domingo, 17 de fevereiro de 2013

Leite derramado...

Não adianta chorar sobre o leite derramado.

O provérbio não nasceu sem razão. Ainda assim, mesmo não adiantando lhufas, pode até ser que não choremos, mas sentimos calar fundo a dor de ser autor da lambança... ou mesmo espectador. Fato é que, ao menos um palavrãozinho havemos de soltar. Por favor.

Ai, como é triste ver o leite derramar... especialmente quando se trata da última dose da caixa, numa noite de insônia, sobre a toalha limpa! Ah, sim... porque, via de regra, leite derramado que se preze, tem que ser a última dose, tem que ser na hora da necessidade, tem que fazer bagunça completa!

Contudo, nem só de leite derramado vivem as lambanças. O que prova que a culpa não é do leite. Não, a gravidade não age com mais gravidade (dã!) sobre o leite. Tenho para mim que se há um culpado a ser apontado em casos de lambança. Trata-se, ou melhor, tratam-se... porque são dois... DUAS: as mãos, mas em estado de lerdeza!

Não há estudos conclusivos acerca do fenômeno, todavia, experiências quantitativas exaustivas apontam para a hipótese de que todo ser humano (o estudo ainda não foi estendido aos animais em casos de "patas lerdas") já foi, está sendo ou será acometido por um ataque de mãos lerdas. Os sintômas são mãos completamente abestalhadas, como se um destro passasse a ter duas mãos esquerdas e o gouche, duas direitas. O resultado? Lambança!

Vamos lá: quem nunca teve ao menos um dia desses? Não conheço quem nunca. Mas devo confessar que conheço quem sempre!! No meu caso, não é sempre, embora haja dias que parece que tudo foi devidamente besuntado na manteiga. 

E por falar em manteiga, a cozinha é o lugar mais propício a manifestações de mão lerda. É a mão que bate no copo e derrama o leite, o refrigerante, o suco e afins. É a mão que deixa escorregar a louça da pia. É a mão que erra o prato e derrama a macarronada na toalha. É a mão que encosta na assadeira quente e a joga pro alto para correr com a vítima para debaixo da torneira.  E assim por diante. E tudo em câmera lenta... sim, porque todo acidente acontece em câmera lenta, sem que nada possamos fazer.

E quando a lambança acontece em público? Sempre pode piorar: com plateia vira show!!

Dia desses, uma amiga deu uma mão lerda no potinho de vinagrete no Bar do Bolinho... formou-se uma cascata avinagrada da mesa ao chão. Ficamos sentindo o cheiro do vinagre a noite toda! Em outra ocasião, no auge do espalhafato sagitariano, dei uma mãozada num inocente copinho de tequila que aguardava o final do causo para ser bebido... não deu tempo: meu tapão fez tequila e copo irem ao chão. Que dó!!

Se acontece assim, sem muito danos, maravilha. Problema mesmo, de verdade, de fato, é quando a mão lerda derrama sofre um sofá branco, sobre uma roupa brança, sobre sapatos de camurça!

Minha mais recente crise de mão lerda teve cena e dano: estava escrevendo em meu computador, como faço agora; ao lado, uma taça de vinho. Tudo muito tranquilo. Não fosse o fato de, ao tentar pegar a taça para mais um golinho, eu errasse sua borda e desse-lhe um mega tampão que a fez tombar sobre a mesa... onde descansavam em paz diversos livros, que agora parecem todos parentes de Mikahil Gorbachev. Não sei o que doeu mais: perder o vinho ou manchar os livros.

O que há de se fazer, contudo?? Derramado foi e assim permanecerá! Então, se não adianta chorar, só nos resta rir sobre o leite e todas as outras coisas derramadas. Porque, vamos combinar: é sempre engraçado!!!