Sobre o paladar, o tempo e arrepios!
Ah, a doce infância! O mundo era outro. Não que fosse o mundo da lua... era esse mundo mesmo, mas de outra forma, com outros olhos. Quando se é criança, há o futuro todiiiinho pela frente, ainda que não se pare pra pensar nisso, ele simplesmente vai chegando. O passado é tão curtinho, que nem dá pra ficar se segurando nele. E o presente... ah, sempre se espera que seja dos grandes! E as mudanças! Tantas e tão rápidas e cada vez mais. Nessa fase, algumas coisas mudam a olhos vistos, como o corpo. Outras vão mudando, mudando e só nos damos conta quando paramos pra pensar no assunto. Um exemplo?! O paladar!
O paladar é, talvez, o sentido que mais se transforma ao longo da vida. Da infância à vida adulta há sabores que permanecem deliciosamente intocáveis, eram, são e sempre serão os favoritos, no entanto, conforme tudo vai mudando, o paladar também vai se modificando, se apurando, se refinando. Por isso, sabores que precisavam fazer nossas mães segurar o chinelo na mão para nos "convencer" a degustar, depois de algum tempo, necessidade ou pura consciência, passaram a ser o manjar dos deuses na vida adulta. E vice-versa, evidentemente!
Há coisas que só de lembar me causam arrepios (... e não são arrepios de emoção!). Quando era criança, a minha sobremesa favorita, a gostosura dos meus sonhos era o que chamávamos de gemada! Era uma receitinha nossa: gema, açúcar e Toddy! Urgh! Tudo devidamente misturado num copo, um creme que era degustado beeem lentamente, para que todo o sabor da gema com o achocolatado fosse apreciado com minúcia! Dá pra acreditar?! E tinha a versão "branca": gema, açúcar e uma pitadinha de canela pra apaziguar o cheirinho peculiar da gema! Lembro que essa iguaria era motivo de chantagem: "Se não comer tal coisa, não tem gemada!". Hoje, somente o contrário funcionaria bem: "Se não comer tal coisa, vai ter gemada!". Praticamente uma tortura!
Frutas, verduras, legumes e tudo que era saudável passava longe do meu cardápio! Era uma criança normal: detestava tudo e lutava com veemência (muita veemência, acreditem!) contra a presença dessas coisas em meu prato... só comia se rolasse uma gemada depois, claro! Hoje, porém, não posso imaginar um só dia sem uma frutinha, uma saladinha, um refogadinho! O paladar mudou completamente, não só pelo tempo, mas pela consciência da necessidade e pelo prazer das novidades.
Todavia, nem só do tempo nascem as mudanças. É também por conta de transformações físicas que mudamos alguns aspectos de nosso paladar. Brigadeiro, por exemplo, quando criança era capaz de comer aos quilos sem o mínimo esforço. Já adulta, porém, como um, dois, (...mentira, como três!), no máximo. Só. O sabor do brigadeiro continua maravilhoso, mas a forma física querendo se arredondar faz com que seu gosto fique um pouquinho mais amargo agora! O "paladar" mudou!
Hoje, dia das crianças, é dia de comemorar! Chute o balde! Mande a dieta dar uma volta! Um diazinho só não mata ninguém. Pense em algo que você adorava comer quando era criança (menos gemada!) e aproveite para se deliciar... vale chocolate, sorvete, macarronada, pastel! Provoque sua memória, dê um presente a seu paladar da infância! Amanhã, dá-se um jeito!!
PS:...ah, que maravilha: Fernando Alonso ganhou de novo!! Venceu lindamente o GP do Japão. Valeu a pena acordar à 1:30h, valeu sim! Meu presente. Uma rodada de brigadeiro (porque é dia das crianças!) pra todo mundo, por minha conta! Eba!
2 comentários:
Que lindo Fabi, realmente é assim, do jeito que vc escreveu. Qtas toneladas de brigadeiro eu comia, hahaha...hoje continuo comendo mas tb como o tal do brocolis e sinto o mesmo prazer!
Vc escreve lindamente...me remeteu a muitas lembranças boas, por conta própria tb fazia chantagens "só como se depois vc me deixar comer gelatina ou leite condensado com Quik de morango", kkkkkkkkk...
Beijocas e uma ótima semana
Uau Quik de morango!! Essa é do baú, heim Ana! Era tão gostosinho... será que ainda existe?!
Bj!
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