domingo, 10 de junho de 2012

A mais básica massa para fazer salgadinhos!

Eu tenho um ponto fraco: as coxinhas! Não as minhas... a propósito! Ou melhor, as minhas... mas não as miiiinhas... Enfim... me refiro àqueles salgadinhos com massa macia por dentro, crocante por fora e recheados com franguinho desfiado, bem temperadinho, repleto de azeitonas!!!

Quando falta tempo e sobra vontade, o jeito é sair à caça de coxinhas decentes (!) para comprar. Mas, se a vontade dá sorte de me pegar com tempo... não tenho dúvidas: vou para cozinha!

Embora dê um certo trabalho (eufemismo: dá um trabalho do cão!), as vantagens de fazer coxinhas em casa são várias, dentre elas: 1) você sabe que lavou suas mãos antes de preparar! 2) você sabe a procedência dos ingredientes! 3) o óleo onde serão fritas as referidas é mais jovem que você! e, por último, mas não menos importante 4) é garantido que você não se deparará com uma pele tremulante no recheio (afff.. ecati... humpf... blahfg...).

Como há milênios não narro uma receitinha por essas bandas, hoje resolvi apresentar-lhes a mais básica de todas as massas para salgadinhos. Isso porque com essa mesma massa você faz, além das coxinhas, também risoles, bolinhos de queijo, de carne etc. Ideal para quem vai fazer uma festchinha e resolveu bancar a prendada: a massa é única, só variam os recheios. Vamos a receita, pois então:

Ingredientes:
3 xícaras de chá de leite;
1 colher de sopa de margarina (ou manteiga);
1 tablete de caldo de galinha (ou legumes);
2 e 1/2 xícaras ed chá de farinha de trigo;
1 clara de ovo;
farinha de rosca para empanar.

Preparo:
Em uma panela (grande o suficiente para que os ingredientes não voem por todos os lados), ferva o leite, juntamente com a margarina e o caldo de galinha. Fique de olho, afinal, leite é um bicho danadinho que carece de atenção! Quando levantar fervura, abaixe o fogo e, de uma vez só, sem medo de ser feliz, despeje toda a farinha: VAI! Com uma colher de pau (ou de silicone, se você não é antiga como eu!!!), misture rapidamente. Tal procedimento requer agilidade e alguma força (aproveite para queimar algumas calorias antes de comer as coxinhas!!). Vai virar uma bolota!! Não tema. Aos poucos, à media que você vai mexendo, a farinha e o leite virarão uma coisa só... uma massa linda! Assim que isso acontecer, ou seja, que os ingredientes virarem uma bolota única, apague o fogo. Coloque a bolota sobre a pia (ou sobre sua chiquérrima bancada de inox ou mármore...), espere esfriar um pouco (o suficiente para você não queimar a mão e perder a receita porque foi parar no hospital) e sove-a até que se tenha uma textura lisinha. Milagrosamente, essa é uma massa que não gruda nas mãos e não leva um grão a mais de farinha no processo de sova. Prontinho! Você já tem sua massa básica para rechear como quiser.

Duas dicas fundamentais, coisa de mãe: 1) na hora de besuntar o salgadinho para então empanar na farinha de rosca, use apenas a clara... isso fará com que seu salgadinho fique muuuuuito crocante e não chupe todo o óleo da frigideira! 2) se você não tem frescurinhas, ao invés de jogar o coitado do bolinho na clara e resgatá-lo com um garfo, para então novamente jogá-lo na farinha de rosca, mergulhe sua mão, extremamente limpa, na clara e passe-a no bolinho... assim, a camada fica mais fininha e a farinha aderirá muito melhor!!!

Dica gourmet: já que você, prendadamente, se propôs a ir para a cozinha, não caia na armadilha da farinha de rosca pronta! Torre aquele pãozinho que sobrou de ontem, bata no liquidificador e passe por uma peneira! Quer melhorar ainda mais essa história? Que tal fazer farinha de rosca com pão italiano???? Acreditem: faz toda a diferença!!!

Assim que fizerem, por favor, me convidem para provar!!!

domingo, 3 de junho de 2012

A tentativa de suicídio

- Se ele não voltar, eu juro que me mato!

Esse foi o grito que se ouviu vindo daquela casa de muros baixos no tranquilo bairro de uma pacata cidade do interior.

Não demorou e metade da cidade estava em frente à casa. A outra metade estava cuidando da própria vida.

Algum tempo depois, chegou polícia, bombeiros e a imprensa - o jornal local; um repórter da rádio regional e uma equipe da emissora de TV, afiliada de uma grande emissora da capital (que garatiria a história e, dependendo do final, poderia ganhar espaço no telejornal da emissora mãe... uma grande oportunidade... e por isso a equipe torcia pelo melhor... na concepção deles!).

De quando em quando ela repetia: "Se ele não voltar, eu juro que me mato!". Então, todos lá fora reagiam com eufóricos pedidos de "Calma! Vai dar tudo certo!" - todos, menos o pessoal da TV.

Quando chegaram ali, a confusão já estava instalada, então, o que de fato acontecera era quase um mistério. Isso porque cada um contava uma versão. O que dificultava muito o trabalho da imprensa que se empenhava em montar a linha do tempo dos fatos. Até que uma senhorinha, vizinha de muro, disse que foi ela quem chamou a polícia. Ela, portanto, sabia como tudo começara:

- Eu estava estendendo umas roupas quando ouvi ela muito nervosa discutindo com o marido. Pelo que pude entender, ele se apaixonou por outra e a talzinha pegou barriga e por isso ele estava deixando ela, a oficial, para ficar com a filial. Enquanto ele arrumava as malas, ela dizia que ele não podia fazer isso com ela, que ela amava ele, que ela não podia viver sem ele, que ela ia morrer se ele fosse, então disse que ia se matar se ele fosse. E ele foi. Daí vi que ela foi pra cozinha... daí me preocupei de verdade porque a cozinha é lugar muito perigoso para quem está com planos de dar cabo da própria vida, sabe?! Então, de casa mesmo eu gritei para ela não fazer nenhuma besteira. Ela então disse que ele ia voltar de qualquer maneira! Então eu disse que ela era muito linda, muito nova, que ia encontrar outro marido. Mas ela não queria saber de conselho, não! Queria era aquele marido mesmo. Então a vi abrir a geladeira... pegou... ai, meu Deus, nem posso me lembrar - disse trêmula - daí eu corri pra dentro de casa e liguei pra polícia. Não ia esperar o pior acontecer...

Ouviu-se um barulho. Era o liquidificador funcionando. Todos prestaram atenção.

A senhorinha se deseperou:

- Ela vai fazer...

O pessoal da imprensa tentava descobrir mais alguma coisa com a senhorinha: o que ela viu a moça pegar? Será que ela prepararia um coquetel com desinfetante, sabão em pó e soda cáustica?! Mas era inútil, a senhorinha estava descomposta.

Mais um anúncio:

- Se ele não voltar, eu juro que me mato! Eu vou beber isso... - disse a moça colocando meio corpo para fora pela janela da cozinha e empunhando um copo cujo conteúdo tinha um aspecto leitoso, meio amarelado.

Todos especulavam sobre o conteúdo, mas de fato ninguém imaginava o que havia lá dentro. E não havia mais tempo para especulação. A polícia, que até então tentava, sem sucesso, encontrar o marido fujão, não podia mais esperar: "Vamos invadir!" - diga-se de passagem, dizer essa frase era o sonho de infância do capitão que conduzia as negociações... sempre assistia àqueles filmes americanos de negociação e desde que entrou para a polícia, há 27 anos, sonhava com o dia que iria viver seu dia de John McClane (o Bruce Willis) de "Duro de Matar", seu herói!

Rapidamente, o capitão confabulou com sua equipe, ou melhor, o único soldado que o acompanhara na empreitada - o outro ficou cuidando do único preso na cadeia. O plano estava feito: um a distrairia, conversando mais de perto, enquanto o outro entraria pela porta da sala. E assim se fez. Ação rápida e eficiente - morram de inveja Swat! - enquanto o soldado conversava com ela, o capitão a tamava de assalto, tirando-lhe, certeiramente, o copo com a substância assassina desconhecida de suas mãos.

Aplausos, choros e tudo que uma ação bem sucessida tem direito. Incluindo as declarações à imprensa. Antes de entrar na ambulância que levaria a moça, em choque, para o posto de saúde da cidade, a jornalista da TV foi direta na pergunta:

- O que tinha no copo?

A moça, então, ainda desacorsoada com seu insucesso, aos prantos respondeu:

- Leite com manga.

Isso mata? A senhorinha garantia que sim.