Um amor desses não acaba assim – parte 2, o lado de lá!
- Oi, minha amiga, me desculpa, só hoje consegui uma folguinha pra vir te ver.
- Sem problemas, não se preocupe...
- Como você está?
- Eu diria que bem, muito bem.
- Entendo... mas você ficou mal?
- Nada! As coisas acabaram acontecendo da maneira como tinham que acontecer.
- Mas, olha, não precisa se sentir constrangida em me contar, viu? Somos praticamente irmãs, nos conhecemos há 20 anos, querida, você sabe que não precisa me esconder nada...
- Eu sei, eu sei... mas, acredite, não estou sofrendo...
- Mas sofreu!
- Sofrimento, sofrimento, assim, de dormir chorando abraçada ao travesseiro, de chorar olhando no espelho, de perder o apetite: não! Não sofri.
- Ah, você vai me desculpar, mas não posso acreditar! Você precisa colocar pra fora, não pode ficar reprimindo um sentimento desses.
- Estou falando, menina! Saí dessa melhor do que entrei.
- Sério mesmo? Me conta tuuuuudo! Perdi o processo.
- Ah, você lembra que nos últimos meses o casamento já não tinha a menor possibilidade de continuar, né?
- Lembro. Se bem que eu achava que o divórcio não partiria de você... sempre percebia que você tentava manter a relação... engraçado que ele também...
- É verdade, mas tinha um motivo!
- Ah, o amor! Ainda havia amor!
- Nada! Eu estava me preparando para a divisão de bens... e ele evitando, claro!
- Que bruxa má e maquiavélica!
- Ah, não seja hipócrita, amiga! No meu lugar você teria feito o mesmo!
- Me conta: você ficou a casa de Angra, o Porshe e as ações da Google?!
- Nã-nã-não! Nada disso.
- Cê tá brincando?! Era o filé dos bens de vocês. Sobrou o quê?!
- O melhor...
- As jóias!
- Não: A jóia!
- A?! No singular?! Me diz que é a coroa da rainha da Inglaterra!
- É européia, mas não é inglesa... é italiana!
- A chave do cofre do Vaticano!
- Deixa de ser boba! Fiquei com A cafeteira!
- Heim?! Isso é algum código que eu não conheço?! Linguagem cifrada pra despistar ladrão?!
- Lembra aquela cafeteira que trouxemos da viagem à Itália?! Aquele que ele me deu de presente?! Aquele verdadeiro tesouro?! Ela!
- (...) – totalmente bege
- Você acredita que o pilantra queria ficar com ela?! Acontece que eu nasci ontem e tratei de providenciar o contra golpe. Quando mostrei o cartão que ele deu junto com a cafeteira pra provar que ele havia me dado de presente, ele e o advogado quase desmaiaram!
- Eu é que tô quase desmaiando! Você sabe quanto vale os brinquedinhos que ficaram com ele?!
- Minha querida, bem menos do que essa cafeteira vale pra mim ( e pra ele)! Só de saber que todos os dias, ao acordar pela manhã, terei uma xícara de café fresquinho feito por ela... já me sinto forte o bastante para lutar e conquistar o que eu quiser! O céu é o limite depois de uma xícara de café feito nessa cafeteira! Me sinto forte, poderosa, invencível!
- Não estou acreditando...
- Não acreditando você vai ficar quando eu te contar isso: essa semana ele me ligou. Disse que queria tentar de novo, que ainda podíamos dar certo juntos.
- Que maravilha!
- Eu que o diga!
- Ai, amiga, que bom que você está caindo na real! Você está disposta a voltar?!
- Claro! Mas só até eu recuperar uma coisinha: ele ficou com um jogo de porcelana chinesa. Coisa rara, finíssima! O café feito no meu tesouro e tomado naquelas xícaras... menina, acho que sou capaz de dominar o mundo!
E depois ainda dizem que mulher é materialista! Perceberam a humildade nas declarações?! O café transforma as pessoas... hehehehe
Um comentário:
hehehe
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