Feliz Gula Sazonal!
E lá vem o Natal! Nessa época, há tanto o que pensar, fazer, visitar, comprar e comer que o motivo da festa, se vacilar, acaba virando mero pano de fundo. O fim de ano é uma desculpa perfeita para alguns exageros, mas consumismo, hipocrisia e amnésia à parte, falemos da gula, o pecado capital oficial das festas dezembrinas.
Difícil não se render às tentações, o cardápio é alucinante. Há uma infinidade de deliciosas e irresistíveis opções e uma característica comum a grande maioria delas: a sazonalidade. Alguém come peru em março, chester em abril, tender em maio, panetone em junho, rabanada em agosto, bolo de natal (!) em setembro? Não, né?!
A vontade pode até existir, mas nos supermercados, peru e chester, por exemplo, só são encontrados em dezembro (...sem contar as promoções-fim-de-festas em janeiro!); nos últimos anos, o panetone tem sido vendido durante outros meses em algumas padarias, mas é certo que não fazem o mesmo sucesso que no último mês do ano; já a rabanada, que não depende de ingredientes sazonais, só é lembrada, feita e degustada quando os primeiros sinos natalinos começam a soar. Ainda que fosse possível preparar as igruarias natalinas fora de época, faltaria um ingrediente fundamental: a tradição! Tempero indispensável.
Algumas guloseimas nem combinam com o verão-tropical-brasileiro*, mas com algum sacrifício e perigando ter um piriri, come-se e bebe-se com prazer, com o coração, com os olhos! É tudo tão bonito, cheiroso e gostoso que nem dá tempo de pensar na dieta ou na moderação, a dona Gula acaba falando mais alto e as porções, conseqüentemente, acabam ficando maiores, mais pesadas, beeem mais gordinhas**. Mas são sabores especiais, comidinhas com cheiro de festa, com gosto de fim de ano, merecem ser degustadas sem constrangimentos.
Além disso, ao contrário de outras, a Gula de dezembro é diferente, é sazonal, vem trazida pelo clima de alegria, nem se percebe sua chegada, é quase uma querida da família, quando vai ver, lá está ela, fazendo seu prato em todas as confraternizações e ceia! O jeito é se render aos apelos do estômago, dos olhos e da tia Gula! E se a culpa resolver assombrar, aí vai uma frase dita pelo nutrólogo João Curvo, um consolo aos deslizes e um incentivo à dieta de janeiro:"O que engorda é o que você come do Ano-Novo ao Natal, não o que você come do Natal ao Ano-Novo".
Feliz Natal, feliz ceia, feliz rabanada*** a todos!
PS: a foto desse post peguei no site: http://www.marthastewart.com/ ...confesso que não achei exatamente bonita... fica parecendo guirlanda de porta de centro de umbanda, mas achei inusitada, além disso, combina com o tema Natal-Comida do texto! Não colocaria na minha casa nem a pau! Seria a festa dos pombos de plantão... eca!
*que começa hoje... embora eu esteja batendo o queixo de frio em SP...
** a dona Culpa tirou férias e só volta lá pra janeiro!
*** a melhor coisa do Natal, dividindo posição com o panetone, claro!
6 comentários:
Ai Fabi, final de ano é mesmo uma delícia cheio de delícias ne? Hahahaha, é por isso mesmo que não encontro meu biquíne amiga...to comendo coisinhas de final do ano desde de novembro..kkkkk.
Muito mas muiiiiiiito obrigada mesmo pelas dicas viu? Vou tentar ir lá amanhã. Valeu!
Beijos doces
Querida Fabi,
Grazie mille pelo post que alivia a culpa daqueles que ligam de "Phoda-se"e nessa época do ano comem mesmo. Mesmo com o risco de vir a entrar o Ano Novo rolando, literalmente. AHaha...
Na minha casa de infância, minha avó fazia rabanadas a qualquer dia, de sobremesa, bastava o azar(ou sorte) inusitados de sobrar pão velho. Era uma delícia. E eu nem conhecia a culpa ou a interdição imposta pela sazonalidade deste prato. Elas, espuma de sapo, e arroz doce, eram as sobremesas de pobre que comíamos sempre. Ah, e torta de banana. Tinha esquecido.
Tenho receitas para todas, com modificações ocasionais (pois segundo meu filho, sou incapaz com receitas certinhas). Se quiseres, é só dizer.
Feliz Natal minha querida, e que em 2009, teu blog continue delicioso como é, refletindo essa pessoinha que só pode ser você.
Grande beijo
Marie
Ana, fiquei fingindo que nem sabia o que era panetone até dia 24!! kkkkkkkkkk Daí, lembrei... e me joguei!
Comprou o biquini?!
Marie... tô me mordendo de curiosidade pra saber o que viria a ser "espuma de sapo"... não faz parte do menu-receitas-de-vó da minha família!!!!!!! O que é?! O que é?! Oque é?!
Bjs!
Nada Fabi.
Você provavelmente conhece só que com outro nome.
Alguns chama de baba de moça.
Minha avó fazia mais ou menos assim:
Pegava uns seis ovos (no mínimo) e muitas vezes pegava junto algumas claras que tinha sobrando na geladeira. Então separava as claras que ainda estavam no conjunto e batia bem até ficarem duras. Sem nada junto.
Numa panela grande (larga e com alguma profundidade, colocava para ferver, leite com açucar a gosto (lá de casa, era bastante). Quando o leite estava fervendo, baixava o fogo e ia cozinhando nele escumadeiras da clara em neve. Por isso a panela tem que ser grande. Coloca-se várias escumadeiradas a cozinhar ao mesmo tempo. Com a mesma escumadeira, vai virando e depois retira esta espécie de baba que fica a clara em neve cozida no leite doce. Vai separando num pirex grande. Então, coloca no leite que ficou um pouco de açucar de baunilha, ou ramas da mesma se tiveres, e umas 3 ou 4 gemas no mínimo, bem desmanchadas e misturadas com uma quantidade razoável de maizena. Este razoável eu nunca acertei direito, mas deve ser o suficiente para dar uma consistência mais cremosa mas não permitir que o leite vire um creme grosso, nem depois de frio.
Quando deu aquela engrossadinha, desliga e cuidadosamente derrama esse (molho de baunilha) por cima das claras cozidas.
Deixa esfriar e salpica por cima canela pura em pó ou uma mistura de canela com açucar.
É uma delícia acredite.
Beijao
Marie
Aaaaaaaaaaaah, bom, Marie... baba de moça eu conheço, sim! Mas confesso que nunca fiz... Fiquei tentada a experimentar, afinal, não é à toa que esse blog se chama Clara em Neve... acho esse ingrediente fantástico! Assim que fizer dou notícias!!
Obrigadíssima pela receita!
Bj!
PS:...kkkkkkkkkkkkkkkkkk você dá receitas igualzinho minha mãe!! Sem tirar nem pôr: "(...)uma quantidade razoável de maizena. Este razoável eu nunca acertei direito, mas deve ser o suficiente para dar uma consistência mais cremosa mas não permitir que o leite vire um creme grosso, nem depois de frio." Aaaaaaaaadorei! É tudo na base do olhômetro, né?! O pior é que estou ficando parecida... filha de peixe...
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