quarta-feira, 19 de maio de 2010

Virada Cultural 2010 - Entre mamadeiras e cervejas – parte I de III


Minha Virada Cultural começou gastronômica (ou quase isso) ganhei um bolo do meu amigo, infelizmente o bolo não era do tipo que se come, mas do tipo que se lamenta. Aaaaaaaaah... Perdeu, amigo! O dia foi sensacional!!

Comecei os trabalhos no domingo. Aliás, um lindo domingo de Sol e céu azul. Primeira parada: Praça Júlio Prestes para ver/ouvir Palavra Cantada. Quem não conhece, pelo amor de Deus, não percam mais tempo e ouçam as lindas músicas desse grupo. Se você não é mais criança, um dia, certamente, já foi.
Liderado pelos simpáticos, graciosos e talentosos Sandra Perez e Paulo Tatit, esse grupo faz música para crianças (de todas as idades!) respeitando seu universo lúdico e inocente, mas também sua infinita inteligência em pleno desenvolvimento. Os arranjos são ótimos (impossível ouvir sem querer sair pulando e dançando!) e as letras são inteligentíssimas, fofas e engraçadinhas. Fiquem curiosos, coloquem ‘Palavra Cantada’ no youtube e comprovem o que estou dizendo*! Além do show que acontece no palco, outro acontece na platéia. Pais, mães, filhos, avôs, avós, netos e avulsos (eu!) cantam, pulam, dançam... todos com a mesma idade de criança. Uma viagem à aurora querida de todas as vidas. O cardápio?! Mamadeiras daqui, papinhas dali, pacotes de bolacha divididos por todos ao redor (afinal, criança, quando vê, fica com vontade, né?!), algodão doce melando eternamente mãozinhas e cabelos.

Findo esse espetáculo, saí sem rumo. Passei em frente minha casa (também conhecida como Pinacoteca do Estado de São Paulo) onde a apresentação da Banda Sinfônica do Estado estava no clímax. Coisa linda de se ouvir (e ver, dada a grandiosidade do grupeto). Ali parei por alguns minutos e, enquanto mascava um dos 1245789563 Trident do dia, pensei em como é linda a cidade de São Paulo e como esse evento casa-se perfeitamente com a diversidade de absolutamente tudo que há por lá.
Parte do público dormia, parte acordava. Esses porque levantaram cedinho pra curtir o dia e aqueles porque curtiram desde de ontem e não resistiram à boa música (canção de ninar, ainda que fosse heavy metal!!) e às convidativas cadeiras para puxar um ronquinho e recarregar as baterias para mais uma rodada de shows (e, muito provavelmente, de vinho barato... desse falarei mais adiante!). Eu, fazendo parte do grupo que acordava mais a cada minuto, resolvi botar as perninhas para trabalhar.

Atravessei a Estação da Luz: pessoas indo trabalhar, chegando do trabalho, voltando da Virada, chegando na Virada, todos juntos, cada um pro seu lado. No lindo (lindo mesmo) hall da estação, pianistas amadores dedilhavam notas a duas, quatro, seis (!) mãos! Era música?! Claro que sim!
Na rua oposta à minha casa (seria a Cásper Líbero?!), estava o Palco dos Independentes... de lá vinha um som que me parecia familiar: ‘...mas como pode ser isso?! Ouço pandeiros e cavaquinhos e, ainda assim, isso parece com alguma coisa que conheço?! Estou eu virando pagodeira?!’ ...passados os segundos de surto, constatei: ouvia 'Another Brick in the Wall' numa versão pagode... pa-go-de! A quadrilha que tocava isso era o Sambô. Ui! Continuei andando, antes que a coisa piorasse.

No meio do caminho tinha... uma feira! A vida cotidiana acontecendo em pleno fim de semana de Virada Cultural. Naquela rua, senhorinhos e senhorinhas arrastavam seus carrinhos com suas frescas provisões, na calma tranquilidade das manhãs de domingo. Uma ilha de cotidiano em pleno caos cultural. Tudo normal, não fosse... a barraca de pastel! Sim, o pastel de feira, capaz de unir gregos e troianos, patrões e empregados e, durante aquele dia, também roqueiros, pagodeiros, baladeiros, bêbados, mendigos. Ao redor da barraca, todo esse pessoal gritava pedindo o pastel escolhido: ‘Bauru! Pizza! Carne! Queijo! Camarão! Frango com catupiry!’ ‘Come aqui ou pra viagem?!’... tudo numa sintonia digna de um antigo pregão da Bovespa. Todos se entendiam, todos saiam satisfeitos. Inclusive eu, oras! Garanti meu almoço às 10h30, afinal, não sabia quando poderia comer novamente. De pastel no estômago, continuei andando.

Já nos arredores da Galeria do Rock, o público era o extremo oposto daquele da Palavra Cantada. Uma roda de capoeira acontecia ante uma plateia atenta e/ou sonolenta, sóbria e/ou bêbada. Mais a frente, legítimos índios da tribo ’25 de março’ faziam seu sonzinho em troca de uns trocados. Tanto a roda quanto a tribo nunca devem ter tido plateia tão volumosa!
(continua...)

*...ou não, gosto não se discute, né?!

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