domingo, 16 de outubro de 2011

Dica para momentos de emergência




Que atire a primeira azeitona quem nunca se rendeu à preguiçosa praticidade das comidas congeladas!


Cozinhar é uma delícia. Comer uma comidinha fresca, então, nem se fale! Mas, sejamos francos: quem nesse planeta tem disposição nos 365 dias do ano para, depois de um dia de massacrante de trabalho, ainda encarar o fogão?


Sim, sim... eis aqui uma defensora da teoria de que cozinhar é terapêutico e tal e tal, porém, há dias que o cansaço é tão maior que até relaxar parece exaustivo! Parece que a única coisa que não está cansada, nesses dias, é o estômago... roncando feito um trator como se para ele os trabalhos mal estivessem começando.


Oh! O que fazer?! Praticamente nada: abrir o freezer, tal qual alguém que abre as 'Portas da Esperança', e de lá sacar alguma coisinha que basta ir ao micro-ondas e...tã-nam! Está pronto!


Como nunca se sabe quando um momento desses irá acontecer, procuro sempre manter um coringa no meu freezer.


Depois de algumas experiências vexatórias, eis que fui saborosamente surpreendida. E pasmem: por uma pizza! Sim, sim, sim... uma pizza congelada... e saborosa! Querem pasmar mais ainda?! Não é Sadia, nem Perdigão! Rá!


Numa das passadas pelos freezeres do supermercado, pensei em levar umas fatias de pizza Hot Pocket, no entanto, logo minha memória me deu uma cutucadinha e disse 'Tem certeza, querida?! Essa coisinha branquela, seca, sem gosto e salagada?! É mesmo?!'. Apenas a combinação de muita fome e muita preguiça para fazer dessa 'até que boa ideia na teoria' uma 'boa ideia na prática'. Então, logo ao lado, vi as pizzas inteiras, que não vão ao micro-ondas, mas ao forno convencional... demoram mais para assar (sim, no caso de fome alucinante, 3 minutos são toleráveis e 20 parecerem uma eternidade), mas pelo menos o queijo derrete e a massa não parece de borracha!


Como qualquer pateta, claro que fui direto nas marcas conhecidas: Perdigão e Sadia, mas para meu azar (que só depois fui entender que foi 'pra minha sorte'), só tinha opções que não me agradavam (no caso de pizzas congeladas, fico no mais convencional possível: mussarela!). Então, notei que a única opção de mussarela era a nada galmourosa Rezende. Resolvi arriscar.


Nesse dia, a curiosidade foi maior do que a fome e resolvi prepará-la (a foto na caixa era tão gostosa!!!!) , mesmo não sendo um caso de emergência. Minha primeira impressão: a bichinha é minúscula, menor do que uma pizza pequena e só maior do que um brotinho. Com fome, uma pessoa com estômago humano (alerta às pessoas com estômago de saco-sem-fundo: comprem duas... ou três... cada um sabe o estômago que tem!) come uma dessas sozinha, tranquilamente. A massa me pareceu muito bonita (!) e a cobertura não chegava a ser o cúmulo da fartura, mas não fazia vergonha, não!


Segui às intruções da embalagem... mentira: eu não esperei ela descongelar por 20 minutos... coloquei direto no forno e esperei até a mussarela estar borbulhando (mais ou menos 30 minutos... meus olhos gulosos devem ter apressado o processo!). O cheirinho estava ótimo (cá entre nós: bem diferente do cheiro de plástico queimado, temperado com orégano... tipo Hot Pocket!), até parecia pizza de verdade! Fiquei animada.


Ao passar a faca para tirar uma fatia... surpresa: a massa é fofinha! Adoro. Embora as bordas sejam crocantes! Para surpresa maior ainda, à primeira garfada, senti a massa molhadinha pelo molho de tomate (que, ao contrário das concorrentes, pareceu que era molho de verdade, colocado com gosto... e não apenas um borrãozinho vermelho mostrado à massa).


Juro: parece pizza de verdade! E olha que nem estava alucinada de fome, fator que poderia interferir no meu julgamento. Não comi tudo (porque não dou conta, mesmo sendo uma pizza relativamente minúscula), então, no dia seguinte, a pizza passou no segundo teste: estar gostosa no café da manhã do dia seguinte. E não é que estava?!


Taí, me cativou. Pizza congelada Rezende: recomendo.

CSI Pudim - investigação criminal!



Era um dia como outro qualquer. Uma manhã em que todos chegavam para trabalhar. Tudo corria na mais enfadonha rotina de sempre. Mal sabiam que na noite anterior, um crime ocrrera ali. Levou um tempo até que percebessem que um crime havia acontecido ali.


O movimento era normal. Pessoas debatiam sobre o capítulo da novela, sobre a notícia no jornal da noite, falavam da vida alheia, quando, da cozinha, ouviu-se um grito! Todos largaram o que estavam fazendo e correram para averiguar o que se passava.

Sobre a mesa, uma travessa com um pudim inteiro... aparentemente inteiro. Diante dele, a dona do pudim com respiração ofegante, o olhar era um misto de fúria, dor e revolta.


Os espectadores entreolhavam-se sem entender o que provocara aquela reação, até que um mais corajoso perguntou:

- O que houve?! Por que você gritou?! O que há de errado?!

- (bufando) Alguém roubou meu pudim!


Coisa curiosa, afinal, o pudim parecia intacto! Um pudim fatiado, mas com todas suas fatias ali, sem falhas Percebendo o descrédito com que sua declaração fora recebida ela completou:



- Vocês sabem: eu trago, a cada dois ou três dias, um pudim para vender as fatias. Deixo o pudim, já fatiadinho, dentro da geladeira, e um caderninho em cima dela, assim, quem pega uma fatia, anota o nome e me paga no fim do mês...


Até ali, ninguém atinava o que de errado poderia ter ocorrido, afinal, pareciam estar ali todas as fatias! Não se contendo, alguém perguntou:


- Quantas fatias?

- ... 12!

- Espera... - pondo-se a contar - 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11...12! Doze! Estão aí, as doze fatias! Tudo não passou de um engano... resolvido, certo?!

- ERRAAADO!


A essa altura, já se ouviam cochichos na plateia: 'pirou de vez!' 'se ela deixou 12 e tem 12, qual o problema?' 'será que ela tá na TPM?!' 'será que surtou?!'. Irritada com o burburinho, a dona do pudim enfezou-se mais ainda:



- Eu quero que o larápio apareça agoooora e confesse na minha cara que me roubou!


Assustados, os membros da plateia entreolhavam-se, agora em silêncio.


- Anda, gente! Se teve coragem de roubar, vai ter que ter coragem pra assumiiiiir...


Medo ou curiosidade? Curiosidade, sempre:


- Não devo ser o único, então lá vai: o que está acontecendo?! Se você acabou de dizer que seu pudim foi deixado com 12 fatias ontem e hoje tem as mesmas 12 fatias... o que roubaram?! A calda?????

- Não! Roubaram o pudim... venha ver... venha aqui pertinho...


Ele foi. Com medo, mas foi.


- Repara aqui - afastando levemente uma fatia da outra - vê?

- O quê mesmo?!

- Veja que as fatias tem marcas de uma faca de serra...

- ...ce-certo... isso significa queeeee...

- EU NÃO CORTO O PUDIM COM FACA DE SERRA!

- ...

-...o larápio arrancou uma lasca de cada uma das 12 fatias do meu pudim! Juntando, de lasquinha em lasquinha, o cretino me roubou umas duas fatias inteiras!


Claro que um crime cometido com tanto requinte não poderia ficar impune. Mais tarde, a chefe fechou as portas da repartição e convocou uma reunião com toda a equipe. Havia um clima muito tenso pairando, afinal, todos eram suspeitos. O silêncio imperava. A chefe, então:


- O que aconteceu aqui foi muito grave! Temos um pudim desfalcado, a dona do pudim que levou o prejuízo e alguém que cometeu o delito... por isso eu vou perguntar só uma vez e espero que a resposta surja de pronto: quem fez isso?


Silêncio.

A dona do pudim bufava enquanto seu olhar buscava, dentre todos, o culpado.

Minutos, que pareceram horas, passaram-se até que, lá do fundo, um tímido braço se levantava em sinal de confissão. O dono do braço então se levantou e, sacando algumas notas da carteira, finalmente disse:


- Olha, está aqui o dinheiro que paga o pudim todo! Fui eu quem cometeu o crime... mas eu nunca poderia imaginar que seria descoberto... acreditava ser um crime perfeito... considerava não ter deixado nenhuma evidência... mas você... você... quanta astúcia! Parabéns! Meus parabéns!


Acredito que nem o pessoal do CSI teria descoberto esse crime! E sabem o que é pior? Pois eu digo: trata-se de um caso VERÍDICO! Juro por Deus: aconteceu de verdade. Eu não era a dona do pudim, também não fui a autora do crime, fui apenas a plateia. Se não acreditam, não os culpo... é realmente inacreditável... se eu mesma não tivesse estado lá, possivelmente não acreditaria...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Super/Hiper (des)necessidades





Aaaaah, foram-se os tempos quando se ia ao empório secos e molhados* para comprar uma caixa de fósforos e voltava-se de lá apenas com a necessária caixinha. Talvez porque um balcão separava os clientes das mercadorias.


O tempo foi passando e alguém teve a brilhante ideia de tirar o balcão, permitindo que os próprios clientes escolhessem aquilo de que necessitavam. Eis aí a chave de tudo: necessidade!


Estava dona Mariquinha na venda para comprar a caixa de palitos de fósforo, mas, circulando pelas prateleiras, lembrou-se de que também precisava de açúcar, mais adiante... vejam só: batatas! Ela também precisava de batatas! Assim, uma caixa de fósforos ganha companhias.


Mais algumas décadas adiante, as ideias brilhantes foram ganhando ainda mais brilho. E assim surgiram os supermercados. Super! Amplos, diversos, esses estabelecimentos concentravam praticamente tudo que era necessário para manter uma casa: alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal. Claro que, com a diversidade de opções, a ida mensal ao super nunca mais se limitaria à caixa de fósforos (que, inclusive, nesse meio tempo, praticamente caiu em desuso!).


Ao longo dos anos, os superes (!) multiplicaram-se e já não ficavam mais tão longe de casa. Isso passou a viabilizar passadinhas mais frequentes que não apenas aquela mensal. Embora ainda houvesse a limitação financeira da esmagadora maioria (lá pelos anos 80, com inflação de 2000% ao ano!!**), quem resistiria àquele pacote de biscoito ou àquela lata de leite condensado (um luxo para época!) que não estavam na lista?


Fato é que os donos de super*** foram percebendo que o passeio pelas prateleiras suscitava ideias e desejos inconscientes. Assim, colocar as latas de massa de tomate ao lado das embalagens de macarrão era uma questão não apenas de praticidade, mas talvez houvesse a intenção de despertar na pessoa a vontade de comer macarronada, ainda que o intento original fosse apenas comprar um pacotinho de macarrão para deixar na despensa. Daí... já que vai fazer, faz direito: leva também o queijo ralado, a azeitona, o orégano e a carne moída pro bolonhesa! Assim, a compra de um item vira a de pelo menos seis!


Uma ideia boa dessas (para os donos de super, claro!) poderia ser aprimorada, pois não?! E foi. E como foi! O super cresceu e virou hiper! Versão master-blaster dos supermercados que contemplam tudo, tudo, absolutamente tudo que uma pessoa pode precisar (ou não) e imaginar! Além dos prosaicos alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal, num hiper você também encontra toda sorte de eletrodomésticos (incluindo itens de informática), além de livros, Cds, DVDs, móveis (incluindo os para jardim!), também todos os itens do vestuário, das roupas de baixo aos acessórios. Precisando de pneus novos para seu carro! Aproveite que vai comprar pão e compre também os pneus! Se quiser, também pode levar o óleo lubrificante (e o de cozinha!), o aromatizador e aquela chave de roda que anda precisando há tempos!


Um hiper torna praticamente impossível a compra de um único item! Se a passagem por lá for num momento de fome... piorou! Já reparam no corredor polonês de consumo na fila do caixa?! Você nem estava pensando nisso, mas de repente, quando vai ver, já está abraçando um pacote de salgadinho, um tablete de chocolate, um de chiclete e ainda espia a manchete da revista de fofoca. Pra completar, pega uma escova de dente, um creme hidratante e pilhas palito. Um perigo para o bolso de qualquer um!



- Amor, o sal acabou, corre lá no mercado rapidinho pra miiiiiiim?!


- Só pra isso?!


- (olhos do Gato de Botas do Shrek)


- Tá bom...


(uma hora depois)


- Que demora, amor!


- Pois é, a fila do crediário estava enorme!


- Você comprou um pacote de sal em quantas vezes?


- 24!


- VOCÊ PARCELOU NO CREDIÁRIO UM PACOTE DE SAL????


- Isso! Aproveitei que parcelei o home theater e incluí o sal!




Isso já aconteceu com vocês?! Comigo já!



*juro por Deus que não sou desse tempo

**parece piada, mas não é!

***leia-se: gigantescas equipes de marketing!