domingo, 18 de julho de 2010

Carta Aberta ACMB


"Somos a ACMB, Associação dos Caminhoneiros Macrobióticos do Brasil. Gostaríamos, através desta carta aberta à população, de manifestar nossa indignação quanto ao trato generalista, preconceituoso e desrespeitoso para conosco, profissionais de veículos terrestres automotores de cargas pesadas, no que se refere à nossa alimentação.

Generalista porque tomam-nos por uma grande massa homogênea, não levando em consideração nossas individualidades. Preconceituoso porque partem de ideias pré-concebidas e que não refletem a realidade, mas tão somente o senso comum. Desrespeitoso porque, ainda que algumas situações descrevam a realidade, não nas usam em bom tom, sendo sempre utilizada como uma referência pejorativa.

Somos um grupo discreto, não em números, tendo em vista que somos muitos, e cada vez mais, mas sim por não chamar atenção. No entanto, percebemos que tanta discrição acabou por arraigar ainda mais a imagem, há tanto difundida, do caminhoneiro que se alimenta de forma, digamos, exagerada.

Antes de mais nada, é preciso que se diga que a macrobiose consiste na prática de bons hábitos alimentares e de higiene que visam uma vida mais saudável e prolongada. Nós, os macrobióticos, preocupamo-nos em selecionar, criteriosamente, o que comporá nosso prato. Além disso, damos especial atenção aos cuidados no preparo, bem como na quantidade daquilo que será nossa refeição. Comemos com vagar e concentração e, por isso, saciamo-nos com pouco, ou melhor, com a quantidade suficente para manter o bom funcionamento do organismo.

A regra máxima que norteia nossa prática consiste em perceber nosso corpo como nosso caminhão. Se não fizermos manutenção preventiva, se não usarmos bons fluidos (óleos, lubrificantes, entre outros) ou não usarmos combustíveis de boa procedência, temos a exata noção do que irá acontecer: o caminhão irá parar de funcionar e, dependendo do dano, pode ser que nunca mais volte a rodar. Com nosso corpo ocorre exatamente o mesmo. Ao perceber isso, transformamos nossas práticas alimentares e, por haver tantos, achamos por bem nos juntarmos numa associação.

Por fim, declaramos que a razão que nos motivou a divulgar nosso grupo é a profunda indignação com que se referem aos pratos de nós caminhoneiros. Prezada sociedade, já é tempo de parar de associar os pratos com 3 quilos de comida como sendo um 'prato de caminhoneiro'. Quando forem utilizar a referida malfadada expressão, pedimos que, por imensa gentileza, lembrem-se que há, sim, caminhoneiros que comem 185 gramas de comida por refeição e mastigam 20 vezes antes de engolir.

Temos plena consciência de que mudar nossa imagem perante a sociedade será um trabalho árduo e longo, mas queremos aqui registrar o início dessa jornada.


Sem mais,

Agradecemos a atenção de todos,


ACMB
(Associação dos Caminhoneiros Macrobióticos do Brasil)"



Fonte da imagem: www.molotov.com.br

Ninguém manda no meu chopp!


Dia desses, depois de um longo dia de trabalho, finalmente consegui combinar uma happy hour com algumas amigas que não via há séculos. Para brindar o momento, nada melhor do que um choppinho gelado, pois não?! Teria sido, se o referido choppinho não tivesse sido motivo de estresse! Pode uma coisa dessas?!

Pois aconteceu e eu vou contar:


Foi num Quiosque da Brahma. Sentadinhas, as três amiguinhas resolveram iniciar os trabalhos. Penduradas no balcão, observando o suave derramar do chopp dentro do copo, duas delas fizeram um inocente pedido, sem saber que aquilo quase-quase causara um infarto na atendente:

- Queremos o nosso sem colarinho, por favor!

Ao pedido, a resposta foi um solene 'cri-cri-cri' de grilos no silêncio e o demarramar da espuma completando o copo.

Quando se é ignorada, a sensibilidade aumenta e pudemos perceber que a tal atendente arregalou os olhos, sua respiração ficou rápida e seu coração passou a bater tal qual tamborim na concentração, minutos antes de entar na avenida. A pobrezinha estava infartando!

Mais do que rapidamente, pegamos nossos copos e fomos para a mesa. Claaaro que lá chegando, sentimo-nos obrigadas a maldizer duramente o recente acontecimento.

Enquanto bufávamos, a dona da 'lojinha' se aproximou da mesa intencionando dissertar sobre seus porquês:

- Oi, eu vim aqui pedir desculpas e explicar pra vocês. Um monte de coisa que a gente faz tem regras, não tem?! Então, o chopp da Brahma também tem uma regrinhaaaa: tem que ter três dedos de colarinho.

- Regra pra beber chopp?! Essa é boa! - disse uma delas em tom nitidamente sarcástico.

- Ah, mas isso não é a gente que diz... é a Brahma que orienta. Eu já liguei pra lá dizendo que os clientes não gostam, mas eles dizem que até podemos perder alguns clientes, mas que em menos de um ano teremos bons clientes.

(Pausa no diálogo para um segundo de revolta: será que eu entendi bem?! Ela disse que a Brahma disse pra ela não se importar em perder clientes porque só os bons ficariam?! É isso?!)

- Ah, mas então somos os péssimos clientes que você acaba de perder!!

- Mas olha, é que a Brahma diz que o chopp perfeito tem que ter três dedos de colarinho...

- Essa é a sua opinião e da Brahma, mas será que a do cliente não deveria ser levada em conta?! O chopp perfeitoo, pra mim, é o que eu escolho, do jeito que eu gosto.

- Ah, mas é que aqui é assim!

- Já entendemos e por isso, terminando esse, vamos continuar bebendo em outro lugar, onde não seremos obrigadas a nada!


Curioso que em qualquer outro lugar onde o chopp da Brahma é vendido, peço sem colarinho e sou atendida sem ficar de castigo no milho por isso. Partindo do princípio universal de que o cliente tem sempre razão, se eu quiser colocar uma colher de açúcar no meu chopp, o problema é meu, né não?! Adivinha se bebo de novo num Quiosque da Brahma! Nunquinha. Ninguém manda no meu chopp.


Bebemos o restante num gole e saímos rapidinho, antes que a doninha viesse com mais uma lista de regras e/ou nos mandasse bater continência. Sai pra lá!

Top 5 – atração fatal


1° molho de tomate e roupa branca – sabe aquela camisa branca, branquíssima, que você quase nunca usa justamente porque só de olhar a bonitinha já suja?! Pois é justamente com ela que você estará vestido no dia que todo mundo propõe almoçar no italiano. Você, democraticamente, aceita, mas já sente as pernas formigarem. Lá, não importa muito o que você peça, pode até ser qualquer coisa com molho branco, o fato é que, do nada, surge um respingo gigante de molho vermelho! Não adianta colocar o guardanapo na gola ou mesmo usar babador, o molho de tomate procura o branco assim como a bússola procura o norte. Inevitável.



2° faca afiada e ponta de dedo – num dia qualquer, como todos os outros, você está na cozinha preparando uma comidinha gostosa. Saca da gaveta uma faca, aleatoriamente. Passa uma, duas, três. Percebe que a coitada está mais cega do que uma toupeira. Então, põe-se a afiá-la com a dedicação de um monje até deixá-la afiada como a mais preciosa faca de um sushiman. De volta ao corte, na primeira passada da afiadíssima faca, adivinha o que você irá acertar em cheio?! Sim, o dedo! Isso explica porquê açougueiros usam aquelas luvas de malha de aço, pois não?!



3° porcelana de estimação e chão – almoço na casa da sogra. Para impressionar (ah, tá!!) ela põe à mesa seu jogo de porcelana inglesa, que ela ganhou de presente de casamento da prima da sobrinha da filha da tia da avó da cunhada da irmã da nora da mãe da sobrinha-neta de uma quase-integrante da nobreza inglesa do século XVIII. Pra ela, as próprias joias da coroa! Claro que, toda vez que as põe à mesa, faz questão de lembrar isso e, evidentemente, de fazer 785 recomendações. Ai, ai, infelizmente, não há recomendação que surta efeito quando, ao tentar ajudar a tirar as louças da mesa para levar à pia, a lei da gravidade mostra-se superior e soberana. Nem as ventosas de um polvo seriam capazes de impedir que uma das peças espatife-se em 8976543 pedacinhos no chão. É a vida!



4° taça de cristal e mão boba – taça de cristal, coisa fina! Em todos os sentidos. Quanto mais fino, mais caro é o cristal. E maiores o risco que se corre ao usá-las e, consequentemente, a probabilidade de que o jogo ficará desfalcado. Mas nada, nada, nada se compara ao tim-tim do cristal, bem como o seu delicado toque nos lábios, por isso, as pessoas ainda insistem em usá-lo. Do contrário, toda festa sofisticada usaria copos de requeijão (que, aliás, caem no chão, quicam e permanecem ilesos... coisa de outro mundo!). Isso porque para cada 10 taças de cristal no mundo existe um par de mãos completamente abestalhadas que num momento ou noutro, irá, invariavelmente, num gesto atabalhoado, esfacelar tão nobre, fino e delicado material! Contra a probabilidade não se brinca.



5° panela no fogo e momentos de contemplação – não sei bem qual é a ligação, mas basta colocar uma panela no fogo, parar de mexer, aguardando o cozimento de seja lá o que for, para, sem qualquer explicação, o pensamento voar para longe. De repente, uma simples formiguinha andando pela parede é motivo de contemplação da beleza e grandiosidade da criação divina! Ainda que o contemplador seja ateu, aquele se transforma num momento para, darwinisticamente falando, imaginar de que tipo de criatura a formiga evoluiu. Os pensamentos voam pra longe, longe... e só são chamados de volta quando os bombeiros, acionados pelos vizinhos, arrombam a porta para dar fim ao incêndio iniciado na sua panela!

domingo, 11 de julho de 2010

Um dia de cada vez


Para ele, essa final de Copa do Mundo teve um sabor diferente: o sabor amargo do medo.

Ele era um esperto e habilidoso croupier num grande cassino nas profundezas de um badalado oceano. Embora tivesse certos talentos, era só mais um dentre tantos funcionários. Há cerca de 2 meses sua vida mudou completamente. Um certo dia, um mergulhador chegou àquela profundidade e, sem mais nem menos, capturou o pobre funcionário que, sem chances de defesa, nem teve tempo de se despedir da turma.

Aquele não era seu fim. Depois de tanto tempo trabalhando num cassino ele viu e aprendeu muitas coisas, sabia que tinha uma habilidade especial, tinha intuição aguçada, percebia de longe um espertalhão que tentava levar vantagem na sua roleta. Ele era esperto e usaria isso a seu favor.

O sequestrador era um homem recém-falido que realizava seu último mergulho antes de vender todo seu equipamento para saldar uma ridícula parte de sua imensa dívida junto a to-dos os bancos da Inglaterra.

Em terra firme, o resultado da pescaria seria a panela, mas, enquanto amolava a faca, aquele homem, sem explicação, apiedou-se da pobre criatura e decidiu não jantá-la.

A quase-janta não ignorava uma oportunidade! Decidiu cativar o mergulhador. Olhando ao redor do minúsculo aquário, percebeu que seu sequestrador estava em apuros financeiros então, percebeu que poderia comprar sua permanência no mundo dos vivos. Fez de tudo para chamar a atenção do homem: saltos, piruetas, acrobacias. Finalmente o homem notou algo diferente acontecendo no aquário e passou a observar atentamente o que seu novo amigo fazia. O que era aquilo? Parece que são... sim, são números! 78, 25, 36, 12, 48. Correu, pegou papel e caneta. Entendeu na hora o que estava acontecendo e correu para a casa de apostas mais próxima. No dia seguinte o falido mergulhador era dono de uma das maiores fortunas da Inglaterra.

Mas, quando a pessoa tem talento para o fracasso, ninguém a segura, pois não?! Pois é! Deslumbrado e abestalhado, o homem não se deu conta de que sortudo era seu amiguinho, não ele! Achou que estava numa maré de sorte e resolveu apostar tuuuuuudo que tinha (tudo, tudo mesmo, incluindo a nova casa com tudo dentro, incluindo o aquário e seu conteúdo!) numa daquelas apostas de ‘o dobro ou nada’. Resultado?! Ele ficou com o ‘ou nada’ enquanto o outro apostador ficou com ‘tudo’!

O outro apostador, um velho dono de restaurante de frutos do mar na Alemanha, tomou posse dos novos bens, vendeu tudo, pegou o dinheiro e voltou para casa. Na bagagem, além de muito dinheirinho inglês, levou o aquário e seu morador... achou que daria um bom prato! Mais uma vez o coitado do sequestrado temeu pela sua vida, mas, mais uma vez decidiu que daria seu jeito.

Já na Alemanha, no (macabro) restaurante, num aquário maior, pôs-se a pensar o que faria para preservar sua vida.

Era quase meados de junho e o tal alemão preparava seu restaurante para receber os torcedores da seleção alemã de futebol durante as partidas na Copa do Mundo da África. Sim! Ele percebeu que seu novo dono era fanático por futebol! O futebol salvaria sua vida!

O aquário estava todo enfeitado com bandeiras de todos os países participantes do mundial. Pouco antes do primeiro jogo, usando sua espantosa intuição, começou a apontar a bandeira do país que venceria aquela partida. Demorou um pouco, mas a certa altura, um dos torcedores que assistiam a partida percebeu uma certa histeria no aquário e entendeu o recado! Achou engraçado e chamou os amigos para observar o morador do aquário.

E assim foi, jogo a jogo, placar a placar, acerto a acerto que Paul, o polvo, tornou-se um fenômeno mundial! O grande oráculo da Copa do Mundo. Contrariando especialistas, jornalistas,videntes, gurus e pais de santo, Paul passou a ser 'o' anunciador de resultados. Sim, sim, o medo da morte aguçou sua intuição!

Antes de todos os jogos o alemão, demovido da ideia de papar Paul, colocava o par de bandeiras de cada partida e o polvo dava seu veredicto.

Alguns resultados causaram polêmica e alguns apostavam no fim de Paul – principalmente quando ele anunciou que a Alemanha perderia para a Espanha! Mas após os 90 minutos, bingo! Ele estava certo, mais uma vez.

Hoje, porém, passaram-se os 90 minutos, Paul já sentia o cheirinho da manteiga fritando na panela que receberia as rodelinhas de seus tentáculos. Era seu fim?! Será que o polvo iria errar justamente o último e mais importante jogo do mundial?! Nos 15 minutos do primeiro tempo da prorrogação, Paul já planejava uma fuga espetacular. Quanto tempo sobreviveria fora da água?! Mais 15 minutos, o pobre polvinho já não sentia metade de seus tentáculos, estava tendo um AVC de tanto medo! Já via a luz quando, de repente, um grito de gol. Abriu um de seus olhinhos e mirou a TV: gol da Espanha!! Ainda faltavam 3 minutos para o fim, o alemão ainda mantinha a frigideira no fogo, Paul uniu os 8 tentáculos e rezou fervorosamente pelo fim daquela torturante partida. Fim! Acabou! Espanha campeã.

Mas, mais uma vez, Paul escapou da morte, da panela e da paella. O que será do polvo a partir de amanhã?! O que será de sua história?! Por via das dúvidas, todos os pratos à base de polvo saíram do cardápio do restaurante do alemão.

E assim, Paul, o polvo, vai vivendo... um dia de cada vez. Só não está mais feliz porque sabe que muitos de seus parentes virarão paella. Um minuto de silêncio, por favor...

.....................

Aaaaaah, fiquei feliz pela Espanha! Sempre bom ver a Fúria jogar... melhor ainda vê-la ganhar, né não?!

domingo, 4 de julho de 2010

E a culpa é de quem?!



Sexta-feira, 02 de julho de 2010, 6h30.


Blim-blom, blim-blom, blim-blom-blim-blom,blim-blom!



-Heim? Onde? O que? Por quê? Juro que não fui eu! Oi?! Já tô indo! – saltando da cama, tropeçando no lençol, calçando os pés trocados dos chinelos, vestindo a blusa do pijama.


(na porta)


- Booooooooooooooom dia, vizinho!


- Quem é você?! - esfregando os olhos, achando que aquilo diante dele era uma ramela gigante.


- Ah, brincalhão logo cedo! Maravilha! Posso entrar?! – entrando.


- (...)


- Você deve estar se perguntando o que seu vizinho está fazendo logo cedo na sua casa, não é?! Eu respondo: sorte! Não, não, não precisa pensar... eu explico: hoje tem jogo do Brasil, certo?! Certo. Tá lembrado que assistimos juntos ao último jogo?! Eu, você e mais umas 30 pessoas?


- Lembro, lembro sim, inclusive lembro que convidei as 30 pessoas, também lembro que não convidei você, mas você apareceu mesmo assim!


- Ah, adoooro esse seu senso de humor! Mas, então, como eu ia dizendo, assistimos àquele show de bola da nossa seleção contra o Chile juntos, aqui no seu apartamento. Churrasquinho rolando na varanda, cervejinha gelada, aquela maionese deliciosa que sua namorada fez, depois aquele sorvetinho italiano de sobremesa. Tudo uma delícia!


- Ah, que bom que você gostou! – irônico, claro! – Mas será que você pode encurtar a conversa, ainda gostaria de completar meu ciclo de sono que foi brutalmente interrompido por seu ataque histérico na campainha.


- Ok, serei breve, afinal, temos pouco tempo!


- Temos?!


- Sim! E se você não me interromper mais poderemos terminar logo com isso...


- Bufff...


- É o seguinte, estou aqui pra avisar que você deu sorte à seleção brasileira!! Ganhamos o jogo anterior e temos que repetir a dose pra manter a boa fase até dia 11! Passei aqui logo cedo pra você ter tempo para preparar tudo. Mas, veja bem, tem que ser tudo igualzinho, não pode faltar nada: galera, churrasquinho, cerveja, maionese, sorvetinho italiano... tudo!


- Você só pode estar brincando!


- Não, não estou! Pensa que aqueles caras que estão lá na África, vestindo aquela camisa, defendendo a nossa bandeira, estão dependendo de você, da boa sorte que você proporcionou a eles! Pense nos milhões de brasileiros que você fará feliz permitindo que a seleção canarinho ganhe a Copa do Mundo! O hexa depende de você... - bradando a plenos pulmões, com a mão direita sobre o coração, fazeno do sofá o seu palanque.


- Ma...ma...mas... são tantas coisas, não estava preparado pra isso, não tem nada em casa... eu ia assistir num restaurante! – note-se que o tal vizinho tocou o coração desse pobre inocente que já está zonzo pensando nos preparativos do dia da marmota!


- Por isso que eu vim tão cedo!! Meu querido, eu teria o maior prazer do mundo em ajudá-lo, afinal, também sou brasileiro, honro a minha pátria e daria minha vida por ela, maaaaaaaaaaaas, infelizmente, no último jogo, não toquei em nada, não movi uma palha, nem sequer abanei a brasa da churrasqueira, portanto, não posso alterar a energia daquele dia! Mas, estarei em casa, torcendo pra que você consiga preparar tudo a tempo – saindo - Volto aqui às 11h em ponto, como da última vez. Não decepcione todos aqueles que creem na seleção...



As horas seguintes foram de pânico total. Nunca se organizou uma reunião de amigos tão rápido! E não era qualquer reunião, era, praticamente, uma fiel reprodução do que acontecera na sexta-feira anterior. Exceto...



- Gol da Holanda?! Outro?! Puuuuuuuuuuutz... já era!


- Não, não, não pode ser! Eu fiz tudo igualzinho! Olha, gente, tá tudo aqui: churrasco, cerveja, sorvete italiano... Tudo igual, perfeito!


- Nem tudo – disse o vizinho, fria e condenadoramente - Cadê a maionese da sua namorada?!


- A maionese?! É que... que...


- Que, que, o quê?! Anda, fala, responde!


- É que a gente terminou no fim de semana e por isso ela não veio e não trouxe a maionese... – em prantos, não se sabe se pelo fim do namoro, pela ausência da maionese ou pela eliminação da seleção brasileira.


- EGOÍSTA! Você colocou sua vida pessoal na frente de milhões de brasileiros?! Vamos embora, pessoal, vamos pra algum bar, beber pra esquecer que existe gente tão mesquinha no mundo... alguém paga pra mim? Tô durão.



E até agora estamos sem saber se aquele gol contra do Felipe Melo, aquele que causou o apagão na seleção canarinho, foi mesmo culpa da ausência da maionese ou se foi juquice mesmo. O fato é que a Copa da África, pro Brasil, acabou. O lado bom (e hilário!) é que pra Argentina também kkkkkkk! E agora: Espanha ou Alemanha?!