A Fada da Cozinha
Ela estava morando sozinha havia 3 meses. O novo emprego ficou longe demais da casa dos pais, então achou que finalmente era hora de cortar o cardão umbilical, romper as amarras paternas, decretar sua liberdade!
Alugou um pequeno apartamento a menos de duas quadras do escritório. Ia trabalhar a pé todos os dias. Grande vantagem, comparando com as 3h e meia que perdia no trânsito para ir e mais 3 e meia para voltar. Estava feliz com sua decisão, porém... passada a euforia de desfazer as caixas e colocar tudo em seu lugar, os pequenos 'porenzinhos' começaram aparecer.
Filha única, sobrinha única, neta única, a única coisa que aprendeu a fazer na cozinha foi sentar-se à mesa e comer a comidinha da mamãe, que, aliás, era um primor! Em parte, tal problema era culpa da mãe super-hiper-mega-master-blaster protetora: não deixava a filha fazer nada que pudesse colocar a vida do seu bebê em risco, ainda que as estatísticas não demonstrem grandes taxas de homicídio por ovo frito ou miojo de micro-ondas!
Nem precisa dizer que a saída da filha de casa foi quase um velório, né?! Mas a mocinha foi forte e resistiu a todos os apelos da mãe e do pai para que ela ficasse em casa... e financiasse um helicóptero para levá-la ao trabalho do outro lado da cidade.
Ela tentava manter a pose de independente, mas fato foi que, depois de 3 semanas, ela começou a emagrecer a olhos vistos. A mãe, claro, percebeu desde o primeiro grama, entretanto, magoadíssima que estava, resolveu não se oferecer para ajudá-la, ainda que aquilo partisse seu pobre coração em pedacinhos. Sentia-se afrontada e queria que a filha implorasse por ajuda.
Tudo corria na medida do possível até que coisas estranhas, magicamente estranhas, começaram acontecer. Certo dia, ela chegou em seu apartamento e... choque: a mesa esatava posta! Havia sopinha quente, torradinhas e suco de laranja!
A princípio, não pareceu tão estranho assim. Era óbvio que sua mãe havia passado por lá. Após falar com ela, porém, descobriu que a senhorinha não saíra de casa o dia todo, fato que seu pai confirmava jurando de pés juntos. Acreditou. Foi dormir intrigada, embora de barriguinha cheia.
Na noite seguinte... de novo! Lá estava a mesa posta. E mais: havia frutas frescas, pão quentinho, queijos e... uma cafeteira com timer programaoa para fazer o café meia hora antes de sair de casa pela manhã. Era perfeito! Ligou de novo para sua mãe que, mais uma vez confirmou que passara a tarde toda com amigas.
Estranho, muito estranho. E assim foram as noites nas duas semanas que se seguiram. Sua mãe continuava negando que era ela quem estava fazendo aquilo e ainda fez a filha parecer meio maluca dizendo que uma coisa dessas não podia estar de fato acontecendo.
Naquela noite, entretanto, algo mudou. Além de todos o mimos culinários, havia um bilhetinho na geladeira:
- Bom apetite, querida. Beijos da Fada da Cozinha! PS: acreditar em coisas mágicas, faz coisas mágicas acotecerem, mas se duvidar delas... terá de aprender a cozinhar!
Desde então, parou de querer saber quem ou o que preparava seu jantar, abastecia sua geladeira e lavava a louça suja! Qual o problema de acreditar em magia? Ainda mais numa desse tipo: tão útil!
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