa indigestão. Melhor ainda: vá ao Mc Donalds e chute o balde!!

Antes que gritem 'Dieta!'... ora, ora, ora... sejamos sinceros, pra quem andou na linha o ano inteiro, um diazinho de farra não mata... já quem andou com os dois pés enfiados na jaca, não é nesses últimos dias que se vai fazer um milagre na balança, certo?! Na dúvida, escolha sempre o mais gostoso, mas só hoje... nos outros dias, escolha o mais light!!!!
Seja qual for o cardápio, uma coisa é indispensável: boa companhia, bom papo e bons pensamentos. Assim, até um hambúrguer pingando gordura ganha ares de almoção!

*

Aproveitando o post... quero agradecer a todos os amigos que acompanharam esse humilde bloguinho ao longo de 2009. Muito obrigada também pelos comentários e e-mails carinhosos (adoro!!). Nos vemos em 2010, sem falta! Espero que todos tenham tido um ano lindo e que o próximo seja melhor ainda: mais saboroso, suculento, apetitoso, perfumado... delicioso!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Milagre de Natal


Por razões que ultrapassam os limites do explicável, mais uma vez, ela deixou as compras da ceia de Natal para os 45 do segundo tempo. Sim, em pleno 24 de dezembro, lá ia ela, rumo ao supermercado. Dessa vez, tinha certeza de que seria a única. Que bobagem!

A um quarteirão já sabia que seu pensamento positivo não surtiu efeito: a fila de carros para entrar no estacionamento era a prova cabal. Desesperada (claro!), largou o carro na rua mesmo e correu para as gôndolas. O segundo desafio foi encontrar um carrinho... em vão. Nada de perder tempo, então: prioridades, prioridades, ela tinha prioridades!

Peru! O peru! Ela tinha que garantir o peru. Correu para o freezer: chester, chester, pernil, pernil, chester. Não tem peru?!

- Moço, eu preciso de um peru! - disse ao funcionário do supermercado... que, em outra data, entenderia como uma cantada chula, mas num 24 de dezembro... ela só poderia estar se referindo a ave, mesmo!

- No estoque não tem mais nada... é só que tem aí, senhora.

Apelou para São Longuinho:

- São Longuinho, São Longuinho, se eu achar um peru dou... trezentos pulinhos*.

São Longuinho não desampara... e lá estava um belo peruzão! Mas é como dizem: é preciso saber pedir. Ela achou o peru, mas nos braços de outro. Foi tudo tão rápido, nem deu tempo de refazer o pedido e o peruzinho já ia longe. Ela ficou tão desolada que nem teve forças para implorar por ele. Deixou que ele se fosse, era seu direito... alguém o escolheu antes dela. Era o destino.

Ainda percorreu mais quatro supermercados, mas não adiantava... esse seria um Natal sem peru. Família toda reunida... menos o peru.

Não havia, porém, mais nada o que fazer. Restava preparar a ceia sem a personagem principal. Levou um dublê de peru, um chester, mas sabendo que o coitado seria mais um motivo para zombaria.

O dia passou na mais profunda tristeza e a meia-noite se aproximava... e sua orelha já queimava. Resolveram então fazer o amigo-secreto para tentar animar o ambiente.

Sai um presnte aqui, outro ali, outro acolá... até que chega a vez da sogra:

- Minha amiga secreta é uma pessoa muito teimosa... haja o que houver, ela sempre deixa tudo para última hora... não aprende nunca! - todos já sabiam quem era a amiga-secreta, claro! - por isso, comprei pra ela uma coisa que tenho certeza será perfeita - todos pensaram que era uma agenda.... mas a caixa era enorme e o Jucão (cachorrão da família!) não tirava o focinho de perto dela - espero que ela e todos gostem. Minha amiga-secreta é minha norinha querida!

Ela se levantou para receber o presente... tooooda tristonha. Quando abriu a caixa, no entanto, seu sorriso abriu-se de orelha a orelha. Ganhou o que mais poderia querer naquela linda e triste noite de Natal: um peru assadinho!! Que curioso!

E assim, a ceia ficou completa! E foram felizes para sempre durante aquela noite... e todos passaram a acreditar no tal milagre de Natal... afinal, só isso explicaria o fato do Jucão não ter destruído aquela caixa para comer o peru, né não?! Mais: alguém finalmente acertou na mosca um presente de amigo-secreto!! É milagre ou não é?!
*essa é das minhas!
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Aproveitem o Natal!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Exagero


Como boa sagitariana, prestes a fazer aniversário*, é com toda propriedade do universo que posso falar sobre Exagero.

A cozinha é um lugar perigosíssimo para exercitar o Exagero. Aliás, é um lugar onde esse atributo nem deveria entrar, tendo em vista que a cozinha é morada da Temperança. Não é por um mero acaso que temperos se chamam assim. Eles nasceram para saborizar, aromatizar os alimentos e, por isso, devem ser usados com moderação, com temperança.


Exagerar nos temperos pode resultar em pequenos desastres culinários. Só Deus sabe as dificuldades que um exagerado passa numa cozinha. Ainda que siga uma receita, é praticamente irresistível transformar uma pitada em uma colher, uma xícara em um balde, uma panela em um caldeirão! Ou vice-versa, afinal de contas, o Exagero é uma via de mão dupla: se o ingrediente é favorito, exagera-se para um 'tiquinho' a mais, se for preterido, exagera-se para um 'bocadinho' a menos.

O Exagero é um diabinho que fica soprando suas tentações aos nossos ouvidos. Nossos que digo é todos nós seres humanos, não apenas os sagitarianos. Atire o primeiro medidor quem nunca 'pesou a mão' na execução de uma receita! Sou capaz de apostar que até mesmo o mais metódico dos capricornianos, virginianos e taurinos já mandaram a dose certa às favas e deixaram o coração falar mais alto e a quantidade mais ainda!!

Aliás, justiça seja feita: não são apenas os cozinheiros que estão sujeitos ao exagero, não! Aqueles que ficam sentadinhos à mesa só esperando para encher o prato, comumente, também podem ser acometidos por ataques de Exagero. Gula e Exagero são parentes próximos e se frequentam. Rodízios, de maneira geral são seu habitat natural. A justificativa não poderia ser mais obvia: já que estou pagando vou comer tudo que tenho direito e mais um pouco. Depois, lá vem ela...

Já que estamos falando de parentes, a Culpa é aquela chata que sempre aparece, mesmo sem ter sido convidada. Depois de uma refeição regada a exageros, lá vem ela trazendo seu filhinhos: o Pesonaconsciência, os Pneuzinhos, os Quilinhosextras e, de vez em quando, conforme o caso, a Dordebarrigadaquelas.

Em caso de receitas visitadas pelo Exagero, a Culpa traz consigo os invevitáveis 'Porquês'... 'Por que fui colocar auela colherada extra? Ficou meio salgadinho'... 'Por que não coloquei as duas xícaras de açúcar ao invés de uma colher de chá? Acho que ficou meio sem gosto esse bolo!' e por aí vai. Mas receita é receita e geralmente não tem como voltar atrás. O jeito é (tentar) aprender a lição e guardar a boa história para dividir às gargalhadas com os amigos! Quem não tem uma boa história de exagero para contar?! No melhor estilo: 'eu perco a receita, mas não perco a piada!!'.

Uma das histórias preferidas de exagero não é minha (uia!) é de uma tia, escorpiana, cujo braço direito, companheirão, parceiro de fogão é, sempre foi e sempre será... o Exagero! Receita pra ela é mera inspiração. Ela só diz o que colocar, porque a quantidade, quem manda é o Exagero.

Aconteceu quando eu ainda era uma pirralha. De férias na casa dela, fui apresentada ao Exagero nos mais diversos sabores. O mais traumático deles: à ocasião, disseram para essa minha tia que temparar o bife com orégano ficava uma delícia! No caso, ela só escutou bife e orégano, o detalhe de TEMPERAR, passou batido. Bife se faz como?! À milanesa, oras! O que ela fez, então?! Sapecou o bife no orégano (dos dois lados, claro!) e colocou para fritar! A casa ficou empestada e o coitado do bife, nem precisa dizer, não?! Levei anos pra voltar a provar orégano.

Mas nem só de traumas e receitas perdidas vive o Exagero... quer coisa melhor do que exagerar no brigadeiro, no chocolate, na lazanha, na pizza, na salada (?)... é tudo uma questão de temperar o Exagero, né não?!
*MEU ANIVERSÁRIO É AMANHÃ (14.dez.)! Eeeeeba!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Um caso (psicótico) de amor


Vejam só se é ou não perseguição:

Estava eu subindo as escadas no trabalho, feliz e saltitante, quando de repente meu olhos foram atraídos por uma figura familiar.


- ...não, não pode ser... aqui não! pensei enquanto ia para o alto e avante.


Mas, sabem como é a sistemática da ideia fixa, pois não?! A danada gruda no pensamento e não quer mais sair de lá. Então, ainda que a lógica me dissesse o contrário, que meu amor simplesmente não poderia estar naquele lugar, naquele momento, voltei alguns lances de escada até o andar onde o tinha visto (ou achava que tinha visto) para investigar. Já de longe tive a certeza: era ele!


Meu coração disparou na hora. A felicidade tomou conta de mim no mesmo instante, mas logo o sentimento de culpa foi mais forte, me dominou e as perguntas vinham às enxurradas:


- ...como pude não o ter visto antes?! Quantas e quantas vezes eu devo ter passado por ele sem tê-lo reconhecido?! Será que o amor não é mais o mesmo?! Será que eu não sou mais a mesma?!


Por mais que eu tentasse trabalhar, aquela imagem não saía da minha cabeça. Eu tinha que resolver aquela história. Procurei por quem poderia me ajudar naquele momento: as meinas da copa!


- Oi! Com licença! Deixa eu fazer uma pergunta pra vocês.


- Pois não, está faltando alguma coisa lá em cima?!


- Não, nada, obrigada! É que eu preciso saber de uma coisa, ante sque eu fique maluca: qual a marca de café que vocês usam aqui?!


- Brasileiro!


Fiquei trsite e feliz ao memso tempo. Já explico.


- Ah, bom. Sabem o que é?! Hoje quando estava subindo as escadas vi uma caixinha de café Melitta toda dobrada servindo de calço de uma porta e fiquei me perguntando como é que ela veio parar aqui!


- É que antes eles compravam café Melitta... nessa época era uma bênção, moça, ninguém reclamava do café. Até ligavam para elogiar, imagina só! Agora, a senhora não faz ideia de quanto café sobra nas garrafas pra jogar fora!


Taí! Não estava ficando doida, não! Eu vi mesmo uma caixinha de café Melitta. Mas como disse, se fiquei triste por saber que o café usado não era mais meu amorzinho, por outro fiquei feliz... isso porque maldigo o café todos os dias... seria o fim da picada saber que se tratava de um Melitta legítimo... por alguns instantes achei que o amor tinha cabado... ou pior: meu bom padalar para cafés!!


No fim ficou tudo esclarecido... mas digam, digam: é perseguição, não é?!