Como nasceu a omelete
Todos os dias, separava e preparava com todo zelo e amor cada um dos 25 pratos que forravam a imensa mesa da imensa sala de refeições do imenso palácio. Fazia isso com prazer, afinal, era o que seu marido, seus 4 filhos, as damas de companhia, os ministros, os conselheiros, o mago-feiticeiro e os 2 bobos da corte comeriam.
A iguaria que mais gostava de preparar era suflê. Mesmo naqueles longínquos tempos quando a batedeira elétrica ainda não havia sido inventada (nem mesmo a energia elétrica, diga-se de passagem). Ela passava horas fazendo claras em neve com seu fuet real (corpo de ouro e cabo cravejado de pedras preciosas... um luxo!). Tinha o braço direito de um lutador de vale tudo.
Quando colocava o suflê para assar, num forno à lenha desenvolvido pelo mais famoso engenheiro de fornos à lenha de todo o reino, ninguém podia se aproximar, afinal, não é de hoje que os suflês são criaturinhas sensíveis capazes de desmilinguir com um simples olhar. Naquele dia, porém...
Lá estava ela, à beira de uma cãimbra, depois de bater 20 claras em neve, quando o rei entre na cozinha, com a cara real mais deslavada do reino, dizendo que trouxe uns amigos reais para o jantar. Ela, que estava na TPM (sim, esse demônio existe desde os mais remotos tempos), ficou enfurecida, afinal, não havia se preparado para receber visitas, não sabia se haveria comida para todos.
Às pressas, resolveu fazer mais uns 4 ou 5 suflês. Mas, assim, na correria, lógico que não ficariam bons, pois não?! Ela, no entanto, acreditava que sim. Mandou as mucamas trazer mais 40 ovos, nem que tivessem que tirá-los de dentro das galinhas. Separando os demais ingredientes, teve uma ideia genial.
Já de posse dos 40 ovos, decidiu radicalizar: não separou as claras das gemas, colocou todos os ingredientes junto, bateu tudo vigorosamente, jogou numa forma e colocou no forno. Alguns minutos depois, sua esperança de que aquilo, magicamente, tivesse virado um fofo suflê, foi-se embora. Ao abrir o forno, percebeu que tinha diante de seus olhos uma coisa murcha e amarelada. Quase chorou, mas sabia que, como rainha, não podia esmorecer, além disso, não havia tempo para refazer tudo. Mandou servir aquilo mesmo.
Qual não foi sua surpresa ao perceber que todos amaram aquele novo prato! Foi, inclusive, o primeiro a acabar. No final, todos queriam saber o que era aquela coisa maravilhosa, então, ela, em meio à pressão, inventou um nome qualquer: ‘ovo em leite’ que, pela ação do uso e dos metaplasmos**, acabou virando ‘omelete’.
E foi assim que nasceu a omelete, fruto de um suflê que não deu certo.
* puuuuura ficção, tirada da minha mente insana, não acreditem em nada disso, certo?!
**rá-rá, só sabe o que são metaplasmos quem estudou Filologia Românica!!
Um comentário:
hahaha... adorei o texto! :)
Aproveito para agradecer novamente pela visita no Personare.
Muitos beijos! Rachel
ps.: tenho um blog - www.quitutesblog.blogspot.com - passa por lá! Inté!
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