domingo, 28 de dezembro de 2008

Não deixe para 2009 o que se pode fazer ainda em 2008!!

Último fim de semana de 2008. Não há muito mais o que fazer. Evidentemente, aquela lista enorme de metas feita no início do ano já foi todinha cumprida (né?!), então, só nos resta relaxar e desfrutar dos últimos dias desse ano. Enquanto o Ano-Novo não chega, nada melhor do que um belisquete gostosinho para distrair o estômago durante a espera, afinal, a fase de comilança ainda não acabou!
Imaginando que a maioria das pessoas enfiou os dois pés na jaca e caiu de boca no panetone na semana do Natal, que tal uma receitinha tradicional dessa época?! Rabanadas! Porém, numa versão mais saudável e light (mas não menos saborosa e deliciosa) para começar ainda no ano velho a promessa da dieta equilibrada do ano novo!

As receitas tradicionais de rabanada "recomendam" fritura em imersão, ou seja, pega-se um pedaço de pão, embebido em leite e ovo, e joga-o num balde óleo... o resultado?! Uma esponja que sugou todo o óleo da frigideira e irá destruir o pobre fígado que estiver pela frente! Ui! Em casa, seguindo a tradição de nunca seguir uma receita à risca, há uma versão "grelhada" de rabanada! Para deixá-la mais personalizada, dei um toque especial! Vejam:

1 pão francês amanhecido cortado em fatias de 1,5 cm de espessura (aproximadamente)
3/4 de xícara de chá de leite (desnatado)
1 colher de sopa de leite condensado (desnatado)
2 colheres de sopa de coco ralado (desengordurado e sem açúcar)
1 ovo
1 colher de sobremesa de açúcar (ou adoçante culinário)
essência de amêndoa (ou qualquer outra, embora a de amêndoa deixe um sabor incrível!)
canela em pó
açúcar cristal (bem pouqinho... para polvilhar no final!)

Em um prato, misture o leite, o leite condensado, o coco e duas ou três gotas da essência de amêndoas (é pouquinho mesmo... a essência de amêndoas é perigosamente forte e aromática, por isso, deve ser usada com parcimônia!). Reserve. Em outro prato, quebre o ovo(...como se sabe, é a gema a parte mais calórica do ovo, por isso, caso queira, com a ajuda de uma colher, retire metade dela e despache em água corrente!), polvilhe uma nuvem de canela em pó (traduzindo para medidas convencionais: aproximadamente 1/2 colher de café!) e acrescente o açúcar ou adoçante culinário, bata bem com um garfo e reserve. Pegue uma fatia do pão e umedeça-o, dos dois lados, na mistura de leite, tomando o cuidado de não se esquecer da vida e deixar o pão sugar a mistura toda! Coloque num prato à parte. Repita o processo com as demais fatias. Caso o coco não tenha grudado nas fatias, vá colocando uma porçãozinha em cada uma delas com o auxílio de uma colher. Em seguida, passe, uma a uma, as fatias pela mistura de ovo. Essa passada deve ser rápida, para deixar uma camada fina, não deixa o pão descansar no ovo, lembrando que a receita é de rabanada, não de omelete de pão! Feito isso com todas as fatias, hora de "grelhar"! Para tal, apenas unte, com um tiquinho de óleo (tiquinho=uma colher de café), uma frigideira antiaderente (que ainda seja antiaderente!) e leve ao fogo. Quando a frigideira estiver quente, acomode as rabanadas e doure-as em fogo baixo por mais ou menos 2 minutos. Levante a beirinha de uma delas para ver se está da cor de seu agrado, se estiver, vá virando, uma a uma e espere dourar do outro lado pelo mesmo tempo. Quando estiverem prontas, coloque num prato e polvilhe com canela e açúcar cristal. Pronto! Parece que dá trabalho, mas não dá, além disso, ficam deliciosas! A essência de amêndoa deixa um perfume divino e o coco dá um toque diferente. Ficam crocantes por fora e molhadinhas e macias por dentro (...além de lindíssimas: olha a foto delas ali em cima!). Acompanhamento perfeito para aquele café fresquinho, cheiroso e gostoso!

Fim de ano é sempre um bom momento para fazer um balanço do ano que está quase subindo no telhado e para pensar em tuuuuudo que se pretende fazer no que está chegando logo ali. Mordiscando uma rabanada tão leve e gostosa, os planos, assim como o balanço, têm grandes chances de serem todos doces!! Tchau, 2008!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Feliz Gula Sazonal!

E lá vem o Natal! Nessa época, há tanto o que pensar, fazer, visitar, comprar e comer que o motivo da festa, se vacilar, acaba virando mero pano de fundo. O fim de ano é uma desculpa perfeita para alguns exageros, mas consumismo, hipocrisia e amnésia à parte, falemos da gula, o pecado capital oficial das festas dezembrinas.

Difícil não se render às tentações, o cardápio é alucinante. Há uma infinidade de deliciosas e irresistíveis opções e uma característica comum a grande maioria delas: a sazonalidade. Alguém come peru em março, chester em abril, tender em maio, panetone em junho, rabanada em agosto, bolo de natal (!) em setembro? Não, né?!

A vontade pode até existir, mas nos supermercados, peru e chester, por exemplo, só são encontrados em dezembro (...sem contar as promoções-fim-de-festas em janeiro!); nos últimos anos, o panetone tem sido vendido durante outros meses em algumas padarias, mas é certo que não fazem o mesmo sucesso que no último mês do ano; já a rabanada, que não depende de ingredientes sazonais, só é lembrada, feita e degustada quando os primeiros sinos natalinos começam a soar. Ainda que fosse possível preparar as igruarias natalinas fora de época, faltaria um ingrediente fundamental: a tradição! Tempero indispensável.

Algumas guloseimas nem combinam com o verão-tropical-brasileiro*, mas com algum sacrifício e perigando ter um piriri, come-se e bebe-se com prazer, com o coração, com os olhos! É tudo tão bonito, cheiroso e gostoso que nem dá tempo de pensar na dieta ou na moderação, a dona Gula acaba falando mais alto e as porções, conseqüentemente, acabam ficando maiores, mais pesadas, beeem mais gordinhas**. Mas são sabores especiais, comidinhas com cheiro de festa, com gosto de fim de ano, merecem ser degustadas sem constrangimentos.

Além disso, ao contrário de outras, a Gula de dezembro é diferente, é sazonal, vem trazida pelo clima de alegria, nem se percebe sua chegada, é quase uma querida da família, quando vai ver, lá está ela, fazendo seu prato em todas as confraternizações e ceia! O jeito é se render aos apelos do estômago, dos olhos e da tia Gula! E se a culpa resolver assombrar, aí vai uma frase dita pelo nutrólogo João Curvo, um consolo aos deslizes e um incentivo à dieta de janeiro:"O que engorda é o que você come do Ano-Novo ao Natal, não o que você come do Natal ao Ano-Novo".
Feliz Natal, feliz ceia, feliz rabanada*** a todos!
PS: a foto desse post peguei no site: http://www.marthastewart.com/ ...confesso que não achei exatamente bonita... fica parecendo guirlanda de porta de centro de umbanda, mas achei inusitada, além disso, combina com o tema Natal-Comida do texto! Não colocaria na minha casa nem a pau! Seria a festa dos pombos de plantão... eca!

*que começa hoje... embora eu esteja batendo o queixo de frio em SP...
** a dona Culpa tirou férias e só volta lá pra janeiro!
*** a melhor coisa do Natal, dividindo posição com o panetone, claro!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Nova idade, velhos hábitos!

Perceberam que hoje o dia amanheceu mais bonito, o Sol mais brilhante, o ar está mais puro, que as energias estão todas em harmonia, os gatinhos ronronando, os passarinhos cantando com mais alegria?! Notaram?! Eu tenho uma explicação: hoje é meu aniversário!!! Eu adoro, comemoro mesmo!
Ontem, enquanto fazia meu bolo, aproveitei para fazer aquela revisão-básica-pré-aniversário. Em meio a fôrmas, espátulas, farinha, ovos, leite, doces, chocolates, fui percebendo que alguns hábitos específicos, na cozinha, não mudaram nada ou mudaram muito pouco ao longo dos meus poucos (pouquíssimos) anos de vida.

O bolo de aniversário feito em casa é lei, desde o primeiro ano! Aniversário tem de ter bolo, velas e pedido. A diferença é que nos últimos anos quem faz meu bolo sou eu mesma, com todo amor, carinho, chocolate e doce de leite que uma pessoa é capaz.

Quando era criança, enquanto minha mãe preparava o bolo, eu e minha irmã ficávamos penduradas nela esperando para lamber a tigela e a espátula da batedeira. Havia uma regra: a aniversariante do dia tinha a preferência pela tigela, a espátula sobrava para a outra. O mesmo valia para a panela e colher do recheio e cobertura. Depois de crescidas, com mais idade, é óbvio que isso mudou: a aniversariante tem preferência total em tudo e não divide nada com ninguém!! O mais incrível nisso é que a massa crua, raspadinha até a última manchinha, continua deliciosa.

A lata de leite condensado: o sonho de consumo, a cobiça maior, a delícia das delícias! Para não dar briga, minha mãe dava a lata para a aniversariante e uma colherinha para a não-aniversariante. Mas, ainda que a colher pudesse ter mais do doce, a lata sempre era a mais saborosa porque havia a aventura de enfiar o dedo naquela lata cheia de rebarbas cortantes, o acúmulo nos cantinhos, a lambida na tampa e a mãe com o coração na boca, dando bronca e morrendo de medo de que cortássemos um dedo fora ou perdêssemos a língua por causa de um restinho! Ontem, não era uma, eram duas latas de leite condensado para me lambusar, mas como a mãe não estava perto para me alertar... acabei arrancando um naco do meu dedo numa rebarba-assassina! Ri de mim mesma pela traquinagem e terminei o bolo de band-aid no dedo!

Os anos passam e ainda acho maravilhoso poder comemorar, celebrar a vida, rever a própria história, me reconhecer nos hábitos... poder escolher o sabor do meu bolo e poder lamber tudo, sem broncas, embora com um pouquinho de culpa, afinal, até o bolo ser cortado, já consumi umas 250mil calorias extras, além de ter corrido o risco consciente de pegar uma intoxicação por salmonela pelo ovo cru da massa! Feliz da vida, feliz pela vida, mais um ano. Os hábitos são velhos, mas a idade, ah, essa é novinha em folha! Feliz aniversário pra miiiiiiiiiiiim!
PS:... o bolo da foto é o de hooooje! Massa de chocolate com recheio de doce-de-leite, coco e amêndoas e cobertura de brigadeiro... ui... delícia!!

sábado, 6 de dezembro de 2008

Lichia...lichia...li-chi-a...lichiiiiia!

Lichia! A sonoridade do nome anuncia algo exótico, algo leve e delicado. Olhando essa fruta por fora, fica difícil acreditar que, por dentro de uma casca tão rude, haja uma polpa tão suave. Ai, ai, a Natureza e seus caprichos!
Provar essa frutinha pela primeira vez é uma aventura para os sentidos. Não é exatamente bonita, é diferente. A aparência é rústica, mas o vermelho da casca é um convite irresistível (...por que será que frutas de casca ou polpa vermelha atraem tanto?!).
Assim como o kiwi, com sua embalagem tão áspera, a lichia reserva aos que não se limitam às aparências, um sabor adocicado, delicado. O primeiro toque dá impressão de que se trata de uma fruta durinha, algo como um coquinho ou até mesmo uma castanha, difícil de descasacar... ledo engano: com a ponta de uma faca, levanta-se um pedacinho da pele rugosa, parte-se o restante, e então, a polpa se desgruda totalmente, intacta, como se a casca fosse uma caixinha guardando a polpa gelatinosa, esbranquiçada e brilhante. Mais fácil que isso, só banana!
A primeira mordida comprova a delicadeza da polpa. O paladar começa a trabalhar. As papilas gustativas buscam na memória algo que se assemelhe com aquela novidade. Difícil! O começo lembra a textura e o gosto da uva-itália, mas essa impressão logo se dissipa e o final é de algo novo, diferente, um sabor inédito, exclusivo, sabor de lichia: registrado! Não é ácida, o sabor é suave e delicado, não chega a amarrar a boca, mas deixa um, digamos, lacinho frouxo na língua, não é muito doce, é apenas adocicada. Em uma palavra: suave.
A lichia é uma fruta para os curiosos, para quem quer ir além da aparência, para quem acredita em combinação de opostos. A Natureza é cheia de graça! As embalagens são de uma criatividade inigualável e guardam surpresas. Nesse sentido, a lichia é emblemática, porém é mais instigante do que propriamente saborosa. Para o paladar brasileiro, acostumado com tanta diverdade de sabores das frutas tropicais, o maior atrativo dessa frutinha de origem chinesa é a brincadeira de contrastes e o frescor da novidade. Vale a descoberta.