sábado, 21 de novembro de 2009

Apagão


Certamente, todos têm uma história para contar sobre o dia do apagão. Eu estava no computador e achei que tinha embarcado num filme de terror... saca aqueles que têm manifestações demoníacas que fazem as luzes piscar?! Ui, meda! Para me deixar com ainda mais medo... durante tooooooodo o apagão, a luz do meu quarto ficou acesa?! Juro. Quem explica?!

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Com ele a história foi assim:

Havia dias que estava planejando um jantarzinho 'romântico' com sua quase-ex-mulher. Estavam naquela fase do divórcio em que o juiz pergunta se os dois têm certeza de que se odeiam, de que a convivência conjunta é, de fato, um inferno, se não resta mais nadinha de amor um pelo outro... daí, ainda que todas as respostas sejam sim, sim e sim... ele se faz de bobinho e dá um prazinho para que tentem mais um pouquinho.

Ele é daquele tipo otimista (...aliás, isso é o que mais irritava sua quase-ex-esposa) e, por isso, acha que tudo tem um lado positivo e tal e tal. Quando o juiz fez a 'proposta' de que tentassem se entender, ele pensou bem e resolveu seguir o 'conselho' do meretíssimo. Quem sabe!

Sistemático como ele só (...outra coisa que irritava deveras sua quase-ex-esposa), deixou tudo pré-preparado no dia anterior. Já estavam morando em casas separadas havia alguns meses e teria que preparar tudo sozinho. Para não dar furo, preparou tudo e congelou.

Passou o dia todo no trabalho revendo fotos de viagens, encontros com amigos, reuniões de família... fotos dos 8 natais que passaram juntos... e foi percebendo que ainda amava aquela mulher e naquela noite, naquele jantar, provaria a ela que ainda podiam ser felizes como outrora!!

Na volta pra casa, um trânsito dos infernos... com direito às bestas do apocalipse cruzando seu caminho, fechando cruzamentos e fundindo motores em plena pista central. Chegou em casa em cima da hora, mas, vendo o lado positivo, claro, ficou feliz por já ter tudo quase-quase pronto.

Retirou sua linda lasanha do freezer e colocou no forno. Apertou o 'ligar' e PUUUFFF! Ao invés de ligar o forno elétrico, o botão desligou Itaipu!!

Acendeu uma vela e pensou que aquele era um sinal de que o jantar ia ser romântico pacas! Mas logo seu otimismo foi perdendo forças, assim que percebeu que seu forno era elétrico e seu fogão um cooktop! Pior: o microondas também precisava de energia elétrica para esquentar aquele bloco de gelo que deveria ser uma lasanha quentinha com queijo fumegante. Tentou se acalmar pensando que num instante a energia elétrica estaria de volta a suas tomadas. Quarenta e cinco minutos se passaram e nada.

Antes que concluísse seu mantra positivo, ouviu esmurrões na porta: era seu docinho de coco espumando de ódio por ter de subir 12 andares de escada.

Ofereceu champanhe. Ela aceitou... mas cuspiu longe ao primeiro gole. Sem energia, a adega desligou e as bebidas esquentaram, porque, além de tudo, aquela foi uma das noites mais quentes do ano.

Ele explicou que teriam de esperar o reestabelecimento da energia elétrica porque a lasanha estava congelada. As bebidas, por outro lado, estavam quentes, inclusive a água. Propôs que partissem logo para a sobremesa... mas a linda musse de chocolate virou suco na ex-geladeira. Ela, que já estava irritadinha por conta das escadas e do champanhe quente, começou a babar.

O jantar já caminhava para o abismo quando pensou, num ato de desespero, em pedir uma pizza, mas o telefone sem fio não funciona sem energia e os celulares também pararam. Na despensa tinha apenas milho de pipoca... que, assim, sem estourar, não eram muito apetitosos.

Ele estava em pânico: estava dando tudo errado. Ela etava dando pânico: estava babando e rosnando loucamente.

Ele tentou explicar que a culpa não era dele (quem garante?!)... que havia planejado tudo (planejou mal!) ... que até montou uma apresentação de slides com as fotos dos melhores momentos que passaram juntos (não se lembra de nenhum... além disso, se tivesse relado as fotos, teria o que mostrar)... que... que...que. Nenhum argumento, no entanto, seria capaz de mudar aquela sequência inacreditável de coisas erradas.

No fim das contas, eles passaram a noite toda brigando... uma verdadeira novela! O que, aliás, serviu para matar o tempo e o tédio dos vizinhos. No dia seguinte, fazendo o balanço daquele pesadelo, ele descobriu o lado positivo: tinha certeza de que queria ficar o mais longe possível daquela mulher agourenta!

Dois dias depois estavam na frente do juiz dizendo letra por letra que se odiavam.

Saindo do fórum, foi ao escritório comunicar seu chefe de que estava partindo para um ano sabático... estava indo viver um ano numa ilhazinha deserta para pensar na vida e aprender a cozinhar num fogão à lenha!
Tudo, afinal, tem um lado positivo! Palavra de sagitariana!!

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ps: peço desculpas àqueles que acompanham esse blog pela ausência de postagem na semana que passou. Meu computador que sobreviu ao apagão, morreu dias depois... de causas ainda não esclarecidas. Pretendo, em breve, contornar esse probleminha e voltar a publicar novos textos todos os domingos... até lá, postagens aos sábados, certo?!

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