segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cena pitoresca no congestionamento


Aaaah, o trânsito nos proporciona tantas histórias, não?! Inclusive pitorescas...


Dia desses, indo ao trabalho, em meio a um congestionamento 5km/h, logo a minha frente avisto um táxi. Normal, não fossem as atitudes que se seguiriam.


Estávamos na faixa da esquerda, numa avenida marginal. De repente, os carros da frente avançaram a ponto de ser possível mudar a marcha da primeira para segunda! A glória! O táxi, no entanto, ao invés de seguir reto, foi virando o carro para a esquerda em direção ao guard-rail. Fiquei aflita: ‘Será que o motorista dormiu, desmaiou, morreu?’. Quando faltava um milímetro para a lanterna dianteira esquerda dizer adeus ao mundo das lanternas inteiras, o motorista esboçou reação! Alinhou o carro, mas ainda continuou rente à grade, e parou. Tive quase certeza de que havia algo errado com o motorista, afinal, os carros/tartarugas da frente continuavam andandado/tartarugando, enquanto o táxi continuava parado.


Antes que pudesse confirmar minha suspeita, porém, o motorista abaixou totalmente seu vidro e colocou meio corpo para fora: ‘bom, vivo ele está, mas será que vai tentar se jogar no rio?’. Nada disso. Com meio corpo para fora e o braço esquerdo totalmente esticado, num movimento totalmente ninja, ele, num único golpe, arrancou uma goiaba - sim uma goiaba - de uma das árvores que tentam dar um toque verde à marginal.


De posse da goiaba, o motorista retomou o movimento. De trás, eu observava tudo. Meio pasma, afinal, o que leva uma pessoa a quase bater o carro por uma goiaba? E nem era uma goiabona daquelas que enchem a mão, era uma pobre goiabinha, filha de uma árvore que resiste bravamente à poluição, à chuva ácida, ao barulho, ao solo contaminado.


Analisando tais aspectos ambientais, foi inevitável pensar: ‘Que diabos esse homem fará com essa goiaba suja, contaminada, quiçá, radioativa?!’. Será que ele pretende comê-la??? Sem lavar??? Que tipo de fome leva uma pessoa a isso????


Não tive que esperar muito pelas respostas. Logo em seguida, na próxima paradinha, do festival do anda-e-para-anda-e-para-para-para, eis que o motorista ninja saca uma faquinha e passa a descascar a tal da goiabinha. Shelep, shelep, shelep... em três ou quatro passadas de faca, lá estava uma goiaba pronta para consumo - pronta, mas não necessariamente própria!


Ééééé, cada um faz o que pode para matar o tempo no congestionamento.

Um comentário:

Ricardo disse...

Dependendo do que se faz, não se mata só o tempo...