domingo, 29 de janeiro de 2012

Sintomas



- Heeeeeeeeeeeeeeei, você... você aí!


- (...)


- ...você mesmo! Vai ficar fingindo que não me escuta?! Sai logo da frente, ô lesma, deixa quem tá com pressa passaaaaar...


- ...eu não devia, mas vou responder: não adianta nada eu sair da frente "senhor", porque o elevador vai continuar descendo na mesma velocidade...


- Humpf!



Que cara maluco, não?! Mas, ao contrário do que possa parecer, o "senhor" do diálogo acima não sofre de transtorno bipolar, não está tendo um surto psicótico, nem tampouco passa por uma crise de stress agudo... o mau dele tem 4 letras: F-O-M-E!


Esse problema, que acomete 10 entre 10 seres humanos, apresenta sintomas comuns como roncos e ruídos oriundos do estômago, salivação excessiva e alucinações com pratos apetitosos.



Não raro, lá pelas doze badaladas da manhã, é possível esbarrar com indivíduos com olhos injetados, apressados, absortos nos próprios pensamentos, ao mesmo tempo, dispersos para qualquer outra coisa atividade que não seja: ir almoçar!
No entanto, cada indivíduo pode apresentar particularidades na manifestação da f-o-m-e. Por razões as quais a ciência ainda não foi capaz desvendar, tais particularides vão desde o prosaico mau humor, dos graus mais moderados - limitados às breves bufadas - aos mais grotescos pitis - como no exemplo supracitado - até sintomas totalmente inusitados como...surdez!



- Si, vamos comigo à biblioteca?


- (...)


- Siiiiiiii....


- (...)


- Siiii-iiii-iiiii-iiiiiii


-(...)


- SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII


-Ã? Falou comigo? Tô com fome!



Sim, por mais incrível (no sentido de não-crível!) que pareça, o diálogo acima é verídico! Essa minha amiga ia perdendo a audição ao passo que a fome ia aumentando. Se a chamasse mais de duas vezes sem ter resposta, batata! Era fome!!! Curioso, não?! E você, qual é o seu sintoma de fome?! O meu é o bom e velho mau-humor.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Pão acordado!




Que maravilha acordar pela manhã sentindo o cheirinho do café fresco e do pãozinho quente, recém saído da primeira fornada, entregue pessoalmente pelo padeiro na porta de casa!!


Bom, a menos que você ainda esteja dormindo (e sonhando) ou que seja parente chegado do próprio padeiro, uma cena como essa é estatiticamente impossível de acontecer, pois não?!


Ainda mais hoje em dia, quando as padarias de bairro vão ficando cada vez mais raras, sendo substituídas pelas seções de pães nos super-hiper-mega-master-blaster-mercados.


Comum mesmo é encontrar aquele pãozinho dormido, parecendo uma sapato velho, meio murcho, sem graça nenhuma, largado em cima do armário! Mas se você, como eu, acorda com uma fome de leão... o jeito é encarar o pãozinho (juntamente com váááárias outras coisas, claro!). No entanto, quem disse que seu pãozinho precisa ser consumido "dormido"? Vamos acordar esse rapaz!


Em casa, desde sempre tivemos o hábito de dar uma acordada no pão pela manhã. Quando era criança, tínhamos equipamento específico para esse fim: uma frigideira de alumínio, sem cabo, toda amassada, a quem chamávamos respeitosa e carinhosamente de "torradeira"!! Já com a torradeira (chamemos assim) no fogo, cortávamos o pãozinho ao meio, passávamos uma generosa quantidade de manteiga Aviação (naquele tempo não existia essa bobagem de colesterol!!), então, levávamos à torradeira e lá o pãozinho ganhava vida nova! Ficávamos apertando o pão com um garfo para que a manteiga dourasse. Depois de alguns minutos...tãnam.. um pãozinho totalmente renovado! (hoje em dia, continuo usando essa técnica, mas a "torradeira" foi substituída por uma frigideira antiaderente reservada para isso).

Essa não era aúnica técnica para renovação de pão. Minha mãe fazia um tal de "pão de carinha lavada". Funciona muito bem com aqueles pães que acabaram ficando meio duros... acontece mais no outono (quando o tempo fica muito seco), com pães guardados em sacos de papel. A técnica consistia em umedecer toda a superfície do pão com água filtrada, como se estivesse lavando a carinha dele (e o corpinho todo, para bem dizer!) . Então, acomodava-se o(s) bonitinho(o) em uma panela de pressão. O passo seguinte era fechá-la e levá-la ao fogo por cerca de 3 minutos (a panela nem chega a pegar pressão direito). Quando se abre a panela o que se vê é um pãozinho completamente rejuvenecido! Miolo macio, fofinho e quentinho por dentro e casquinha crocante por fora. Anos depois, aprimoramos a técnica tornando-a mais prática: ao invés da panela de pressão, passamos a colocar o pão de carinha lavada no forninho elétrico. Mas já adianto que não fica a mesma coisa!


Talvez, a mais clássica das alternativas para tornar aquele pão amanhecido numa coisinha mais apetitosa seja a torrada! Fatia-se o pãozinho, coloca-as numa assadeira e leva-as ao forno por alguns minutinhos (claro que, tão comum quanto fazer torradas é esquecer da vida e acabar fazendo "carbonizadas") e pronto: torradinhas, quentinhas, com uma manteguinha derretendo por cima!


E se estão pensando que renovar o pão dormido é coisa de gente sem refino... estão enganadíssimos! Recentemente, o Caderno Paladar d'O Estado de São Paulo dedicou suas páginas à causa. A versão on-line da matéria está aqui: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos%20paladar,pao-dormido-(e-renovado),4789,0.htm. Vale a pena conferir. Aposto que vocês nunca mais vão olhar aquele pão dormido do mesmo jeito, vão tratar de querer acordá-lo com os mais variados sabores e técnicas, seja para o café da manhã de amanhã*, seja para a entradinha do jantar.




*Duvido e faço pouco que alguém tenha coragem de levantar mais cedo em plena segunda só para ir até a padaria buscar pão fresquinho!!!!!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Temporada Ouro Preto: O Sótão (pra não dizer que não avisei!)



Viagem não é viagem de verdade se não tiver aquele episódio que, depois que passa, faz a gente rir copiosamente da mega roubada que se meteu, certo?! Pois em Ouro Preto não poderia ser diferente. Aliás, a diferença é que a gente identificou a roubada já nos primeiros minutos e já choramos de rir lá mesmo!

O motivo foi O Sótão, um aparentemente inofensivo restaurante localizado na Rua Direita, 124. Era noite e entramos lá porque o grupo era imenso e não cabia n'O Passo sem que fosse feita reserva. Na estreita portinha d'O Sótão, um hotness (um ser estranhíssimo que lembrava o Raul Seixas) angariava pretensos comensais que subiam ou desciam a ladeira. Como começava a chover, a fome do pessoal começava a apertar e a preguiça depois de um dia cheio falava mais alto, resolvemos entrar.

Passando a porta, um salão vazio e ao fundo uma escada caracol que nos levaria ao sótão propriamente dito. O primeiro constrasenso do local, considerando que o tal sótão era apertado e tinha teto baixo, ou seja: por que diabos, então, não ocupavam a parte de baixo do local???? É a fidelidade ao conceito da casa em detrimento do conforto dos frequentadores, pois não?!

No salão, diversas mesas espremem-se numa arrumação aleatória. Como a turma recém-chegada era composta por cerca de 30 pessoas, a solução foi fazer um arrranjo esquisitíssimo em "L" nas mesas. Layout torcicolo! Aliás, o dono da casa que nos atendia não media esforços para que não desistíssemos de permanecer no local. Elencava num entusiasmo de fazer inveja a qualquer recreador infantil, todas as atraões da casa. Dentre as vantagens incomparáveis que a casa oferecia, o Biafra (sim, o rapaz era a cópia perfeita do Biafra!!!) nos apresentou, orgulhosamente, o launge com vista para a cidade: na verdade uma varandica bem da sem vergonha, com algumas cadeiras quebradas encostadas e com vista para o varal de calcinhas da casa vizinha!! Preferimos nos referir ao espaço como "longe"!!!

Outra atração da casa? Sim, claro que havia! Música ao vivo. Oh, Gosh! Não demos sorte. Na nossa noite, um senhorzinho (em estágio avançado de depressão) dedilhava tristemente seu violão e arranhava as mais enfadonhas letras da MPB... foi o set mais triste que já ouvi na minha vida! Mas, se a trilha sonora era tristonha, a animação do Biafra cantando o cardápio fazia o contraste necessário para manter o nível de gargalhadas da noite.

Depois de mil quinhentos e vinte e cinco milhões de negociações e rearranjos... finalmente combinou-se que o grupo seria servido pelo rodízio de panquecas, ganharia caipirinhas e seria servido de tudo o mais que se pedisse. Devo confessar: não comi as panquecas, mas pessoas de minha confiança comeram e disseram que eram deliciosas!! Primeiro (e único) ponto positivo.

O próprio Biafra estava servindo nossa mesa e a cada nova panqueca, uma nova rodada de falatório. Numa dessas, ele aproveitou para revelar que além de tudo, ainda fazia balas de coco caseiras (sabem aquela que tem que ficar puxando, puxando, batendo, puxando e batendo e puxando? então, essas mesmas!) e, claro, aproveitou a deixa para vendê-las, sob ameaças de que só as fazia uma vez por semana e aquele era nosso dia de sorte!!! Ah, vá!

Tudo ia (na medida da boa vontade) bem, até que a chuva apertou lá fora e, quando pensa que não, ping-ping-ping... uma goteira bem no meu copo de cerveja!!!!!!!! probleminha prontamente solucionado pelo Biafra, que colocou uma cumbuca na mira da goteira!! Que graça.

Quando achávamos que não falava mais naaaaada acontecer... eis que começam as rodadas de idas ao banheiro! Cada um que de lá voltava, vinha com a cara mais de espanto do que a outra. Fui até lá conferir. Para começar, o tal banheiro ficava exatamente ao lado da cozinha que na verdade não tinha paredes, funcionando como uma cozinha americana com balcão. Opa! Cadê a Vigilância Sanitária de Ouro Preto, gentê?! Ao entrar, o segundo choque: o vaso sanitário ficava embaixo de uma escada, para mirá-lo, era preciso, no caso das meninas, um duplo malabarismo, afinal, além de esforçar-se para não sentar no suspeitíssimo vaso, ainda era preciso fazê-lo num ângulo agudo (negativo), contrariando a Lei da Gravidade. O papel higiênico? Sim, sim... vários rolos, váááários deles... todos numa graaaaande bacia em frente ao vaso, todos começados... sendo, de sua livre opção, a escolha de qual deles usar! Bi-zar-ro!

No fim, depois que todos estavam satisfeitos: a conta. Estraaaaanha. Os bons de conta do grupo encarregaram das complexas operações, mas, dias depois ainda falava-se da tal conta que deixou todos muito intrigados quanto às operações que resultaram num total que ficou meio suspeito, viu?! Estão avisados.

Enfim, o Sótão foi, sem dúvida, a experiência mais bizarra da temporada em Ouro Preto. De acordo com relatos, a comida é boa, mas, em contrapartida, tem todo o resto. Assim, visitando Ouro Preto, é de sua livre escolha a entrada nesse mundo esquisito... depois não digam que não avisei!

*

Bom, termina aqui a temporada Ouro Preto, a partir do próximo domingo, volto às bobagens variadas das cozinhas da vida!

domingo, 1 de janeiro de 2012

Temporada Ouro Preto: onde comer e beber

O Passo




O Passo foi a melhor esperiência de Ouro Preto! Trata-se do restaurante (que fica na rua dos bancos, fácil de achar!) com ambiente mais sofisticado (mas não inimidador!) em relação aos demais da cidade (que sempre tem um ar mais caseiro, mais fazendinha). Há três opções de salão para permancer: mesas com quatro ou seis cadeiras (vermelhas! lindas!) num salão claro e bem arejado, mesas maiores para grandes grupos e a varanda, ao ar livre, com vista para o jardim botânico e (com um pouco de sorte) para um Ipê roxo absurdamente florido! O menu é italiano. Para quem já se cansou dos tutus ou, como eu, não é muito afeto às aventuras gastronômicas, preferindo sempre agradar ao estômago com a boa e garantida pasta, O Passo é o lugar! Se procura preços popularíssimos... hummm... melhor andar mais um pouco, mas, garanto, não se trata de pratos caríssimos, não (o penne ao sugo saía por R$ 30). Essa maravilha da foto é a brusqueta pomodori, que juntamente com a de funghi compôs meu almoço, ao lado de uma deliciosa e muito bem preparada capirinha de limão (com limão espremido e sem bagaço... um luxo!). Estando em Ouro Preto, permita-se O Passo pelo menos um dia!



Garapinha!


Ignore a palavra 'restaurante' na placa da foto... não é isso o que você vai fazer lá! A Garapinha (que também fica na rua dos bancos, ao lado do cinema) é o local da perdição master-blaster-plus-mega-power... é lá que se compram os melhor doces de leite de toda a galáxia!!!!!! Logo que se entra, uma vitrine pecaminosa exibe (sem o menor pudor!) quilos de doce de leite pastoso, misturado com maravilhas como morango, coco, abacaxi, maracujá (ok, essa não é minha perdição... mas tem quem considere!), ameixa, figo e mais e mais e mais! Fico zonza só de lembrar. Quem é frequentador deste blog sabe que tenho sérios problemas com doce de leite, pois não?! Pois eu quase tive uma síncope nervosa quando entrei na Garapinha (também quase tive uma 'diabetes-instantânea'). Desses doces que ficam expostos, você pode comprar por quilo ou levar potinhos (R$ 2,50 - mais ou menos 150 ml). Para quem pretende levar de presente ou fazer estoque até a próxima ida a Ouro Preto, os mesmos doces que são vendidos à granel, podem ser comprados em potes de vidro devidamente lacrados que garantem o doce por cerca de 1 ano!!!! Como se a gama de opções não fossem a melhor coisa do lugar... ainda tem o melhor preço da cidade!!! Enquanto em outros lugares o pote de 1Kg saía por até R$ 12, lá custava R$ 9! Enlouquecedor, não?! QUERO UMA FILIAL DA GARAPINHA EM SP, JÁ!

Café Chopp Real


Se O Passo foi o melhor almoço, o Café Chopp Real é, sem sombra de dúvida (isso dito por uma pessoa mega-cri-cri), o melhor jantar e happy hour de Ouro Preto!!!! Fica na praça Tiradentes, à esquerda da entrada do Museu de Mineralogia e abre por volta de 16h. Dentro, um ambiente muito agradável e com (boa) música ao vivo a partir das 18h. O atendimento é muito gentil... embora fique um pouco atrapalhado quando uma multidão inesperada surge - aconteceu quando o garçom perguntou se seríamos apenas três e dissemos que chegariam mais umas três ou quatro pessoas, que acabaram virando trinta e cinco, quarenta... resultado: nossa mesa ficou tão longa que já estava chegando em Mariana e os garçons estavam ficando desesperados com o animadíssimo mega-grupo que só foi embora às 2h!! O cardápio oferece comida típica mineira(parece estranho, mas, acreditem: comida típica é meio difícil de encontrar em Ouro Preto!) em porções extremamente generosas (servem até três pessoas tranquilamente!), mas o que me encantou não foi o tutu (claro!)... foi a batata assada! quando pedi, imaginei algo como a tradicional 'baked potato', mas diante de mim surgiu essa maravilha da foto abaixo:

é uma espécie de escondidinho de batata, mas muuuuuito bem recheado e com uma crosta de queijo derretido que me fez ir elogiar a iguaria ao gerente da casa! Nada melhor para companhar aquela super-caipitequila que pode ser vista ali ao fundo! Para não dizer que a casa é o cúmulo da perfeição... há um probleminha: o banheiro. Sujo? Sem papel higiênico? Sem sabonete? Nada disso! É limpíssimo, tem papel fofinho e sabonete cheirosinho... entretanto... a luz com sensor de presença apaga-se depois de 10 segundos. Pergunta: que bêbeado nessa vida faz um pipi em 10 segundos????? Resultado, no meio da função, a luz se apaga (breu total) e você é obrigado a dar uma sacolejada no braço para avisar ao sensor que você ainda está ali e tem sérios planos de terminar seu pipi sob luz intensa e brilhante!!!! O gerente disse que tomaria providências para aumentar o tempo de luz acesa! Mas, diante de boa comida, boa bebida e ótima companhia... esse é um detalhe tão bobo que acaba virando mais um motivo para boas risadas! Café Chopp Real: RECOMENDADÍÍÍÍÍÍSSIMO!





Sanduich Brasil

Para fechar a série 'onde comer e beber', dou a dica do Sanduich Brasil (assim mesmo!). Fica em frente ao prédio da FIEMG. Trata-se de uma versão brasileira do Subway! Eles usam o mesmo princípio de oferecer diversos ingredientes e o cliente monta o lanche da maneira que lhe convém! A diferença é que você assinala suas escolhas numa comanda e quando seu sanduba está pronto, te chamam pelo nome! Outra diferença? Os ingrediente são frescos e saborosos (pronto, falei!!). Vejam a maravilha de recheio que montei na foto acima que tirei do meu lanche! O ambiente é simples, mas bem agradável! Os preços são bem acessíveis (o lanche custa em torno de R$ 12) e a porção vale um super almoço. É uma excelente opção para quem quer uma refeição prática, saudável e muito saborosa!

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No próximo domingo, para fechar a Temporada Ouro Preto, a experiência mais bizarra!!! Imperdível!

Feliz Ano Novo!!