domingo, 4 de março de 2012

A menina e o macarrão encantado



Se eu não tivesse presenciado, juro, não teria acreditado! Mas peço, em nome dos anos desse blog, que acreditem no que vou lhes contar.



Há cerca de duas semanas estive em Roma. Nos primeiros dias, quando o ocorrido se deu, estava acompanhada de apenas uma amiga (a outra só chegou dias depois). Essa amiga, a que estava comigo, possui hábitos alimentares devaras particular... ela basicamente... não sente fome. Perto dela me sinto a própria faminta-esganada-de-fome. Confesso que demorei um pouco até perceber esse fato curioso. Só fui me dar conta quando percebia que, enquanto meu estômago roncava, ela andava lépida e faceira, sem nem pensar em parar para comer. E, vejam bem, estávamos em ROMA... a terra-mãe da pasta, da pizza e do sorvete!



Enquanto meus olhos brilhavam (e o estômago roncava) a cada restaurante que avistava, ela... nem tchum... não se abalava! Percebendo que as propostas para parar e comer nunca partiriam dela, comecei eu a me manifestar: "Vamos comer alguma coisa?" e a resposta... "Eu vou lá com você, mas não vou comer nada, estou sem fome!". Espantoso!



Não sei se o contraste me fez mais esfomeada ou se o frio intenso (não tão intenso quanto noticiou nossa querida Ilze Scamparini dias antes!) fazia meu metabolismo transformar em minutos as calorias consumidas em calorzinho para meu corpo, o fato é que eu sentia muita fome e o tempo todo. Talvez fosse meu subconsciente gritando: "Lindinha, coma mais, coma muito, porque você não sabe quando sua amiga vai querer parar de novo para comer". Assim sendo, me garantia!



Enquanto eu me derretia degustando cada pedacinho das deliciosas pizzas, dos deliciosos sorvetes, ela, quando, com alguma insistência minha, comia alguma coisa, o fazia com uma neutralidade que beirava a indiferença. Era um ato mecânico.

E assim foi... até aquele dia.



Andamos o dia todo. Andamos muito, muito mesmo. Saímos cedo do hotel e passamos o dia a gastar a sola do sapato. Em Roma, andar de metrô é quase um desperdício, isso porque a cada passo há uma ruína, um monumento, uma paisagem para admirar. Mas, sabe como é, chega um momento que o corpo pede socorro e é preciso parar. Foi o que aconteceu. Estávamos beirando a exaustão quando ela perguntou "vamos voltar pro hotel?" "Não! Eu não consigo mudar o passo, eu preciso sentar a-go-ra, co-mer um bom prato e descansar por pelo menos duas horas".



Estávamos no Pantheon, onde há uma praça com diversos restaurantes charmosos com mesas fora... escolhemos o que tinha o maior aquecedor. Pedi uma lazanha e minha amiga, que estava mais para acompanhar, olhou para a mesa ao lado e resolveu pedir um prato igual ao que via. Um espaguete com polpetinhas. Estava meio contrariada, considerando que a iguaria lhe custaria 13 euros (uma pequena fortuna para quem não é, assim, muito chegado em comida, pois não?!).

Minutos depois, porém, algo aconteceu. Ao provar a primeira garfada, vi, diante de mim algo mágico acontecer. Os olhos da minha amiga brilharam. Imediatamente sua energia mudou. Seu corpo todo sorria. Depois de engolir: "É a comida mais maravilhosa que já provei em toda minha vida!". A cada nova garfada, minha amiga ia se maravilhando e se deliciando ainda mais. Ju-ro que vi seus olhos marejarem.



Depois desse prato de espaguete, algo dentro dela, na alma dela, mudou. Daquele dia em diante, foi como se suas papilas gustativas, sua boca, seu estômago tivessem descoberto sua razão de existir. Comer, depois daquela pasta, nunca mais seria um simples ato mecânico. Vi, a olho nu, a vida de alguém mudar. E tudo por conta de um prato de macarrão encantado, degustado em Roma, na praça do Pantheón que, vamos combinar, é um cenário bem mágico para uma coisa dessa magnitude acontecer!!!

4 comentários:

Sara disse...

Eu confirmo! É verdade! A amiga sou eu. Aquele macarrão, desde a primeira garfada, acendeu algo em mim: no ponto, salgadinho, perfeito, simplesmente delicioso, maravilhoso, entendi e concordei totalmente com a autora do livro que dedicou a parte "Comer" à Itália. Admito que mudei, mas ainda não provei nada igual aquele macarrão. Se alguém quiser descobrir o prazer de comer, vá à Itália! É longe, é caro, mas vale a pena. E, sim, a Itália tem outras maravilhas além da comida, certo, Fabi?

Sara disse...

Eu confirmo! É verdade! A amiga sou eu. Aquele macarrão, desde a primeira garfada, acendeu algo em mim: no ponto, salgadinho, perfeito, simplesmente delicioso, maravilhoso, entendi e concordei totalmente com a autora do livro que dedicou a parte "Comer" à Itália. Admito que mudei, mas ainda não provei nada igual aquele macarrão. Se alguém quiser descobrir o prazer de comer, vá à Itália! É longe, é caro, mas vale a pena. E, sim, a Itália tem outras maravilhas além da comida, certo, Fabi?

Unknown disse...

...sim, sim... vale muito a pena! E tem delicícias que vão muito além da comida!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Barbara Maria disse...

Genteeee!!
Eu sou testemunha do efeito deste macarrão, pois ouvi os relatos emocionados da amiga que o provou!
Realmente, de alguma forma, algo mudou em sua vida! Minha amiga falava do macarrão como algo inesquecível, fascinante!