domingo, 27 de novembro de 2011

Temporada Ouro Preto: Chalet dos Caldos

Cheguei em Ouro Preto num sábado tipicamente paulista: frio e garoa na escuridão! Era a receptividade mineira se desdobrando para fazer com que eu me sentisse me casa! Não queria que a mudança fosse brusca, assim, aos poucos, nos dias que se seguiram, o clima foi ficando mais ouro pretano, revelando um lindíssimo céu azul com nuvens fofas.

Caso é que logo na chegada bateu aquele arrependimentozinho por não ter colocado um bom casaco mais quentinho na mala. Solução para o frio? Ouro Preto tem: caldos quentinhos, os mais variados!

Aliás, embora minha primeira indicação de lugar gostosinho para comer em Ouro Preto se chame 'Chalet dos Caldos', não pensem vocês que tal iguaria é exclusividade da casa especializada. Isso porque em todos, todos, todos os restaurantes, cafés, lanchonetes, padocas, bares, botecos e afins têm os tais 'caldos' no seu cardápio. Não que eu tenha entrado em todos, todos, todos os restaurantes, cafés, lanchonetes, padocas, bares, botecos e afins de Ouro Preto, mas arrisco tal afirmação depois que, em um coquetel e uma festa, nos quais estive, percebi que eram oferecidos caldinhos, assim, na cara larga, além dos típicos canapés, salgadinhos e similares. A logística de segurar a cumbuca de caldo, a colher e mais a taça é complicadíssima, mas nada que não se dê um jeitinho.

Voltando... o Chalet dos Caldos fica na Rua Carlos Tomaz , 33 A - Centro, Ouro Preto - MG, (31) 3551-3992 - daria como referência uma ladeira, mas isso seria inútil, dado que Ouro Preto é 100% ladeiras! O lugar tem um jeitinho de taberna, paredes de pedra (como a maioria dos estabelecimentos) e atendimento quase simpático, mas não chegou a ser uma maravilha, não.

O cardápio, como não poderia deixar de ser, oferece um sem número de tipos de caldos, além de petiscos e bebidas. Não posso deixar de transmitir valioso ensinamento: não estranhe ao ler no cardápio a opção 'cenoura amarela'. Não se trata de uma cenoura anêmica, não, não! Esse é o nome da nossa paulista mandioquinha! E não, não tente pedir para o garçom o caldo de mandioquinha... ele fará ouvidos surdos até que você diga alta e claramente CE-NOU-RA A-MA-RE-LA! Outra opção que precisou de tradução foi o caldo 'bambá'. Oi?! Gambá? Bambu? Nem uma coisa, nem outra, ufa! Trata-se de um caldinho de fubá com couve rasgada (nem cortada, nem fatiada: rasgada! portanto, se vocês sofrem de transtorno obsessivo compulsivo [TOC] poderão sofrer com a falta de simetria da couvinha!!). Ah, pra findar as explicações, o garçom deixou claro que o frango que vinha no caldo de batata era morto! Hummm... devo confessar que essa informação foi desnecessária, seu garçom!!!

Enquanto esperava o caldo, partilhei da porção de mineirices (torresmo, linguiça e mandioca frita) pedida pelos amigos. Um erro! O problema é que a linguicinha estava fantasticamente sequinha e apimentada na medida certa e o torresmo estava numa crocância ofensivamente perfeita... daí, belisca daqui, belisca dali... quando o caldo chegou... meu estômago de formiga já estava satisfeito e não pude degustar a gigantesca porção (sério mesmo, é imensa!) do meu caldinho de batata com frango. Quem, diferente de mim, ainda tinha fome diante das mega-cumbucas de caldos, disseram que eram gostosos!

Ah, sim... a bebida! A espera pelo caldo, acompanhando os beliscos, foi brindada com uma bebida que eu não conhecia até então (ok, pode me chamar de caipira e/ou pouco informada... não escondo que essa foi uma grata novidade pra mim!): caipitequila!!! Caipirinha feita com tequila!! Ainda que alguns protestassem pelo fato de eu estar traindo a bebida típica de Minas EM Minas - a cachacinha - mantive a opção (muito pela curiosidade) e não me arrependi! A combinação ficou perfeita. Nada de impensado, apenas a substituição do salzinho pelo açúcar. Adorei e recomendo.

Os preços? Tudo muito baratinho: caldos - em torno de R$ 10; porções - em torno de R$ 15; caipitequila - R$ 11 (fala sério!!! em São Paulo, por esse preço, nem caipirinha de pinga!). Lembrando que esses preços podem variar, não sou eu quem manda, ok?!

Bom, ainda que os preços sejam muito convidativos, aconselho que não bebam muito porque, invariavelmente a volta para o Hotel ou Pousada implica em ladeiras... subindo e/ou descendo... tarefa que fica um pouco mais difícil de realizar com pernas bambas!!! Caso resolva (inadivertidamente) ignorar meu conselho e se veja de perninhas frouxas no fim da noite, pegue um táxi, mas esteja sóbrio o suficiente para negociar o preço antes de entrar no carro, isso porque os táxis em Ouro Preto não têm taxímetro, ou seja, um mesmo trecho pode custar R$ 10, R$ 20 ou R$ 50!!! Estão avisados!!

No próximo texto... CAFÉS!!! Não percam!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Em breve...



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O fantasma que não gostava de abobrinha



Quem foi criança nos anos 80, filho de mãe que ouvia rádio AM, vai entender do que vou falar. Se não foi, leia mesmo assim porque a história é engraçadinha!


Lá pelos idos de meados dos anos 80, uma das grandes celebridades das ondas AM do rádio era um sujeito chamado Eli Correa - disputava o posto com Paulo Barbosa. Seu programa - suceeeesso - tinha um quadro chamado 'Que saudade de você'. Era uma coisa fantástica! Nesse quadro o Eli (!) narrava... não, não... ele DRAMATIZAVA histórias "reais" contadas pelos ouvintes. Quando digo dramatizava, quer dizer que ele se empolgava a um grau que deixaria qualquer ator mexicano sagitariano roendo os próprios cotovelos de inveeeeja!

As histórias eram as mais bizarras possíveis... a maioria sobre desgraças, mas, vez ou outra, Eli flertava com o sobrenatural. Uma dessas, que nunca me esqueci, me apavorou durante anos. Era assim:


"Num desses botecos do centro da cidade, desses que servem comida no balcão, coisas estranhas começaram a acontecer. O dono, senhor vivido, notou que começaram a sumir itens de seu estoque. Um dia era um pacote de pão, no outro era um litro de leite, no outro um quilo de carne. No começo, perdoou, afinal, seu único funcionário, um rapaz humiiiiilde, embora ganhasse um ninharia, trabalhava arduamente e, além de ser uma simpatia no balcão, ainda cozinhava muito bem... quer dizer, isso comparado a ele, que não sabia nem ferver água! Pra que brigar com o rapaz por conta de uma coisinha aqui e outra ali? Fica como parte do pagamento, pensava!


Os dias foram passando e os sumiços iam aumentando. Já não era um coisa por vez. De uma hora pra outra, começaram a sumir garrafas de cerveja (não as garrafas, mas o conteúdo delas!), frutas, ovos coloridos e tudo que tinha no estabelecimento. A ponto do dono, sujeito de bom coração, dar um basta! Chamou o rapaz para uma conversa e, qual não foi sua surpresa ao presenciar um sujeito pasmo diante de si. Indignado, inconformado, o rapaz bradava que ele nunca havia levado sequer uma migalha que não fosse sua e blá-blá-blá... depois de horas, quem pedia perdão era o dono ao rapaz, pois estava claro que não era o pobrezinho quem estava surrupiando coisas de seu estoque.


Curioso é que os sumiços continuaram e foram piorando. Chegando ao ponto de começar a sumir coisas dos pratos dos clientes. O cidadão estava de frente para seu prato e num piscar de olhos, puft! cadê o bife acebolado que estava ali? Sumiu! Era de arrepiar. Arrepiu? Sim, arrepio... todo sumiço era acompanhado de um arrepio provocado por um ventinho gelado... vUuUUuuu...


Não havia PF que passasse impune pelos furtos, até que um dia... Bom, um dia ao invés de sumir a mistura... sumiu o arroz e feijão... num piscar de olhos, o prato ficou limpo... ou quase... no cantinho, só sobrou o refogadinho. Só sobrou o refogado de abobrinha... vUuUUuuu...


Muito atento, o dono resolveu testar... fez um belo prato de refogadinho e um montinho de arroz e feijão do lado... dali dois segundinhos... vUuUUuuu... cadê o arroz e feijão? Não sobrou nem história... já o refogadinho... in-to-ca-do!


Seguindo o conselho de um dos clientes que teve um belo ovo frito furtado de seu prato, convocou a mãe fulaninha para dar um parecer espiritual sobre o caso. Após breve análise, o julgamento:


- Seu estabelecimento está possuído por um espírito mal desencarnado... mas não qualquer um... trata-se de um fantasma que não gosta de abobrinha! - (Jura?)


- E o que eu faço, minha mãe?


- Espalhe abobrinhas por todos os cantos do seu estabelecimento.


Depois de dois meses, o estabelecimento estava livre do espírito... que deve ter REmorrido de fome e foi buscar comidinha melhor em outra freguesia!"


Eli jurava que era verdade... vUuUUuuu... que medinho!!!

Consequência disso é que passei a infância todinha sem nem olhar para abobrinha... o que me faz pensar na seguinte questão:

- Se o fantasma não gostava de abobrinha... não seria mais lógico eu sempre ter esse refogadinho no meu prato para afastar o gasparzinho????????? Ao invés de ficar com medo do fantasma eu peguei medo de abobrinha!!!!! Quem explica? vUuUUuuu...