domingo, 30 de maio de 2010

Café com leite ou leite com café?

Tão popular no Brasil quanto arroz com feijão, o pingado também tem lugar garantido no café da manhã de muitos brasileiros por aí. Tem aroma de casa de mãe, misturado com sabor de lembranças. Aposto que todos são capazes de associá-lo a alguma emoção.


A primeira pessoa que me vem à lembrança quando penso nessa bebida é minha vó. Ela era totalmente viciada no leite com café. Sim, leite com um pingo de café, bem clarinho, com muito, muito, muito açúcar e à 200ºC!! Uma coisinha tão simples, mas era uma dose instantânea de felicidade pra minha vovó. Assim como, o contrário, a ausência de uma boa xícara dessa bebida na horinha certa, era capaz de fazê-la esmorecer, beirando a depressão ou... dependendo de quanto tempo tivesse passado da hora... ela ficava num mau-humor galopante!


O vício foi devidamente repassado para todos os filhos. Quatro herdaram a preferência por leite com café e toneladas de açúcar, minha mãe, porém, contrariando a tradição da mãe dela, sempre preferiu o café com leite, com pouco açúcar, mas tão fumegante quanto vovó apreciava.

Os primos, todos, perpetuam a tradição. Já na minha casa... mamis não conseguiu cultivar esse gosto nas 2 filhas. Tanto eu quanto minha irmã fomos criadas à base do leite com Toddy (nenhum outro achocolatado... apenas Toddy, sempre Toddy!). Não tenho certeza do porquê: se por pura teimosia de criança que não gostava do sabor do pingado e se negava a tomá-lo ou se porque minha mãe não achava certo (como ainda não acha!) criança beber café, ainda que misturado ao leite.


Fato é que, até hoje, café com leite/leite com café não é minha bebida favorita. Pra mim, café é bebida nobre que merece ser saboreada pura, simples, foooorte (se fosse whisky seria cowboy!), morninho, acariciando cada uma das papilas gustativas. Mas, sabe como é, de vez em quando a genética fala mais alto e, para variar um pouquinho, preparo um café com leite (saudades da vó...). Entretanto, a influência materna dita a dose: mais café do que leite, sinalizando que mamãe não fracassou completamente na transmissão do valor!


Na última quinta-feira, 27, o Estadão (n° 245) dedicou seu caderno Paladar a essa bebida. Traz regrinhas para fazer um bom pingado, dentre as quais, a de que deve ser servido num copo americano (bem padoca, né?!) e que o melhor parceiro no café da manhã é um quentinho e cheiroso pão na chapa. Mas o que me chamou mais a atenção foram dois depoimentos: o de Patrícia Ferraz e o de Janaína Fidalgo. Ambas, de maneiras diferentes, associam o inocente pingadinho a trauma de infância porque as mães obrigavam-nas a tomar uma xícara toda manhã!! Eu e minha irmã não tivemos esse problema! Mas achei engraçado, porque café com leite, pra mim, é sinônimo de bebida de mãe e, pelo jeito, não só pra mim. Essa parece ser, então, a bebida oficial das mães... a preferência deve brotar junto com o instinto materno ou coisa assim.

Me pergunto se um dia, se mãe, virei a suspirar por uma xícara de café com leite. Será?! Continuo achando que café com leite ou leite com café está mais associado à emoção do que ao paladar.



2 comentários:

Ricardo disse...

Fabi, Fabi... de um cafeólatra para outro, café com leite ou leite com café só quando é café de ontem ou então solúvel.

Mas café com leite é tradição que vem de longe. No sul é costume tomar um "camargo", que é o café feito na hora e com leite tirado direto na caneca. E sem açúcar (camargo=café+amargo).

E sendo sincero, café é bom de qualquer jeito. Uma hora precisamos ir a um desses cafés de grife e ver se realmente são bons os baristas de lá!

Beijão!

Unknown disse...

Coffee or not coffee, that is the question