domingo, 4 de dezembro de 2011

Temporada Ouro Preto: Cafés!



Antes que qualquer coisa: milhões de desculpas pela longa demora na atualização. Fim de ano maluco! Mas fica como promessa (a ser cumprida) de ano novo: voltar a postar com regularidade. Pronto. Sem mais delongas, falemos de café!!!!

*


Lembram-se dos tempos de escola quando nas aulas de história falava-se na República do Café com Leite?? Foi a época da República Velha (1898 e 1930) quando houve um revezamentozinho de presidentes civis escolhidos entre paulistas e mineiros. O apelidinho da época tem uma razão: São Paulo era o grande produtor de café e Minas Gerais o de leite. Sacaram a dica?! hehehehe


Embora as coisas tenham mudado um 'tantim' nos últimos séculos, fazendo da região do sul de Minas uma grande produtora de café, a verdade é que em Ouro Preto, se você espera degustar deliciosos cafés e tal e tal... melhor não criar grandes espectativas!
Se por um lado ao café em si não impressiona, no quesito ambiente, os três cafés de Ouro Preto que conheci empatam com honrosa nota 10!


O primeiro deles, por ondem de visita:



A Cafeteria e Livraria Cultural fica no prédio da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), na Praça Tiradentes (à esquerda do Museu da Inconfidência). O ambiente é amplo e claro. O atendimento... hummm... lento e meio arrogante. Mas, depois de horas de subida e descida de ladeiras e mais ladeiras, é um lugar agradável para molhar a garganta e jogar conversa fora (aliás, o que mais se faz em Ouro Preto!!!). Ah, uma dica legal desse café são as latas decoradas de biscoito (bolachinha!) amanteigado (a!) com paisagens de Ouro Preto. Um mimo bem fofo para guardar de lembraça ou para presentear. Não é o único lugar que vende, mas é o mais barato! O café, bom, só para manter o nível de cafeína estável no sangue.

O segundo:


A Fábrica de Chocolate, também na Praça Tiradentes (à direita do Museu da Inconfidência) é o mais aconchegante dos três. A parte da frente é a loja de chocolates que você pode comprar para viagem ou para acompanhar seu cafezinho (que também não é o mais fantástico do mundo, mas, como disse anteriormente, serve para manutenção dos níveis de cafeína no sangue!!). Mais a frente, o pequeno (mas alto) salão onde ficam as mesas. Tem uma atmosfera antiguinha, aconchegante. Um grande espelho e diversas gravuras e fotos de Paris dão o tom do ambiente. Se o expresso não convence, as outras opções de bebidas agradam mais! O capuccino é delicioso... cremosíssimo e caprichado no chocolate! Vale a pena. O atendimento, esse sim, faz jus à simpatia mineira: gentil e atencioso. Na Praça Tiradentes, a melhor opção.

O terceiro:



Se o charme antiguinho costuma ser a opção de 9 entre 10 lojas em Ouro Preto, essa não foi a escolha do dono do Café Biscoito! O simpático bahiano, estudante de história da arte barroca, imprimiu um ar jovem e descontraído ao ambiente. De um lado, altas prateleiras com os tais biscoitos (de-li-ci-o-sooooooooooooos), disponíveis em saquinhos ou lindas caixinhas e do outro, um painel com inúmersas gravuras. O café... o melhor dos três! Há opções bem interessantes de cafés aromatizados. Provei o de anis: adorei! O cardápio ainda oferece cervejas artesanais. O inconveniente fica por conta da localização: ladeira abaixo! Depois da feirinha de pedra sabão, à esquerda, olhe para a ladeira mais íngrime de todas... é ela que será descida!!! Bom para quem está hospedado no Hotel Luxor, porque o Café Biscoito fica pertinho. Para quem está subindo a ladeira, essa é uma parada mais do que estratégica para reunir forças para chegar ao topo da ladeira!



Estão aí as dicas! Ah, sim, uma curiosidade comum aos três cafés: NENHUM DELES TINHA PÃO DE QUEIJO!!!!!!! Chocante, não?! Pois é... no primeiro e no terceiro cafés, as casas não oferecem a tão mineira iguaria e no segundo, 'tinha, mas acabou!'.

domingo, 27 de novembro de 2011

Temporada Ouro Preto: Chalet dos Caldos

Cheguei em Ouro Preto num sábado tipicamente paulista: frio e garoa na escuridão! Era a receptividade mineira se desdobrando para fazer com que eu me sentisse me casa! Não queria que a mudança fosse brusca, assim, aos poucos, nos dias que se seguiram, o clima foi ficando mais ouro pretano, revelando um lindíssimo céu azul com nuvens fofas.

Caso é que logo na chegada bateu aquele arrependimentozinho por não ter colocado um bom casaco mais quentinho na mala. Solução para o frio? Ouro Preto tem: caldos quentinhos, os mais variados!

Aliás, embora minha primeira indicação de lugar gostosinho para comer em Ouro Preto se chame 'Chalet dos Caldos', não pensem vocês que tal iguaria é exclusividade da casa especializada. Isso porque em todos, todos, todos os restaurantes, cafés, lanchonetes, padocas, bares, botecos e afins têm os tais 'caldos' no seu cardápio. Não que eu tenha entrado em todos, todos, todos os restaurantes, cafés, lanchonetes, padocas, bares, botecos e afins de Ouro Preto, mas arrisco tal afirmação depois que, em um coquetel e uma festa, nos quais estive, percebi que eram oferecidos caldinhos, assim, na cara larga, além dos típicos canapés, salgadinhos e similares. A logística de segurar a cumbuca de caldo, a colher e mais a taça é complicadíssima, mas nada que não se dê um jeitinho.

Voltando... o Chalet dos Caldos fica na Rua Carlos Tomaz , 33 A - Centro, Ouro Preto - MG, (31) 3551-3992 - daria como referência uma ladeira, mas isso seria inútil, dado que Ouro Preto é 100% ladeiras! O lugar tem um jeitinho de taberna, paredes de pedra (como a maioria dos estabelecimentos) e atendimento quase simpático, mas não chegou a ser uma maravilha, não.

O cardápio, como não poderia deixar de ser, oferece um sem número de tipos de caldos, além de petiscos e bebidas. Não posso deixar de transmitir valioso ensinamento: não estranhe ao ler no cardápio a opção 'cenoura amarela'. Não se trata de uma cenoura anêmica, não, não! Esse é o nome da nossa paulista mandioquinha! E não, não tente pedir para o garçom o caldo de mandioquinha... ele fará ouvidos surdos até que você diga alta e claramente CE-NOU-RA A-MA-RE-LA! Outra opção que precisou de tradução foi o caldo 'bambá'. Oi?! Gambá? Bambu? Nem uma coisa, nem outra, ufa! Trata-se de um caldinho de fubá com couve rasgada (nem cortada, nem fatiada: rasgada! portanto, se vocês sofrem de transtorno obsessivo compulsivo [TOC] poderão sofrer com a falta de simetria da couvinha!!). Ah, pra findar as explicações, o garçom deixou claro que o frango que vinha no caldo de batata era morto! Hummm... devo confessar que essa informação foi desnecessária, seu garçom!!!

Enquanto esperava o caldo, partilhei da porção de mineirices (torresmo, linguiça e mandioca frita) pedida pelos amigos. Um erro! O problema é que a linguicinha estava fantasticamente sequinha e apimentada na medida certa e o torresmo estava numa crocância ofensivamente perfeita... daí, belisca daqui, belisca dali... quando o caldo chegou... meu estômago de formiga já estava satisfeito e não pude degustar a gigantesca porção (sério mesmo, é imensa!) do meu caldinho de batata com frango. Quem, diferente de mim, ainda tinha fome diante das mega-cumbucas de caldos, disseram que eram gostosos!

Ah, sim... a bebida! A espera pelo caldo, acompanhando os beliscos, foi brindada com uma bebida que eu não conhecia até então (ok, pode me chamar de caipira e/ou pouco informada... não escondo que essa foi uma grata novidade pra mim!): caipitequila!!! Caipirinha feita com tequila!! Ainda que alguns protestassem pelo fato de eu estar traindo a bebida típica de Minas EM Minas - a cachacinha - mantive a opção (muito pela curiosidade) e não me arrependi! A combinação ficou perfeita. Nada de impensado, apenas a substituição do salzinho pelo açúcar. Adorei e recomendo.

Os preços? Tudo muito baratinho: caldos - em torno de R$ 10; porções - em torno de R$ 15; caipitequila - R$ 11 (fala sério!!! em São Paulo, por esse preço, nem caipirinha de pinga!). Lembrando que esses preços podem variar, não sou eu quem manda, ok?!

Bom, ainda que os preços sejam muito convidativos, aconselho que não bebam muito porque, invariavelmente a volta para o Hotel ou Pousada implica em ladeiras... subindo e/ou descendo... tarefa que fica um pouco mais difícil de realizar com pernas bambas!!! Caso resolva (inadivertidamente) ignorar meu conselho e se veja de perninhas frouxas no fim da noite, pegue um táxi, mas esteja sóbrio o suficiente para negociar o preço antes de entrar no carro, isso porque os táxis em Ouro Preto não têm taxímetro, ou seja, um mesmo trecho pode custar R$ 10, R$ 20 ou R$ 50!!! Estão avisados!!

No próximo texto... CAFÉS!!! Não percam!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Em breve...



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O fantasma que não gostava de abobrinha



Quem foi criança nos anos 80, filho de mãe que ouvia rádio AM, vai entender do que vou falar. Se não foi, leia mesmo assim porque a história é engraçadinha!


Lá pelos idos de meados dos anos 80, uma das grandes celebridades das ondas AM do rádio era um sujeito chamado Eli Correa - disputava o posto com Paulo Barbosa. Seu programa - suceeeesso - tinha um quadro chamado 'Que saudade de você'. Era uma coisa fantástica! Nesse quadro o Eli (!) narrava... não, não... ele DRAMATIZAVA histórias "reais" contadas pelos ouvintes. Quando digo dramatizava, quer dizer que ele se empolgava a um grau que deixaria qualquer ator mexicano sagitariano roendo os próprios cotovelos de inveeeeja!

As histórias eram as mais bizarras possíveis... a maioria sobre desgraças, mas, vez ou outra, Eli flertava com o sobrenatural. Uma dessas, que nunca me esqueci, me apavorou durante anos. Era assim:


"Num desses botecos do centro da cidade, desses que servem comida no balcão, coisas estranhas começaram a acontecer. O dono, senhor vivido, notou que começaram a sumir itens de seu estoque. Um dia era um pacote de pão, no outro era um litro de leite, no outro um quilo de carne. No começo, perdoou, afinal, seu único funcionário, um rapaz humiiiiilde, embora ganhasse um ninharia, trabalhava arduamente e, além de ser uma simpatia no balcão, ainda cozinhava muito bem... quer dizer, isso comparado a ele, que não sabia nem ferver água! Pra que brigar com o rapaz por conta de uma coisinha aqui e outra ali? Fica como parte do pagamento, pensava!


Os dias foram passando e os sumiços iam aumentando. Já não era um coisa por vez. De uma hora pra outra, começaram a sumir garrafas de cerveja (não as garrafas, mas o conteúdo delas!), frutas, ovos coloridos e tudo que tinha no estabelecimento. A ponto do dono, sujeito de bom coração, dar um basta! Chamou o rapaz para uma conversa e, qual não foi sua surpresa ao presenciar um sujeito pasmo diante de si. Indignado, inconformado, o rapaz bradava que ele nunca havia levado sequer uma migalha que não fosse sua e blá-blá-blá... depois de horas, quem pedia perdão era o dono ao rapaz, pois estava claro que não era o pobrezinho quem estava surrupiando coisas de seu estoque.


Curioso é que os sumiços continuaram e foram piorando. Chegando ao ponto de começar a sumir coisas dos pratos dos clientes. O cidadão estava de frente para seu prato e num piscar de olhos, puft! cadê o bife acebolado que estava ali? Sumiu! Era de arrepiar. Arrepiu? Sim, arrepio... todo sumiço era acompanhado de um arrepio provocado por um ventinho gelado... vUuUUuuu...


Não havia PF que passasse impune pelos furtos, até que um dia... Bom, um dia ao invés de sumir a mistura... sumiu o arroz e feijão... num piscar de olhos, o prato ficou limpo... ou quase... no cantinho, só sobrou o refogadinho. Só sobrou o refogado de abobrinha... vUuUUuuu...


Muito atento, o dono resolveu testar... fez um belo prato de refogadinho e um montinho de arroz e feijão do lado... dali dois segundinhos... vUuUUuuu... cadê o arroz e feijão? Não sobrou nem história... já o refogadinho... in-to-ca-do!


Seguindo o conselho de um dos clientes que teve um belo ovo frito furtado de seu prato, convocou a mãe fulaninha para dar um parecer espiritual sobre o caso. Após breve análise, o julgamento:


- Seu estabelecimento está possuído por um espírito mal desencarnado... mas não qualquer um... trata-se de um fantasma que não gosta de abobrinha! - (Jura?)


- E o que eu faço, minha mãe?


- Espalhe abobrinhas por todos os cantos do seu estabelecimento.


Depois de dois meses, o estabelecimento estava livre do espírito... que deve ter REmorrido de fome e foi buscar comidinha melhor em outra freguesia!"


Eli jurava que era verdade... vUuUUuuu... que medinho!!!

Consequência disso é que passei a infância todinha sem nem olhar para abobrinha... o que me faz pensar na seguinte questão:

- Se o fantasma não gostava de abobrinha... não seria mais lógico eu sempre ter esse refogadinho no meu prato para afastar o gasparzinho????????? Ao invés de ficar com medo do fantasma eu peguei medo de abobrinha!!!!! Quem explica? vUuUUuuu...

domingo, 16 de outubro de 2011

Dica para momentos de emergência




Que atire a primeira azeitona quem nunca se rendeu à preguiçosa praticidade das comidas congeladas!


Cozinhar é uma delícia. Comer uma comidinha fresca, então, nem se fale! Mas, sejamos francos: quem nesse planeta tem disposição nos 365 dias do ano para, depois de um dia de massacrante de trabalho, ainda encarar o fogão?


Sim, sim... eis aqui uma defensora da teoria de que cozinhar é terapêutico e tal e tal, porém, há dias que o cansaço é tão maior que até relaxar parece exaustivo! Parece que a única coisa que não está cansada, nesses dias, é o estômago... roncando feito um trator como se para ele os trabalhos mal estivessem começando.


Oh! O que fazer?! Praticamente nada: abrir o freezer, tal qual alguém que abre as 'Portas da Esperança', e de lá sacar alguma coisinha que basta ir ao micro-ondas e...tã-nam! Está pronto!


Como nunca se sabe quando um momento desses irá acontecer, procuro sempre manter um coringa no meu freezer.


Depois de algumas experiências vexatórias, eis que fui saborosamente surpreendida. E pasmem: por uma pizza! Sim, sim, sim... uma pizza congelada... e saborosa! Querem pasmar mais ainda?! Não é Sadia, nem Perdigão! Rá!


Numa das passadas pelos freezeres do supermercado, pensei em levar umas fatias de pizza Hot Pocket, no entanto, logo minha memória me deu uma cutucadinha e disse 'Tem certeza, querida?! Essa coisinha branquela, seca, sem gosto e salagada?! É mesmo?!'. Apenas a combinação de muita fome e muita preguiça para fazer dessa 'até que boa ideia na teoria' uma 'boa ideia na prática'. Então, logo ao lado, vi as pizzas inteiras, que não vão ao micro-ondas, mas ao forno convencional... demoram mais para assar (sim, no caso de fome alucinante, 3 minutos são toleráveis e 20 parecerem uma eternidade), mas pelo menos o queijo derrete e a massa não parece de borracha!


Como qualquer pateta, claro que fui direto nas marcas conhecidas: Perdigão e Sadia, mas para meu azar (que só depois fui entender que foi 'pra minha sorte'), só tinha opções que não me agradavam (no caso de pizzas congeladas, fico no mais convencional possível: mussarela!). Então, notei que a única opção de mussarela era a nada galmourosa Rezende. Resolvi arriscar.


Nesse dia, a curiosidade foi maior do que a fome e resolvi prepará-la (a foto na caixa era tão gostosa!!!!) , mesmo não sendo um caso de emergência. Minha primeira impressão: a bichinha é minúscula, menor do que uma pizza pequena e só maior do que um brotinho. Com fome, uma pessoa com estômago humano (alerta às pessoas com estômago de saco-sem-fundo: comprem duas... ou três... cada um sabe o estômago que tem!) come uma dessas sozinha, tranquilamente. A massa me pareceu muito bonita (!) e a cobertura não chegava a ser o cúmulo da fartura, mas não fazia vergonha, não!


Segui às intruções da embalagem... mentira: eu não esperei ela descongelar por 20 minutos... coloquei direto no forno e esperei até a mussarela estar borbulhando (mais ou menos 30 minutos... meus olhos gulosos devem ter apressado o processo!). O cheirinho estava ótimo (cá entre nós: bem diferente do cheiro de plástico queimado, temperado com orégano... tipo Hot Pocket!), até parecia pizza de verdade! Fiquei animada.


Ao passar a faca para tirar uma fatia... surpresa: a massa é fofinha! Adoro. Embora as bordas sejam crocantes! Para surpresa maior ainda, à primeira garfada, senti a massa molhadinha pelo molho de tomate (que, ao contrário das concorrentes, pareceu que era molho de verdade, colocado com gosto... e não apenas um borrãozinho vermelho mostrado à massa).


Juro: parece pizza de verdade! E olha que nem estava alucinada de fome, fator que poderia interferir no meu julgamento. Não comi tudo (porque não dou conta, mesmo sendo uma pizza relativamente minúscula), então, no dia seguinte, a pizza passou no segundo teste: estar gostosa no café da manhã do dia seguinte. E não é que estava?!


Taí, me cativou. Pizza congelada Rezende: recomendo.

CSI Pudim - investigação criminal!



Era um dia como outro qualquer. Uma manhã em que todos chegavam para trabalhar. Tudo corria na mais enfadonha rotina de sempre. Mal sabiam que na noite anterior, um crime ocrrera ali. Levou um tempo até que percebessem que um crime havia acontecido ali.


O movimento era normal. Pessoas debatiam sobre o capítulo da novela, sobre a notícia no jornal da noite, falavam da vida alheia, quando, da cozinha, ouviu-se um grito! Todos largaram o que estavam fazendo e correram para averiguar o que se passava.

Sobre a mesa, uma travessa com um pudim inteiro... aparentemente inteiro. Diante dele, a dona do pudim com respiração ofegante, o olhar era um misto de fúria, dor e revolta.


Os espectadores entreolhavam-se sem entender o que provocara aquela reação, até que um mais corajoso perguntou:

- O que houve?! Por que você gritou?! O que há de errado?!

- (bufando) Alguém roubou meu pudim!


Coisa curiosa, afinal, o pudim parecia intacto! Um pudim fatiado, mas com todas suas fatias ali, sem falhas Percebendo o descrédito com que sua declaração fora recebida ela completou:



- Vocês sabem: eu trago, a cada dois ou três dias, um pudim para vender as fatias. Deixo o pudim, já fatiadinho, dentro da geladeira, e um caderninho em cima dela, assim, quem pega uma fatia, anota o nome e me paga no fim do mês...


Até ali, ninguém atinava o que de errado poderia ter ocorrido, afinal, pareciam estar ali todas as fatias! Não se contendo, alguém perguntou:


- Quantas fatias?

- ... 12!

- Espera... - pondo-se a contar - 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11...12! Doze! Estão aí, as doze fatias! Tudo não passou de um engano... resolvido, certo?!

- ERRAAADO!


A essa altura, já se ouviam cochichos na plateia: 'pirou de vez!' 'se ela deixou 12 e tem 12, qual o problema?' 'será que ela tá na TPM?!' 'será que surtou?!'. Irritada com o burburinho, a dona do pudim enfezou-se mais ainda:



- Eu quero que o larápio apareça agoooora e confesse na minha cara que me roubou!


Assustados, os membros da plateia entreolhavam-se, agora em silêncio.


- Anda, gente! Se teve coragem de roubar, vai ter que ter coragem pra assumiiiiir...


Medo ou curiosidade? Curiosidade, sempre:


- Não devo ser o único, então lá vai: o que está acontecendo?! Se você acabou de dizer que seu pudim foi deixado com 12 fatias ontem e hoje tem as mesmas 12 fatias... o que roubaram?! A calda?????

- Não! Roubaram o pudim... venha ver... venha aqui pertinho...


Ele foi. Com medo, mas foi.


- Repara aqui - afastando levemente uma fatia da outra - vê?

- O quê mesmo?!

- Veja que as fatias tem marcas de uma faca de serra...

- ...ce-certo... isso significa queeeee...

- EU NÃO CORTO O PUDIM COM FACA DE SERRA!

- ...

-...o larápio arrancou uma lasca de cada uma das 12 fatias do meu pudim! Juntando, de lasquinha em lasquinha, o cretino me roubou umas duas fatias inteiras!


Claro que um crime cometido com tanto requinte não poderia ficar impune. Mais tarde, a chefe fechou as portas da repartição e convocou uma reunião com toda a equipe. Havia um clima muito tenso pairando, afinal, todos eram suspeitos. O silêncio imperava. A chefe, então:


- O que aconteceu aqui foi muito grave! Temos um pudim desfalcado, a dona do pudim que levou o prejuízo e alguém que cometeu o delito... por isso eu vou perguntar só uma vez e espero que a resposta surja de pronto: quem fez isso?


Silêncio.

A dona do pudim bufava enquanto seu olhar buscava, dentre todos, o culpado.

Minutos, que pareceram horas, passaram-se até que, lá do fundo, um tímido braço se levantava em sinal de confissão. O dono do braço então se levantou e, sacando algumas notas da carteira, finalmente disse:


- Olha, está aqui o dinheiro que paga o pudim todo! Fui eu quem cometeu o crime... mas eu nunca poderia imaginar que seria descoberto... acreditava ser um crime perfeito... considerava não ter deixado nenhuma evidência... mas você... você... quanta astúcia! Parabéns! Meus parabéns!


Acredito que nem o pessoal do CSI teria descoberto esse crime! E sabem o que é pior? Pois eu digo: trata-se de um caso VERÍDICO! Juro por Deus: aconteceu de verdade. Eu não era a dona do pudim, também não fui a autora do crime, fui apenas a plateia. Se não acreditam, não os culpo... é realmente inacreditável... se eu mesma não tivesse estado lá, possivelmente não acreditaria...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Super/Hiper (des)necessidades





Aaaaah, foram-se os tempos quando se ia ao empório secos e molhados* para comprar uma caixa de fósforos e voltava-se de lá apenas com a necessária caixinha. Talvez porque um balcão separava os clientes das mercadorias.


O tempo foi passando e alguém teve a brilhante ideia de tirar o balcão, permitindo que os próprios clientes escolhessem aquilo de que necessitavam. Eis aí a chave de tudo: necessidade!


Estava dona Mariquinha na venda para comprar a caixa de palitos de fósforo, mas, circulando pelas prateleiras, lembrou-se de que também precisava de açúcar, mais adiante... vejam só: batatas! Ela também precisava de batatas! Assim, uma caixa de fósforos ganha companhias.


Mais algumas décadas adiante, as ideias brilhantes foram ganhando ainda mais brilho. E assim surgiram os supermercados. Super! Amplos, diversos, esses estabelecimentos concentravam praticamente tudo que era necessário para manter uma casa: alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal. Claro que, com a diversidade de opções, a ida mensal ao super nunca mais se limitaria à caixa de fósforos (que, inclusive, nesse meio tempo, praticamente caiu em desuso!).


Ao longo dos anos, os superes (!) multiplicaram-se e já não ficavam mais tão longe de casa. Isso passou a viabilizar passadinhas mais frequentes que não apenas aquela mensal. Embora ainda houvesse a limitação financeira da esmagadora maioria (lá pelos anos 80, com inflação de 2000% ao ano!!**), quem resistiria àquele pacote de biscoito ou àquela lata de leite condensado (um luxo para época!) que não estavam na lista?


Fato é que os donos de super*** foram percebendo que o passeio pelas prateleiras suscitava ideias e desejos inconscientes. Assim, colocar as latas de massa de tomate ao lado das embalagens de macarrão era uma questão não apenas de praticidade, mas talvez houvesse a intenção de despertar na pessoa a vontade de comer macarronada, ainda que o intento original fosse apenas comprar um pacotinho de macarrão para deixar na despensa. Daí... já que vai fazer, faz direito: leva também o queijo ralado, a azeitona, o orégano e a carne moída pro bolonhesa! Assim, a compra de um item vira a de pelo menos seis!


Uma ideia boa dessas (para os donos de super, claro!) poderia ser aprimorada, pois não?! E foi. E como foi! O super cresceu e virou hiper! Versão master-blaster dos supermercados que contemplam tudo, tudo, absolutamente tudo que uma pessoa pode precisar (ou não) e imaginar! Além dos prosaicos alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal, num hiper você também encontra toda sorte de eletrodomésticos (incluindo itens de informática), além de livros, Cds, DVDs, móveis (incluindo os para jardim!), também todos os itens do vestuário, das roupas de baixo aos acessórios. Precisando de pneus novos para seu carro! Aproveite que vai comprar pão e compre também os pneus! Se quiser, também pode levar o óleo lubrificante (e o de cozinha!), o aromatizador e aquela chave de roda que anda precisando há tempos!


Um hiper torna praticamente impossível a compra de um único item! Se a passagem por lá for num momento de fome... piorou! Já reparam no corredor polonês de consumo na fila do caixa?! Você nem estava pensando nisso, mas de repente, quando vai ver, já está abraçando um pacote de salgadinho, um tablete de chocolate, um de chiclete e ainda espia a manchete da revista de fofoca. Pra completar, pega uma escova de dente, um creme hidratante e pilhas palito. Um perigo para o bolso de qualquer um!



- Amor, o sal acabou, corre lá no mercado rapidinho pra miiiiiiim?!


- Só pra isso?!


- (olhos do Gato de Botas do Shrek)


- Tá bom...


(uma hora depois)


- Que demora, amor!


- Pois é, a fila do crediário estava enorme!


- Você comprou um pacote de sal em quantas vezes?


- 24!


- VOCÊ PARCELOU NO CREDIÁRIO UM PACOTE DE SAL????


- Isso! Aproveitei que parcelei o home theater e incluí o sal!




Isso já aconteceu com vocês?! Comigo já!



*juro por Deus que não sou desse tempo

**parece piada, mas não é!

***leia-se: gigantescas equipes de marketing!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Enchendo Linguística (muito além da sopa de letrinhas!)




Querem ver como a Linguística foi parar na cozinha?


Há muito tempo atrás (nem tanto quanto estão pensando), ainda na graduação, em uma palestra, a professora Elisa Guimarães, uma fofura de senhora, falava sobre a importância da adequação na comunicação. Para exemplificar, lembrou de um episódio quando, na casa de uma amiga, a empregada dela, da amiga, serviu um café num bule de prata, em xícaras lindíssimas... serviço muito sofisticado... tanto que não pôde deixar de comentar: ‘Nossa! Que café mais requintado!’. Um elogio, certo?! Não para a empregada que respondeu prontamente e meio embravecida: ‘Não é requentando, não senhora! O café está fresquinho!’. Ah-rá!


De quem foi o erro?! Da professora! Erro, aliás, assumido pela própria professora que entendeu que não pôs em uso o princípio da adequação. Muito humilde, a empregada provavelmente nunca havia ouvido a palavra ‘requintado’ e imediatamente associou a uma que era de seu conhecimento ‘requentado’, que, por sinal, casa-se mais facilmente com café, pois não?!


Não sei quanto a vocês, mas questões desse tipo me fascinam!!


Nessa mesma linha lembro-me de uma história que ouço desde criança – e não sei, sinceramente, se trata-se de causo do tipo verdadeiro ou do tipo causo mesmo. Era assim: um rapaz, daqueles que comem sardinha, mas arrotam caviar, em visita a uma casa muito... requintada... fazia grande esforço para parecer sofisticado. Saiu-se muito bem durante toda a tarde concordando com tudo para evitar ter de emitir opiniões contrárias sobre assuntos que não tinha a mais vaga ideia do que se tratavam. A visita já caminhava para o fim quando a anfitriã educadamente disse: ‘Já vai?! Fique mais um pouco. Toma um cafezinho conosco?’; ele, no único momento de naturalidade da tarde, considerando poder fazer descer sua máscara de rapaz da elite, não titubeou: ‘O café eu vou recusar, mas se a senhora puder embrulhar uns conosquinhos pra viagem, eu agradeço!’. Nesse caso, a coitada da anfitriã não poderia supor que estava sendo inadequada, posto que seu convidado pareceu, o tempo todo, partilhar do mesmo universo linguístico.


A boa comunicação é uma arte, não é?!


Conflitos de entendimento, geralmente, acontecem quando círculos diferentes, que não partilham do mesmo universo linguístico, se misturam. Caso infalível?! Bar-clientes-garçons. Eis um ambiente interessantíssimo para analisar a adequação. Isso porque prevalece o interesse maior do cliente em se fazer entender:


- Ô, Grande!


- Fala, Chefia!


- A gente vai de tequila.


- Opa! Quantas?!


- Uma pra cada, pra começar... então... 8!


- Ó, posso falar?! Por que vocês não fecham uma garrafa?!


- Boa! Fechado!


- Saindo!


Chamando o garçom de ‘Grande’ já se estabelece uma relação de proximidade, muito importante num bar lotado. Adiantaria dizer ‘A nossa opção de degustação alcoólica para tão aprazível noite primaveril é a típica bebida mexicana’? Na metade da frase o ‘Grande’ já teria ido atender outra mesa cujos clientes pretendiam fazer o pedido de maneira mais direta, sem enigmas! Nessa informação, o que interessa é ‘tequila’. Dito e entendido, outra informação relevante seria a quantidade: 8. Ouvindo isso, o garçom, já amigão da mesa, faz uma proposta mais vantajosa ‘fechar a garrafa’. Oras, se num bar o garçom sugere fechar uma garrafa... quem seria o tolinho de achar que ele está propondo que todos parem de beber fechando a garrafa aberta?! Tanto cliente quanto garçom sabem que ‘fechar’ significa ‘comprar a garrafa fechada para aquele grupo’. De acordo com a proposta, o cliente logo diz ‘fechado!’, nesse caso, o negócio. O garçom fecha a negociação com um ‘saindo’... o garçom?! Não! O pedido!


Estão vendo como comunicar-se de maneira clara e adequada facilita a vida da gente até mesmo num boteco por aí?! Língua é isso: a gente usa e nem percebe!


domingo, 18 de setembro de 2011

História de um provérbio





Tão típico quanto seu nome, Rex era o típico cachorro de apartamento. Ganhado ainda filhotinho nunca conheceu outra vida que não aquela.



Seus primeiros passos foram dados no laminado de madeira, seu primeiro pipi foi feito na lateral da poltrona do seu dono, sua primeira bronca - por causa do pipi - foi um borrifo de água no focinho. Tudo ali, naquele apartamento.



O casal, seus donos, tratavam o pequeno Golden Retriever como um filho. Paparicado com todos os paparicos possíveis e alimentado com as melhores rações. Ah, sim, sua alimentação era à base de ração, como deve ser, a única exceção era seu petisco favorito no mundo: linguiça!



Os donos sabiam bem que aquilo não era o mais correto a fazer, mas como resistir àqueles olhos pidões e àquele rabicó alucinado quando via um pacote de linguiça?! Eles faziam de tudo, mas quando aparecia um comercial na TV, pronto... o pequeno Rex... que já não era mais tão pequeno assim... ficava doido! Latia desesperado, babava de fazer poça, corria, pulava, rolava, batia palmas e cantava o hino nacional... tudo para chamar a atenção dos donos para seu deleite, seu sonho de consumo, seu manjar dos deuses caninos. E eles, claro, cedicam sempre.



O tempo foi passando e o filhote foi virando um baita cachorrão que dava gosto de ver. Fofo e carinhoso como todo Golden, quase não dava para notar que o coitado mal podia esticar seu esqueleto grandalhão dentro daquele pequeno apartamentinho, mas nem o próprio Rex se dava conta do incômodo que vivia.



Certo dia, porém, o veterinário da família (!) chamou atenção para o fato de que o pobre cachorro estava ficando atrofiado e receitou longos passeios para que ele, o cachorro, pudesse se esticar à vontade. E foi o que fizeram. Todas as tardes, chegando do trabalho, o casal pegava o cachorrão e iam dar uma voltas pelo quarteirão até o pequeno parque ali pertinho.



Rex era só felicidade. Descobriu que a vida podia ser melhor do que já era: a terra fofinha, a graminha cheirosa, o vento fresco no focinho... as árvores... e as árvores? Por que nunca ninguém falou para ele que fazer pipi no pé da árvore era a coisa mais gostosa da vida canina???? Essa vida, mais as porções de linguiça, era tudo o que poderia desejar.



Percebendo a felicidade da peluda criatura, o casal teve uma brilhante ideia: levar o fofo cachorrão para uma temporada natureba num sítio de uns parentes. E lá foram eles nas férias seguintes. Ele, Rex, não sabia muito bem o que estava para contecer, mas se sentia tão vivo que podia vir o que viesse, ele estava pronto!



Já em terras interioranas, tudo corria na mais plena felicidade até que... Bom, Rex passava os dias solto pelo sítio correndo loucamente para lá e para cá. Passava horas e horas descobrindo, desbravando, batizando todas as árvores do lugar com seu pipi. Lá pela segunda ou terceira semana, porém, Rex começou a sentir que, embora estivesse felizão da vida, algo lhe faltava: a linguiça!




Dando-se conta disso, na tarde seguinte, resolveu ficar estirado na grama, lembrando do sabor do seu petisco quando de repente... o que era aquilo? Uma linguiça? Andando? Achou que estava ficando doidão, mas, por via das dúvidas, foi averiguar - sempre soube que a curiosidade matou o gato, não o cachorro. Mal teve tempo de dar a primeira fungada e 'nhoct'... mordeu a linguiça? Nada! A linguiça mordeu ele! Na verdade, claro, não se tratava de uma linguiça, mas sim de uma cobra. Medo!



Foram dias terríveis os que se seguiram. Rex quase fez a passagem, mas bravo como um guerreiro, resisitiu, todavia, não sem um trauma: pegou fobia de linguiça!



E é por isso que até hoje dizem por aí: cachorro picado de cobra tem medo de linguiça.

*


Bom, a história é mentira, mas o provérbio é verdadeiríssimo!!



domingo, 11 de setembro de 2011

Top 5 - Gostinho Estranho 2*




1º gosto de garrafa - vivemos em uma época da valorização de atitudes ecologicamente corretas, pois não?! Por isso, diante daquela inocente garrafinha d'água feita de plástico que levará 252 anos para se descompor no ambiente, você opta por reutilizá-la, enchendo-a no bebedouro ao invés de comprar outra novinha, certo?! Muito certo, muito ecológico, no entanto, essa atitude repetida 3 a 4 vezes, sem que a pobre garrafinha seja devidamente higienizada, faz com que se conheça o tal gosto de garrafa;



2º gosto de bambu - esse gosto conheci quando era criança e fui a um aniversário que servia, dentre outras comidinhas, um curioso espetinho de carne moída. Nunca havia visto nada parecido, mas, mais inusitada do que a habilidade de fazer a carne moída parar num espeto, foi o gosto que senti: bambu! Não sei se por conta das restrições orçamentárias, resolveram filetar o bambu do varal para economizar, fato é que o gosto do espeto transferiu-se totalmente para a carne e nunca mais me esqueci dessa combinação pouco harmoniosa;



3º gosto de pano sujo - deveria ser lei federal, não, não... universal: pano de prato, visando a saúde dos seres humanos, deve ser sempre impecavelmente limpo. Infelizmente, isso é lei apenas para pessoas implicantes como eu, mas há quem goste de conservar o tal pano de prato (pano de louça, guardanpo ou seja qual o nome que se dê) em uso por dias e mais dias. O problema é que depois de usar o pano para secar a louça ele, o pano, adivinha... fica molhado. No entanto, é comum que se esqueça o pobrezinho secando meio amontoadinho num canto qualquer, por isso, ele vai ficando com um cherinho esquisito de cachorro molhado e, consequentemente, tudo o que esse mesmo pano tocar dali para frente, irá ganhar seu aroma de pano sujo... eca;


4º gosto de passado - há quem seja capaz de comer comida velha sem se dar conta de que aquela plumagem esverdeada não é salsinha, mas sim mofo. Há, todavia, aqueles que, devido a uma espécie de mutação que alia super paladar, hiper visão e master olfato, são capazes de identificar o gosto de passado antes mesmo de engolir o alimento. Trata-se de uma quase vidência, que faz com que essas pessoas consigam identificar a mais sutil evidência de que um certo alimento já não goza mais de total frescura, identificam o gosto de passado que só irá se manifestar para a grande maioria num futuro distante... ou nem tanto;



5º gosto de banheiro - fechando com chave de ouro essa segunda rodada de gostos estranhos, o gosto de banheiro é, na minha opinião, um dos piores. Explico. Banheiro e cozinha são ambientes opostos, quase como céu e inferno. Não devem ficar perto um do outro. O que se faz em um, não se deve fazer no outro. Entretanto, por uma distração, uma inocente medida, vejam que ironia, uma medida de higiene faz com que tudo numa cozinha fique com gosto de banheiro. Adivinharam o quê?! Limpar a cozinha com desinfetante! Pior ainda se for aqueles desinfetantes de pinho (Pinho Sol, Pinho Bril e afins) cujo cheiro remete imediatamente a um banheiro - limpo, mas ainda assim, um banheiro! O cheiro costuma ser tão forte que acaba contaminando tudo no ambiente, assim, a maçã fica com gosto de pinho, o pão fica com gosto de pinho, os copos ficam com gosto de pinho... ou seja, tudo fica com gosto de banheiro!





* atendendo a pedidos, acrescento gostos estranhos que ficaram faltando na primeira parte. Agradecimentos especiais às queridas amigas que contribuíram com as dicas de gostinhos estranhos: obrigada! Querem saber quais são os outros? Leiam aqui: http://claraemneve.blogspot.com/2011/08/top-5-gostinho-estranho.html

domingo, 4 de setembro de 2011

Frangaria do Ex-Goleiro




Desde menininho ele sonhava com os campos. Na verdade, embarcou no sonho do pai que a partir do instante que soube que seria pai de um menino decretou: 'vou ser pai de um craque!'. Assim que começou a entender minimamente a vida ele, o menino, percebeu que o fato de todo Natal e aniversário ser presenteado com uma bola de futebol significava alguma coisa.




Mal começou a dar os primeiros passos, o menino foi matriculado numa escolinha de futebol. Lá, passou alguns anos como gandula, até que conseguisse chutar a bola e não ser chutado por ela. A pedido do pai, sempre se oferecia para compor o ataque, muito embora aquela não parecia ser sua posição de maior talento.




Dois ou três meses tentando encontrar o caminho do gol e nada. Nenhum golzinho. O menino não era, definitivamente, um finalizador. O técnico, muito amigo do pai, resolveu recuar o garoto colocando-o como centro-avante, quem sabe seu talento fosse a criação! Hummm... também não. Criar, criar mesmo o menino só criava confusão ao passar todas as bolas para os jogadores do outro time. O técnico então o posicionou na lateral direita... depois esquerda... mas o caso é que todas as bolas fugiam dos pés do menino e passavam reto pela lateral. Quem sabe se recuá-lo mais um pouquinho? Lá foi o menino ocupar a zaga. Em vão, nem para chutar as canelas dos amiguinhos o menino servia! Tinha a bola roubada até pelos companheiros de time. Já que o guri era tão ruim com os pés, quem sabe com as mãos fosse melhorzinho. Virou goleiro.




O restante do time adorou a ideia. Não porque o menino fosse bom goleiro, muito pelo contrário, parecia até que o rapazinho (nesse tempo já era um rapazinho) untava as luvas com manteiga antes dos jogos, mas lá parecia que ele atrapalhava menos os outros 10 jogadores. Funcionava como um incentivo pra bola não sair do ataque porque se passasse pelo meio- campo, pela zaga... xiiiii, certeza que era gol feito. Assim, se havia um contra-ataque, imediatamente todos os 10 jogadores viravam zagueiros para tentar defender seu gol.




Os anos foram passando e, graças às boas relações do pai, o menino conseguiu uma vaga no 'Furiosos Futebol Clube', time de várzea do bairro. Goleiro titular, graças à saída do outro goleiro que arrumou emprego fixo em outra cidade. Para o pai, um sinal dos céus de que aquela era a chance para seu filho mostrar que era craque!




Não houve muito tempo para treinos, afinal, sabe como é time de várzea, né?! Todo mundo tem que ter um emprego por fora para se manter. O próximo fim de semana já era de jogo decisivo. O FFC estava na final do disputadíssimo campenato entre bairros. Até ali havia ganhado 79 das 80 partidas (quem disse que o Brasileirão é o campenato mais longo do país?!), a única partida que não ganhou, empatou em 0 x 0, ou seja, não tomou nenhum gol! O outro goleiro era uma muralha! Pena que além de bom goleiro, era ótimo pedreiro e acabou indo erguer paredes numa obra gigantesca.




Finalmente, dia do jogo. As arquibancadas do campinho de terra estavam abarrotadas. Além dos torcedores do FFC, torcidas dos outros times foram assistir ao jogo daquele que prometia ser o primeiro time de várzea a disputar, em alguns anos, uma Libertadores!




O rapaz, que já era um mocinho, era pura adrenalina! Seu primeiro jogo em um time de verdade... ou quase isso. O pai não cabia em si. Cegueta para a realidade, parecia que seu filho era o próprio Casillas, goleiro craque de verdade da Fúria, seleção espanhola.




Apiiiiiiita seu Luizinho, farmacéutico do bairro E juiz de várzea. Início de jogo. Bom, o que se seguiu foi um show... de horrores, para o FFC, porque o outro time... esse foi à forra! Não que o outro time fosse tão bom, mas é que, infelizmente, apenas naquele momento descobriu-se que o único jogador bom do time era o goleiro, o que saiu do time! O pai parou de contar no 27º gol que o filho tomou. Cada um pior do que o outro. Cada frango...




Uma goleada histórica de 36x0! O rapaz, que foi demitido ainda no vestiário (na verdade, o quintal da casa da dona Zefa), entendeu que, talvez, futebol não fosse seu talento. Os sinais ficaram meio que claros naquele momento. Decidiu que, mesmo fazendo seu pai infeliz, daria outro rumo a sua vida. Aquilo devia significar alguma coisa, afinal.




Um ano depois, o rapaz inaugurava seu próprio negócio: a FRANGARIA DO EX-GOLEIRO. Aproveitou a fama que ganhara naquele fatídigo jogo (e que perdura até hoje) em seu favor! Montou um pequeno restaurante cuja especialidade era frango. Eram nada menos do que 36 tipos de frango! Um sucesso. Seu talento, afinal, era a cozinha! Ali, podia jogar em todas as posições, sem chances de fazer feio em qualquer uma delas: um craque! Na semana que vem inaugura a 8ª filial e faz planos para transformar a FEG em franquia.




O pai, bom, embora tenha levado um tempo para se recuperar, hoje está mais conformadinho e sente-se muito orgulhoso por ter ajudado o filho a encontrar seu verdadeiro talento. De uma maneira meio torta, isso tem lá seu fundo de verdade!

domingo, 21 de agosto de 2011

A última Coca-Cola do deserto





Ela sempre sonhou em conhecer as pirâmides do Egito e, depois de meses de planejamento, decidiu que já era hora de transformar esse sonho em realidade. Comprou um pacote, devidamente parcelado em 10x sem juros, e uma semana depois embarcava rumo às pirâmides.



Embora tivesse ido sozinha, lá não ficaria sozinha, pois seu pacote era um de excursão, isso quer dizer que a turma toda andaria em comboio para todos os lados. Um alívio para ela que sofria de um raro distúrbio psicopatologicomotor* que a fazia se perder onde quer que estivesse. Ela lidava bem com isso, mas sabia que uma coisa era se perder numa cidade como Curitiba, por exemplo, que bastava perguntar para qualquer um onde ficava seu hotel e pronto; outra coisa, porém, era se perder no Egito onde se fala árabe e até mesmo o inglês é difícil entender. Arriscar pra quê?! Foi feliz da vida na tal excursão... nem se importava que era um grupo da 3ª (praticamente 4ª) idade.



No primeiro dia, a turma toda saiu para conhecer o comércio local para fazer comprinhas. No segundo... no terceiro... no quarto... bom, finalmente no quinto, o grupo ia conhecer as pirâmides! Ela estava empolgadíssima! Não dormiu na noite anterior, checou 700 vezes se a bateria da câmera estava carregada, pensou em mil roupas, enfim... parecia criança que ia conhecer o Mickey no dia seguinte!



Às 7h da manhã, horário local, senhorinhas, senhorinhos e mocinha, todos a postos no saguão do hotel. O guia deu algumas instruções e repetiu, 17 vezes, a que considerava a mais importante: 'Não se afastem do grupo'.



Adivinha! Claro que ela se perdeu! Embora as chances fossem mínimas, dado que o grupo era composto por 45 integrantes de cabelos brancos e camisetas amarelas, além dela, mesmo assim, contrarianto as improváveis possibilidades, ela se perdeu! E não foi numa curvinha aqui e em outra ali... ela se perdeu completamente... a ponto de perder as gigantescas pirâmides de vista! Estava sozinha no meio do deserto!



Ao invés de ficar paradinha no lugar, nãããããão, ela continuou andando, andando, andando... e se perdendo, se perdendo, se perdendo cada vez mais. O horizonte tremulava, o sol castigava, seu protetor solar já não fazia mais efeito, seu cantil... bom, ela não levou o cantil porque não gosta de carregar coisas desnecessárias. Péssima decisão, não?! Apenas mais uma dentre as várias que tomara ao longo do dia.



Depois de horas caminhando na areia fofa do deserto, ela estava exausta, faminta, desidratada e desesperada.



Não havia o menor sinal de vida para qualquer lado que olhava: nenhum posto de gasolina, nenhum Mc Donalds, nenhuma farmácia... nenhum estabelecimento onde se pudesse comprar um refrigerante geladinho. Claro que esse pensamento já indicava sinais de delírio por conta da insolação.



Mais a frente, no trêmulo horizonte, porém... o que é aquilo? Um ponto vermelho. O que poderia ser? Ela rastejou o mais rápido que conseguiu, mas aquilo parecia uma miragem. Não desistiu. O ponto vermelho ia ganhando forma, era... parecia... não podia ser... mas era! Uma geladeira da Coca-Cola! Ela tinha certeza de que era uma miragem. Porém, para espanto da lógica, não era! Tratava-se de uma genuína geladeira da Coca-Cola... detalhe: ligada! Ao que tudo indica, a fonte de energia eram os painéis solares no topo da geladeira (essa Coca-Cola... não perde uma oportunidade, heim?!). Ao perceber que era real, ela reuniu as poucas forças que lhe restavam e correu para a geladeira. Ao abri-la, porém... seus olhos não podiam acreditar no que via... não podia ser: só havia uma lata de Coca-Cola... uma... mas não era Zero! A última Coca-Cola do deserto não era uma Coca Zero. Desmaiou.



Dois dias depois ela foi encontrada por um grupo de Tuaregues que deram a ela um GPS, uma bússola e um camelo que sabia o caminho pro hotel.
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* acho que sofro do mesmo distúrbio...


A Fada da Cozinha



Ela estava morando sozinha havia 3 meses. O novo emprego ficou longe demais da casa dos pais, então achou que finalmente era hora de cortar o cardão umbilical, romper as amarras paternas, decretar sua liberdade!



Alugou um pequeno apartamento a menos de duas quadras do escritório. Ia trabalhar a pé todos os dias. Grande vantagem, comparando com as 3h e meia que perdia no trânsito para ir e mais 3 e meia para voltar. Estava feliz com sua decisão, porém... passada a euforia de desfazer as caixas e colocar tudo em seu lugar, os pequenos 'porenzinhos' começaram aparecer.



Filha única, sobrinha única, neta única, a única coisa que aprendeu a fazer na cozinha foi sentar-se à mesa e comer a comidinha da mamãe, que, aliás, era um primor! Em parte, tal problema era culpa da mãe super-hiper-mega-master-blaster protetora: não deixava a filha fazer nada que pudesse colocar a vida do seu bebê em risco, ainda que as estatísticas não demonstrem grandes taxas de homicídio por ovo frito ou miojo de micro-ondas!



Nem precisa dizer que a saída da filha de casa foi quase um velório, né?! Mas a mocinha foi forte e resistiu a todos os apelos da mãe e do pai para que ela ficasse em casa... e financiasse um helicóptero para levá-la ao trabalho do outro lado da cidade.



Ela tentava manter a pose de independente, mas fato foi que, depois de 3 semanas, ela começou a emagrecer a olhos vistos. A mãe, claro, percebeu desde o primeiro grama, entretanto, magoadíssima que estava, resolveu não se oferecer para ajudá-la, ainda que aquilo partisse seu pobre coração em pedacinhos. Sentia-se afrontada e queria que a filha implorasse por ajuda.



Tudo corria na medida do possível até que coisas estranhas, magicamente estranhas, começaram acontecer. Certo dia, ela chegou em seu apartamento e... choque: a mesa esatava posta! Havia sopinha quente, torradinhas e suco de laranja!



A princípio, não pareceu tão estranho assim. Era óbvio que sua mãe havia passado por lá. Após falar com ela, porém, descobriu que a senhorinha não saíra de casa o dia todo, fato que seu pai confirmava jurando de pés juntos. Acreditou. Foi dormir intrigada, embora de barriguinha cheia.



Na noite seguinte... de novo! Lá estava a mesa posta. E mais: havia frutas frescas, pão quentinho, queijos e... uma cafeteira com timer programaoa para fazer o café meia hora antes de sair de casa pela manhã. Era perfeito! Ligou de novo para sua mãe que, mais uma vez confirmou que passara a tarde toda com amigas.



Estranho, muito estranho. E assim foram as noites nas duas semanas que se seguiram. Sua mãe continuava negando que era ela quem estava fazendo aquilo e ainda fez a filha parecer meio maluca dizendo que uma coisa dessas não podia estar de fato acontecendo.



Naquela noite, entretanto, algo mudou. Além de todos o mimos culinários, havia um bilhetinho na geladeira:



- Bom apetite, querida. Beijos da Fada da Cozinha! PS: acreditar em coisas mágicas, faz coisas mágicas acotecerem, mas se duvidar delas... terá de aprender a cozinhar!



Desde então, parou de querer saber quem ou o que preparava seu jantar, abastecia sua geladeira e lavava a louça suja! Qual o problema de acreditar em magia? Ainda mais numa desse tipo: tão útil!




sábado, 13 de agosto de 2011

Top 5 - Gostinho estranho



1º Gosto de geladeira - Não existe Sazon sabor geladeira, nem tampouco Ruffles com esse sabor inusitado, maaas, isso não quer dizer que você não o conheça! Quem nunca foi comer aquele pedaço de bolo de aniversário abandonado, sem tampa, há 3 dias na geladeira e sentiu um gostinho invasor... quase indescritível, um gosto de... bom, na falta de melhor referência, resta classificar tal gosto com sendo de geladeira!



2º Gosto de armário - Esse é um sabor que apenas os mais sensíveis são capazes de perceber, aqueles que têm realmente um paladar apurado. Esse gosto geralmente pode ser percebido em bolachas. Ah-rá! Já comeu bolacha com gosto de armário?! Não? Faça o teste (ou não!): deixe um pacote semiaberto no armário por uma semana. Após esse prazo, prove um dos biscoitos... além de meio murchos, olhaí o gosto de armário!



Gosto de pote - não, não, não... ao contrário do que possa parecer, não é preciso arrancar uma lasquinha de algum pote e comê-la para saber que gosto é esse, mas aposto que muita gente sabe qual é esse. Sabe quando a gente insiste em colocar no micro-ondas aquele potinho plástico madeinChina que não nasceu para isso? Pois então, esses potinhos em questão acabam transferindo para o alimento parte do seu gosto, que inclusive deve ser tóxico (!), além de acrescentar um tempero indesejado. Eca!

4º Gosto de Bom Bril - esse é de lascar! Trata-se de um gostinho que costuma grudar principalmente em copos. Sim, sim, sim... há pessoas que simplesmente adooooooram lavar copos com Bom Bril alegando que eles ficam mais limpinhos e não embaçam. Até concordo, o problema é que se não forem extremamente bem enxaguados, assim que a bebida entra em contato com a superfície bombrienta ela assume esse gosto predominante. Dia desses tomei um chopp com esse gosto... e como explicar pro garçom que eu queria trocar a bebida porque estava com gosto de Bom Bril?! Situação, viu?!



5º Gosto de sabão - embora toda gordura tenha gosto de sabão (sou só eu que acha que a gordura do bife de contrafilé tem gosto de sabão???), não é do sabor que se parece com sabão que me refiro aqui. Esse gosto anda de mãos dadas com o gosto de Bom Bril, depende apenas da predominância de um ou de outro. Mais uma vez, esse sabor depende da displicência do enxaguador que apenas mostrou a louça pra água e deixou ali resquícios daquilo que, na verdade, era para limpar a tal louça. Eca, eca, eca! Esse sabor é capaz de estragar o melhor dos paladares.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A semana e a cozinha



Segunda-feira - sim, aquele dia difícil. A noite passou rápido e não foi suficiente para acabar com o sono. O café da manhã tem de começar com um bom balde de café para fazer o dia pegar no tranco! O almoço, levando em conta os possíveis (prováveis) exageros do fim de semana, é algo bem leve, bem leve mesmo: um prato de salada, basicamente! Jantar? Banho e cama!




Terça-feira - é só comigo ou a terça-feira de vocês também tem 72 horas? Pra mim, o pior dia da semana porque o descanso do fim de semana já passou da validade e o próximo fim de semana ainda está muito distante. Aproveitando que o tempo rende às terças, o café da manhã pode ser a coisa mais demorada do mundo. Há ainda tempo para uma colação no meio da manhã! Almoço: ainda pensando nos estragos do fim de semana, saladinha, mas com as verduras que você mesmo plantou pela manhã e pela morosidade do dia, estarão em ponto de colher na hora da sua refeição. O jantar... bom, depois de um dia desses... banho, leitinho morno e cama.



Quarta-feira - enfim, o meio da semana útil! Sair da cama já tem um motivo: o café fresquinho. Nesse ponto, mal é possível lembrar das barbaridades alimentares cometidas no fim de semana, por isso, aquela feijoadinha cheirosa praticamente pula no prato. Embora, no jantar, a consciência faz questão de lembrar que é melhor pegar leve, então, adivinha: banho, frutinha e cama!



Quinta-feira - o melhor dia da semana! Por quê? Porque só falta amanhã! Além do café fresquinho, pra comemorar, um pão francês quentinho, fresquinho, recém saído do forno - isso se a preguiça deixar o corpinho se arrastar até a padaria logo cedo! É tudo por uma boa causa: é quinta! O dia flui tão bem que, na hora do almoço, o prato de salada no almoço já ganha uma lambadinha de churrasco! O jantar... olha! Alguém preparou o jantar!



Sexta-feira - é quando a coisa começa a degringolar! Dia de ir trabalhar de carro - pra quem não vai todos os dias - então, é possível comer um pãozinho a mais, caprichar na geleia, pingar o leite no café, comer um pedacinho daquele bolo que não se sabe bem de onde surgiu e, ainda, já que se está de carro, dá pra levar aquele pacote de bolachinhas pra ir beliscando enquanto enfrenta o tráfego monstro da sexta! No almoço a coisa piora... consideravelmente. Sexta é dia de almoçar com o pessoal! Comendo salada?! Que isso! 'Vamos comer pizza, gentê!'. E, claro, nunca fica nos dois pedaços, ou três, ou quatro... Jantar? Antes aquela passadinha no bar - enquanto o trânsito melhora - para relaxar com o pessoal. Daí, já viu: uma cervejinha leva à outra e a outra leva aos petiscos e acepipes. Depois, um jantar de verdade, enquanto espera o efeito do álcool passar para poder dirigir com segurança!



Sábado - começou ontem! E, depois de uma noitada, o café da manhã só acontece lá pelo meio dia. Mas, quem se importa: hoje é sábado! Melhor pular o café e ir direto pro almoço. Qualquer coisinha, melhor guardar espaço para aquela festa de aniversário do sobrinho, naquele buffet fantááááástico! Lá, bom, lá é que a coisa toda acontece: coxinha, quibinho, esfirrinha, hot doguinhos, hamburguinho (!), bolo, cajuzinho, beijinho, brigadeiro... e, para os adulto, cerveja, caiprinha, batidinha... E garçons que se multiplicam... mal se engoliu o último pedaço e já tem uma bandeja pela frente! É tudo tão lindo, tão cheiroso, tão apetitoso... e é sábado e foi salada a semana inteira... relax!

Domingo - depois de um sádado com festa infantil... melhor passar a fruta e água! Que nada! Mamãe está esperando a semana toda para preparar o prato favorito! E nem adianta ir pra lá sem apetite! Ela fará aqueeeeele prato e vai ficar olhando até sumir a última garfada! Barriguinha cheia? Espero que não, por que ainda tem aquele pudim de leite condensado esperando para ser devorado! Algumas horinhas depois, hora do café da tarde com pão caseiro, bolo fresquinho, café, geleia caseira, bolachinhas caseiras...



E assim termina mais uma semana que vai começar de novo e vai passar... e a culpa... bom, essa, a saladinha cura! hehehehe

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Confissão difícil






- Cheguei!


- Você não ia chegar mais tarde?


- A reunião foi cancelada, daí quis fazer surpresa... fiz mal?



- Nã-nã-não... claro que não...


- Iiiih, tô te achando estranho, que que foi, heim?


- Nada!


- Hummm... não acreditei, mas vou fingir que acredito... vamos jantar?


- Estou sem fome...


- Já comeu?


- NÃO! Só não estou com fome, não quero jantar, não quero comer nada...


- Calma! Perguntei só pra saber, mas agora fiquei com a pulga atrás da orelha...


- Vai querer controlar minha fome?


- Não, não, longe de mim querer controlar sua fome, mas confesso que não estou entendendo bem essa sua reação. Você já jantou? Saiu com alguém pra jantar e não quer me dizer?


- Não saí pra jantar com ninguém...


- Então porque você está sem fome? Aliás, por que você está tão estranho?


- Eu não estou estranho, você é que tirou a hora pra implicar comigo...


- Não sei... estou com a sensação de que você está me escondendo alguma coisa...


- (...)


- Olha, seja lá o que for, meu amor, pode me contar... eu sei que pareço irracional de vez em quando, mas, acima de tudo, eu te amo e coloco esse amor acima de tudo...


- (...)


- Anda, pode falar... você teve uma aventura, não teve?


- (...)


- Fala, meu amor, você sabe que a pior verdade sempre dói menos do que a melhor mentira...


- Eu não queria...


- Eu sei... me conta... é aquela ninfetinha do escritório, não é? Eu sabia... ela nunca me enganou...


- Não, não é nada disso...


- Não? Quem é então? Alguma da academia?


- Não, não é nenhuma mulher...


- NÃO????? É homem? Você descobriu que é gay?


- NÃO! Não pira!


- Desculpa... mas se não é mulher, não é homem... bom, daí fico sem ideia...


- Eu queria ter te contado antes, mas eu sei que você não vai me entender...


- Entender o quê?


- Desde quando a gente se casou eu já gostava, sempre gostei...


- (Ai, meu Deus, não sei se quero saber...)


- ...mas sabia que você não gostava e sempre deixou isso muito claro... então eu achei melhor esconder...


- Drogas?


- Me deixa terminar, por favor...


- Desculpa! Continua...


- Então, sempre que podia, sempre que você viajava, ou ficava até mais tarde no trabalho, ou saia com as amigas... bom, daí eu aproveitava... (longo suspiro) Mas eu quero que você saiba que nunca foi fácil pra mim, porque eu não gosto de mentir pra você...


- Fala logo, pelamordeDeus!


- EU GOSTO DE MIOJO E COMO SEMPRE QUE POSSO!


- (catatônica)


- Eu escondo os pacotes numa gaveta no meu escritório e trago pra casa quando sei que você não vai estar... eu faço, como, lavo tudo e gaurdo antes que você chegue...


- Há quanto tempo?


- Desde quando nos casamos...


- Você gosta?


- Adoro.


- Como eu vou contar uma coisa dessas pra minha família? A nona... a nona vai morrer do coração...


- Mas é macarrão, também, amor...


- Não, por favor, não fala mais nada, eu preciso ficar sozinha...